Uma “biblioteca de metal” milenar, que poderia conter o plano cósmico da humanidade, encontrada na Cueva de los Tayos - no Equador, anos 60 - tornou-se um dos mais intrigantes mistérios da arqueologia. Pablo Villarrubia fez uma investigação.
Padre Crespi |
...que esclarece a verdadeira história do tesouro do padre Crespi.
Texto e fotos: Pablo Villarrubia Mauso
Tinha chegado a Cuenca, Equador, para tentar jogar alguma luz sobre um dos maiores enigmas da América: a existência de uma arcaica biblioteca metálica que conteria toda a história oculta da humanidade, desde a origem do Homem até os conhecimentos científicos de uma civilização desaparecida.
Essa espécie de “arquivo akashico” não era uma biblioteca com livros comuns, mas lâminas de ouro e blocos de pedra gravados com uma escrita deixada por uma antiga civilização, supostamente igual ou mais avançada que a nossa. Seus habitantes viveriam dentro de túneis e cavernas que se estendem por milhares de quilômetros sob a terra, cruzando quase todo o continente americano.
Em Cuenca - uma bonita cidade colonial onde os cholos (mestiços de europeus e indígenas) dão um colorido às ruas com suas vestimentas alegres -, ninguém sabia me dizer qual era o paradeiro das relíquias que, até o início dos anos 70, eram guardadas pelo padre Carlos Crespi, no colégio dos salesianos. No entanto, voltemos a 1969 para lembrar o que aconteceu…
Texto e fotos: Pablo Villarrubia Mauso
Tinha chegado a Cuenca, Equador, para tentar jogar alguma luz sobre um dos maiores enigmas da América: a existência de uma arcaica biblioteca metálica que conteria toda a história oculta da humanidade, desde a origem do Homem até os conhecimentos científicos de uma civilização desaparecida.
Essa espécie de “arquivo akashico” não era uma biblioteca com livros comuns, mas lâminas de ouro e blocos de pedra gravados com uma escrita deixada por uma antiga civilização, supostamente igual ou mais avançada que a nossa. Seus habitantes viveriam dentro de túneis e cavernas que se estendem por milhares de quilômetros sob a terra, cruzando quase todo o continente americano.
Em Cuenca - uma bonita cidade colonial onde os cholos (mestiços de europeus e indígenas) dão um colorido às ruas com suas vestimentas alegres -, ninguém sabia me dizer qual era o paradeiro das relíquias que, até o início dos anos 70, eram guardadas pelo padre Carlos Crespi, no colégio dos salesianos. No entanto, voltemos a 1969 para lembrar o que aconteceu…
No dia 21 de julho de 1969, o búlgaro naturalizado argentino Juan Moricz (Janos Moricz) depositou num cartório de Guayaquil, Equador, uma escritura legalizada, confirmada por várias testemunhas, que o reconhecia diante do estado do Equador como o descobridor de uma série de túneis subterrâneos em Los Tayos, na região da selva amazônica.
O documento dizia: “Na região oriental, província de Morona-Santiago, dentro dos limites da República do Equador, descobri valiosos objetos de grande valor cultural e histórico para a humanidade. Os objetos consistem principalmente de lâminas metálicas; contêm, provavelmente, o resumo da história de uma civilização desaparecida da qual, até essa data, não tínhamos o menor indício. Os objetos se encontram espalhados por várias cavernas e são de natureza variada [...]”
Moricz ainda dizia: “[...] trata-se de uma verdadeira biblioteca metálica, que poderia conter um compêndio da história da humanidade, assim como revelar a origem do Homem ou fornecer informações sobre uma civilização já extinta”.
Graças à amizade que estabeleceu com indígenas da etnia shuar, ou jíbaros, ele foi levado às misteriosas passagens, talvez às mesmas às quais as lendas fazem referência: milhares de quilômetros de túneis embaixo da terra, que se conectam com outros ao longo de todo o continente americano, e com várias entradas ocultas.
Moricz ainda dizia: “[...] trata-se de uma verdadeira biblioteca metálica, que poderia conter um compêndio da história da humanidade, assim como revelar a origem do Homem ou fornecer informações sobre uma civilização já extinta”.
