Em algum lugar nos depósitos do Museu Britânico está guardada uma tábula de argila encontrada em Sippar, o "centro de culto" de Shamash na Mesopotâmia. O desenho mostra Shamash sentado num trono, sob um dossel cujo pilar tem a forma.
de uma tamareira. Um rei e seu filho estão sendo apresentados a ele por um outra deidade. Diante de Shamash há um pedestal encimado por um grande emblema de um planeta que emite raios.
As inscrições invocam o deus Sin (pai de Shamash), o próprio Shamash e Ishtar, sua irmã.
O tema encenado - a apresentação de reis e sacerdotes a uma deidade importante - é bastante comum e não requer grandes interpretações.
O singular e intrigante nessa cena são os dois deuses quase sobrepostos que, em algum lugar afastado do local onde está acontecendo a apresentação, seguram dois cordões que levam ao emblema celestial.
- Quem são os divinos portadores dos cordões?
- Qual seria sua função?
- Ambos estão num mesmo local?
- Se estão, por que seguram ou puxam dois cordões e não apenas um?
- Qual a ligação deles com Shamash?
Sippar, como os estudiosos bem sabem, era a sede do Supremo Tribunal da Suméria. Por conseqüência, Shamash era o supremo legislador. Hamurabi, o rei babilônio famoso pelo seu código, fez-se retratar recebendo as leis de Shamash entronizado. A cena onde aparecem os Divinos Portadores também estaria ligada a uma entrega de legislação? Apesar de muitas especulações, até hoje ninguém conseguiu dar uma explicação completa para essa tábula.
A solução, acredito, está disponível há muito tempo no próprio Museu Britânico, mas ela não se encontra entre as peças "assírias", mas sim no departamento egípcio. Num salão especial encontra-se uma coleção de papiros com inscrições do Livro dos Mortos. E é lá que está, para todos verem, a resposta que procuramos.
Trata-se de uma página dos "Papiros da Rainha Nejmet" e o desenho ilustra a etapa final da viagem do faraó para o Duat. Os doze deuses que puxam seu barco pelos túneis subterrâneos o transportam até o último corredor, o Lugar da Ascensão, onde o "Olho Vermelho de Hórus" o aguarda. Ali, depois de despir suas vestes terrenas, o faraó irá subir aos céus. Essa translação está expressa pelo hieróglifo do escaravelho ("renascimento"). Vários deuses, em pé, divididos em dois grupos, rezam pela chegada bem-sucedida do faraó na Estrela Imorredoura.
E nesse desenho egípcio, inconfundíveis, estão dois Divinos Portadores do Cordão!
Sem o excesso de figuras da descrição encontrada em Sippar, a do Livro dos Mortos mostra as deidades que seguram o cordão colocadas em extremidades opostas. Eles estão fora do corredor subterrâneo e nos locais onde se encontram existem omphalos sobre uma plataforma. E, como nos transmite a ação do quadro, os dois ajudantes divinos não apenas seguram os cordões como estão empenhados em medir.
Essa descoberta não deve ser surpresa para nós. Afinal os versos do Livro dos Mortos descrevem claramente como o faraó encontra os deuses que seguram a corda no Duat e os que "seguram o cordão de medir".
Lembremo-nos agora de uma passagem do livro de Henoc, onde se conta que, quando ele estava sendo levado por um anjo para visitar o paraíso terrestre no leste,
"viu naqueles dias dois longos cordões serem entregues a anjos que tomaram asas e partiram para o norte".
Respondendo às indagações do patriarca, o anjo-guia explicou: "Eles partiram para medir... trarão as medidas dos justos para os justos... todas essas medidas revelarão os segredos da terra".
Seres alados indo para o norte com a incumbência de medir... Medidas que revelarão os segredos da Terra... Subitamente, as palavras do profeta Habacuc ressoam em nossos ouvidos - palavras que descrevem o aparecimento do Senhor que, vindo do sul, dirige-se para o norte:
O Senhor do sul virá,
O Santo do Monte Param.
Os céus estão cobertos pelo seu halo,
Seu esplendor envolve a Terra;
Seu brilho é como luz.
Seus raios emanam de onde seu poder se esconde.
A Voz vai diante dele, centelhas emanam da parte inferior.
Ele faz uma pausa para medir a Terra;
Ele é visto e as nações estremecem.
Estariam a medição da Terra e seus segredos relacionados com os vôos dos deuses no firmamento de nosso planeta? Os textos ugaríticos nos dão uma pista adicional quando contam que, do pico de Zafon, Baal "estende um cordão forte e flexível para os céus, até a sede de Cades".
Sempre que esses textos contam sobre mensagens de um deus para outro, o verso inicia-se com a palavra Hut. Os especialistas acreditam que ela devia ser um prefixo de invocação, algo como "você está pronto para me ouvir?" Todavia, nas línguas semitas, Hut significava "cordão, corda". Em egípcio, o que é bastante significativo, o termo traduz-se por" estender, esticar". Heinrich Brugsch, comentando um texto egípcio que relata as batalhas de Hórus (Die Sage von der geflügten Sonnensche ibe) salientou que Hut também era o nome de locais geográficos - tanto da morada dos Medidores Alados como da montanha onde Set aprisionou Hórus.
Na representação egípcia, vemos que existem omphalos ou "pedras de oráculo" no local onde estão postados os Divinos Medidores. Em Baalbek também havia um omphalos, uma Pedra do Esplendor, que executava as funções de Hut. Em Heliópolis, cidade gêmea de Baalbek, também existia uma dessas pedras. Lembremo-nos de que Baalbek era a Plataforma de Aterrissagem dos deuses. Os cordões egípcios levavam ao local de Ascensão do faraó situado no Duat. O Deus bíblico, chamado de El por Habacuc, media a Terra enquanto voava do sul para o norte. Tudo isso será apenas uma série de coincidências ou várias peças de um mesmo quebra-cabeça?
Agora voltemos ao desenho de Sippar. Ele deixa de ser um mistério quando nos lembramos de que em épocas pré-diluvianas, quando a Suméria era a Terra dos Deuses, Sippar era o espaço-porto dos Anunnaki e Shamash, o comandante da instalação. Visto sob esse prisma, o papel desempenhado pelos Divinos Medidores fica esclarecido: seus cordões mediam o caminho até o espaço-porto!
Será útil recordar agora como Sippar foi fundada, como se determinou a localização do primeiro espaço-porto da Terra há cerca de 400 mil anos.
Quando Enlil e seus filhos receberam a incumbência de construir um espaço-porto na planície entre os Dois Rios, na Mesopotâmia, eles partiram de um plano diretor, abrangendo a escolha de um local adequado para o espaço-porto em si, a determinação do corredor de vôo e o posicionamento das instalações de orientação e controle da missão. O plano usou como referência básica o acidente geográfico mais conspícuo do Oriente Médio, o monte Ararat, que foi cortado por um meridiano, uma linha imaginária norte-sul. A trajetória de vôo, começando sobre o golfo Pérsico, bem distante das cadeias de montanhas do continente, ficou demarcada no ângulo fácil e preciso de 45 graus em relação ao meridiano. O espaço-porto - Sippar ("A cidade dos pássaros") - ficaria no ponto onde as duas linhas se cruzavam, nas margens do rio Eufrates.
Cinco cidades, eqüidistantes entre si, foram colocadas sobre a linha diagonal, com a inclinação de 45 graus. A do meio - Nippur ("O lugar da travessia") - serviria como Centro de Controle da Missão. Dois outros povoados determinariam a formação de um corredor em forma de flecha. Todas as linhas imaginárias passando por essas cidades convergiriam em Sippar.
No entanto, todo o complexo do espaço-porto e cidades auxiliares foi arrasado pelo dilúvio, há cerca de 13 mil anos. Depois da catástrofe, das instalações dos Nefilim só restou a Plataforma de Aterrissagem de Baalbek e, enquanto não se construía um novo espaço-porto, todos os pousos de decolagens dos ônibus espaciais tinham de ser feitos naquele local. Não seria correto imaginarmos que os Anunnaki se contentariam em atingir essa plataforma enfiada entre duas cadeias de montanhas confiando unicamente em sua perícia como pilotos. O mais provável é que, assim que foi possível, eles demarcaram um outro corredor de aterrissagem em forma de flecha apontando para Baalbek.
Com a auxílio de fotos da Terra tiradas por veículos espaciais ela NASA, podemos visualizar o Oriente Médio como os Anunnaki o viam de suas naves.
Lá, num pontinho bem ao norte, estava Baalbek. Que marcos naturais eles poderiam utilizar com balizas, determinando um corredor de aterrissagem triangular? Bem perto, a sudeste, elevava-se o maciço de granito do sul da península do Sinai. Entre a massa de rochas, erguia-se o pico mais alto (atualmente chamado de monte Santa Catarina), que poderia servir como uma baliza natural, formando a linha sudeste. Mas, qual seria o marco a noroeste, que junto com Baalbek formaria a outra linha do triângulo?
A bordo da nave, o Topógrafo - o "Divino Medidor" - lançou um olhar para o panorama terrestre a sua frente e depois estudou novamente os mapas. A distância, além de Baalbek, erguia-se o Ararat com seus dois picos. Ele traçou uma linha reta unindo o Ararat e Baalbek, e prolongando-se até o Egito.
Em seguida, o Topógrafo pegou um compasso. Colocando a ponta seca em Baalbek, para usá-la como foco, desenhou um arco passando pelo pico mais alto da península do Sinai. No ponto onde o arco cortou a linha Baalbek-Ararat, ele fez uma marca qualquer, por exemplo, uma cruz dentro de um círculo. Então desenhou duas linhas de igual comprimento, uma ligando Baalbek com o pico do Sinai e a outra ligando Baalbek com o ponto marcado pela cruz.
- Esse será o corredor de aterrissagem que nos levará direto para a plataforma - disse o Topógrafo.