Graças à amizade que estabeleceu com indígenas da etnia shuar, ou jíbaros, ele foi levado às misteriosas passagens, talvez às mesmas às quais as lendas fazem referência: milhares de quilômetros de túneis embaixo da terra, que se conectam com outros ao longo de todo o continente americano, e com várias entradas ocultas.
Em 1972, o conhecido escritor suíço Erich von Däniken se dispôs a visitar as cavernas em companhia de Moricz. Em seu livro O Ouro dos Deuses, Däniken conta como desceu por uma furna a uma profundidade de 80 metros, utilizando cordas, fazendo uma incursão por galerias cujas paredes pareciam ter sido polidas pela mão humana. Moricz advertiu Däniken que ali embaixo a bússola descontrolava-se. A luz das lanternas revelou um esqueleto humano.
Numa sala gigantesca com mais de 130 metros de extensão, encontraram uma mesa talhada num material que, ao tato, se assemelhava ao plástico. Em redor da mesa, havia sete cadeiras pesadas e duras como aço. Atrás da mesa, encontrava-se a incrível biblioteca de metal da qual fala o documento registrado no cartório. A maioria da biblioteca eram pranchas metálicas de 96 por 48 centímetros e com poucos milímetros de espessura. Em cada lâmina havia uma inscrição gravada, e algumas gravações mostravam seres “impossíveis” de existir na região, como dinossauros e elefantes.
Sobre um pedestal de pedra, encontraram um personagem que trazia um capacete cobrindo as orelhas, segundo Däniken, e em seu pescoço estava pendurada uma corrente com elos, da qual pendia uma cápsula com aberturas semelhantes às do disco de telefone. Däniken reparou na semelhança do traje do ser com os dos nossos atuais astronautas.
Os dois exploradores também se depararam com esculturas em pedra com dois metros de altura, representando seres com três e sete cabeças. Embora tenha fotografado algumas estátuas, Däniken não teve a autorização de Moricz para fazer o mesmo com as placas metálicas nas cavernas, nas quais, conforme o escritor, havia figuras de aviões, foguetes e astronautas. Somente poderia fotografá-las em Cuenca, na igreja de Maria Auxiliadora, sob a vigilância do padre Carlos Crespi.
Os índios, amigos do padre, deram-lhe muitos tesouros arqueológicos. Entre eles estavam placas metálicas e blocos de pedra em que apareciam gravações de animais desconhecidos no continente americano, como elefantes e hipopótamos. Em outras, surgiam símbolos aparentemente alfabéticos, ainda que a arqueologia oficial não admita a existência de uma escrita na América do Sul em tempos pré-colombianos, tampouco admite a presença de fenícios, egípcios e babilônios, como algumas das gravações parecem sugerir.
Os índios, amigos do padre, deram-lhe muitos tesouros arqueológicos. Entre eles estavam placas metálicas e blocos de pedra em que apareciam gravações de animais desconhecidos no continente americano, como elefantes e hipopótamos. Em outras, surgiam símbolos aparentemente alfabéticos, ainda que a arqueologia oficial não admita a existência de uma escrita na América do Sul em tempos pré-colombianos, tampouco admite a presença de fenícios, egípcios e babilônios, como algumas das gravações parecem sugerir.
Däniken também disse que, num anexo da igreja, o padre Crespi guardava trinta placas de prata lavrada, com 10 a 26 metros de comprimento, e largura de 1,30 metro, repletas de gravações enigmáticas e desconcertantes. Foram os indígenas que arrastaram as placas e os blocos de ouro do pátio interior da igreja para que ele pudesse fotografá-las para seu livro.
Quase 28 anos depois, eu também fiz o mesmo, no mesmo pátio, mas sob outras condições, talvez jamais imaginadas.
O Misterioso Padre Crespi - O padre Carlos Crespi Croci, nascido na Itália em 1891, morou em Cuenca até 1982. Ele chegou ao Equador em 1923, encarregado de recolher material etnológico para uma exposição internacional que se realizaria em 1925, em Turim, sede dos salesianos. Em novembro de 23, entrou na região quase inexplorada de Gualaquiza, onde havia se instalado a primeira missão salesiana, em 1894. A região era habitada, e ainda é, pelos então irascíveis shuares, ou jíbaros, os mesmos que tinham conquistado a fama de cortadores ou encolhedores de cabeças humanas usando poções com fórmulas secretas.
Quase 28 anos depois, eu também fiz o mesmo, no mesmo pátio, mas sob outras condições, talvez jamais imaginadas.
O Misterioso Padre Crespi - O padre Carlos Crespi Croci, nascido na Itália em 1891, morou em Cuenca até 1982. Ele chegou ao Equador em 1923, encarregado de recolher material etnológico para uma exposição internacional que se realizaria em 1925, em Turim, sede dos salesianos. Em novembro de 23, entrou na região quase inexplorada de Gualaquiza, onde havia se instalado a primeira missão salesiana, em 1894. A região era habitada, e ainda é, pelos então irascíveis shuares, ou jíbaros, os mesmos que tinham conquistado a fama de cortadores ou encolhedores de cabeças humanas usando poções com fórmulas secretas.
Com sua filmadora, câmera fotográfica e gramofone, Crespi chegou a lugares quase impenetráveis, recebendo dos nativos coroas de plumas, lanças, vasilhas e uma legítima tzantza, uma cabeça de um inimigo reduzida ao tamanho de uma laranja, que os nativos conservavam como um troféu.
Em 1927, ele organizaria outra expedição mais arriscada e difícil, que durou 51 dias. Foi acompanhado por nove expedicionários que abriram caminho na selva, para entrar em contato com as tribos jíbaras, “estudando o ambiente e recolhendo material científico”, segundo palavras de seu biógrafo Antonio Guerriero.
Foi em Cuenca que encontrei Luiz Alvarez - chefe de relações públicas da Universidade Politécnica Salesiana, estudioso da vida do padre Crespi -, que me colocou na pista do mistério.
Em 1927, ele organizaria outra expedição mais arriscada e difícil, que durou 51 dias. Foi acompanhado por nove expedicionários que abriram caminho na selva, para entrar em contato com as tribos jíbaras, “estudando o ambiente e recolhendo material científico”, segundo palavras de seu biógrafo Antonio Guerriero.
Foi em Cuenca que encontrei Luiz Alvarez - chefe de relações públicas da Universidade Politécnica Salesiana, estudioso da vida do padre Crespi -, que me colocou na pista do mistério.
“Foi um homem muito querido”, comentou Alvarez, “uma pessoa que sempre trabalhou pelos pobres. Era muito humilde, estava sempre preocupado com suas crianças, alunos do antigo colégio Cornélio Merchán, criado em 1936. Eu tive a honra de conhecê-lo. Além disso, era um homem muito inteligente. Aprendeu a difícil língua dos shuares para preparar um dicionário e uma gramática. Como cineasta, foi o primeiro a filmar as comunidades shuares, deixando um filme, Os Invencíveis Shuaras do Alto Amazonas, que foi exibido em vários países, inclusive nos EUA, em 1927, na Universidade de Colúmbia”.
Antes de chegar a Cuenca, estive em Quito fazendo pesquisas para obter mais informações sobre Crespi, Moricz e o famoso tesouro. Meu primeiro entrevistado foi o arqueólogo Eduardo Almeida Reyes, a quem perguntei sobre a existência de restos arqueológicos na caverna de Los Tayos. “Eles existem”, disse taxativamente.
“O célebre padre Porras, que dedicou muitos anos de sua vida à arqueologia, descobriu que ali existia, desde 1500 a.C., uma série de objetos de cerâmica, relacionados com os objetos encontrados no local chamado Cerro Narrio y Machalilla. Mas acho que os de Moricz, ou seja, o local das placas de ouro, é pura especulação”.
Numa hemeroteca na cidade do México, pude recuperar um exemplar da revista Contactos Extraterrestres, de 7 de dezembro de 1977, com um artigo do padre Pedro I. Porras Garcés sobre suas explorações em Los Tayos. Ele esteve no local depois da famosa e polêmica expedição anglo-equatoriana, da qual participou o astronauta Neil Armstrong. O padre liderava uma equipe da Universidade Católica de Quito. No dia 14 de julho de 1997, desceu por um cabo de aço à entrada da caverna, percorrendo um túnel estreito até desembocar numa extensa galeria iluminada pela luz do dia, que entrava por uma clarabóia a mais de 60 metros de altura.
Numa hemeroteca na cidade do México, pude recuperar um exemplar da revista Contactos Extraterrestres, de 7 de dezembro de 1977, com um artigo do padre Pedro I. Porras Garcés sobre suas explorações em Los Tayos. Ele esteve no local depois da famosa e polêmica expedição anglo-equatoriana, da qual participou o astronauta Neil Armstrong. O padre liderava uma equipe da Universidade Católica de Quito. No dia 14 de julho de 1997, desceu por um cabo de aço à entrada da caverna, percorrendo um túnel estreito até desembocar numa extensa galeria iluminada pela luz do dia, que entrava por uma clarabóia a mais de 60 metros de altura.
No artigo, o padre-arqueólogo afirmou que viu um enorme altar monolítico que tinha, em sua frente e em um dos lados, três pirâmides de lajes empilhadas cuidadosamente. Retiraram as pedras que cobriam uma mureta em forma de meia-lua e encontraram a entrada de um corredor estreito que dava passagem a apenas um homem.
Um membro da equipe entrou no corredor e logo encontrou um verdadeiro tesouro: um colar de contas de madrepérola perfeitamente talhadas, com estilizações de animais como o jaguar, a serpente e uma ave, além de outros fragmentos de objetos. O padre se perguntava se aqueles objetos tinham vindo de lugares distantes como Chavín de Huantar, no Peru, ou da costa equatoriana, e atribuiu-lhes a idade de três mil anos.
Procurei mais pistas sobre Crespi em Quito, onde entrevistei o diretor do Museo Jijón y Caamaño, o doutor Ernesto Salazar. Sobre Juan Moricz, ele disse que “viveu algum tempo em Loja e estava procurando o tesouro de Quinara, que foi uma parte do tesouro do resgate do Inca. Uma vez, fui assistir a uma conferência em Loja e conheci alguns estudantes que tinham trabalhado com Moricz. Ele os fez escavar por todos os lados em Quinara, mas não encontraram coisa alguma. Parecia estar mais interessado no ouro do que em aspectos arqueológicos do conhecimento”.
Procurei mais pistas sobre Crespi em Quito, onde entrevistei o diretor do Museo Jijón y Caamaño, o doutor Ernesto Salazar. Sobre Juan Moricz, ele disse que “viveu algum tempo em Loja e estava procurando o tesouro de Quinara, que foi uma parte do tesouro do resgate do Inca. Uma vez, fui assistir a uma conferência em Loja e conheci alguns estudantes que tinham trabalhado com Moricz. Ele os fez escavar por todos os lados em Quinara, mas não encontraram coisa alguma. Parecia estar mais interessado no ouro do que em aspectos arqueológicos do conhecimento”.
Segundo Salazar, Moricz acreditava que os americanos tinham origem magiar (húngara). Ele era búlgaro, e dizia que os ameríndios eram proto-magiares, “uma teoria tão fantasiosa quanto a de Ameghino”, falou o diretor do museu.
“Moricz procurava encontrar semelhanças entre o quíchua e as línguas do Oriente Próximo, também habitado por proto-magiares que criaram o idioma-mãe. Na realidade, existem várias cavernas de Los Tayos. Eu conheço pelo menos quatro. Uma ficou em território peruano depois da guerra que tivemos com o país, nos anos 90. Meu falecido amigo, padre Porras, explorou uma das cavernas, onde encontrou vestígios arqueológicos mas não placas de ouro. Ele me mostrou as fotos das formações que, segundo me parecem, são naturais. São de rocha sedimentar e parecem degraus”.
Ernesto Salazar ainda declarou que, quando o padre Crespi morreu, o Banco Central de Cuenca comprou sua coleção de peças, e parece que muitas eram falsas.
Assista neste vídeo abaixo: uma rara entrevista com o Padre Crespi, falando sobre os artefatos do seu acervo único.
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