- Mas, senhor - protestou alguém a bordo -, não existe nada nesse lugar onde o senhor desenhou a cruz, nenhum marco natural que possa servir de baliza para orientar nossos pilotos!
- Então teremos de construir uma montanha artificial, uma pirâmide, naquele local.
E eles partiram para comunicar a decisão aos seus superiores.
Será que houve mesmo uma conversa como essa dentro de uma das naves dos Anunnaki? Claro que jamais poderemos ter certeza, a não ser que um dia se encontre uma tábula de argila onde tenha sido registrado o evento. Eu somente dramatizei alguns fatos impressionantes e inegáveis!
. A plataforma de Baalbek, inigualável, está desde tempos imemoriais e continua intacta em sua imensidade enigmática;
. O monte Santa Catarina, o pico mais alto da península do Sinai, é considerado um local sagrado desde a Antiguidade (junto com seu vizinho, o monte Musa) e sempre esteve envolvido em lendas sobre deuses e anjos;
- A Grande Pirâmide de Gizé, junto com suas duas companheiras e a Esfinge são monumentos sem similar no mundo e estão situados exatamente sobre o prolongamento da linha Ararat-Baalbek;
- A distância entre Baalbek e o monte Santa Catarina e entre Baalbek e a Grande Pirâmide são exatamente iguais.
Esses quatro itens são apenas parte de impressionante grelha de orientação elaborada pelos Anunnaki em conexão com seu espaço-porto pós-diluviano. Portanto, quer aquela conversa a bordo da nave tenha ou não acontecido, estou convicto de que foi assim que surgiram as pirâmides do Egito.
Existem muitas pirâmides e estruturas piramidais no Egito, que salpicam toda a região que vai desde o delta do Nilo, ao norte, até o sul (penetrando inclusive na Núbia). Mas, quando alguém fala em pirâmides, todas as cópias, variações e "mini-pirâmides" de épocas mais recentes são desconsideradas e tanto eruditos como leigos focam sua atenção nas vinte e poucas pirâmides que, segundo se diz, foram construídas por faraós do Antigo Império (cerca de 2.700-2.180 a.C.).
Esses monumentos, por sua vez, estão divididos em dois grupos distintos: as claramente identificadas com governantes da 5ª. e 6ª. dinastias (como Unas, Teti, Pepi etc.), elaboradamente decoradas, e onde se encontram inscritos os famosos Textos das Pirâmides, e as mais antigas, atribuídas a reis da 3ª. e 4ª. dinastias. São estas, as primeiras pirâmides de que se tem notícia, que mais nos intrigam. Muito mais grandiosas, mais sólidas, mais exatas e mais perfeitas do que todas que vieram depois, elas também são as mais misteriosas, pois não fornecem nem ao menos uma única pista para revelar os segredos de sua construção. Quem as erigiu, como, por que e até mesmo quando, ninguém sabe ao certo. Existem apenas teorias e suposições acadêmicas.
Esses monumentos, por sua vez, estão divididos em dois grupos distintos: as claramente identificadas com governantes da 5ª. e 6ª. dinastias (como Unas, Teti, Pepi etc.), elaboradamente decoradas, e onde se encontram inscritos os famosos Textos das Pirâmides, e as mais antigas, atribuídas a reis da 3ª. e 4ª. dinastias. São estas, as primeiras pirâmides de que se tem notícia, que mais nos intrigam. Muito mais grandiosas, mais sólidas, mais exatas e mais perfeitas do que todas que vieram depois, elas também são as mais misteriosas, pois não fornecem nem ao menos uma única pista para revelar os segredos de sua construção. Quem as erigiu, como, por que e até mesmo quando, ninguém sabe ao certo. Existem apenas teorias e suposições acadêmicas.
Os livros escolares nos contam que a primeira delas foi construída por um rei chamado Djoser, o segundo faraó da 3ª. Dinastia (cerca de 2.650 a.C. pela maioria das contagens). Escolhendo um lugar a oeste de Mênfis, no platô que servia de necrópole (cidade dos mortos) daquela antiga capital ele deu ordens para seu brilhante cientista e arquiteto, Imhotep, para erigir uma tumba que superasse todas as outras já existentes. Até aquela época, o costume reinante era escavar um túmulo no solo pedregoso, enterrar o rei e depois cobrir a sepultura com uma grande lápide horizontal, chamada mastaba, que com o tempo foi assumindo proporções muito substanciais. O engenhoso Imhotep, segundo alguns eruditos, cobriu a mastaba original da tumba de Djoser com várias camadas de pedras menores, assentadas em duas fases de construção, obtendo assim uma pirâmide em degraus.
Ao lado dela, dentro de um grande pátio retangular, foi erigida uma grande variedade de prédios funcionais e decorativos, capelas, templos funerários, depósitos, alojamento de criados etc. Em seguida, cercou-se toda a área com uma magnífica muralha. A pirâmide e as ruínas de alguns desses prédios ainda podem ser vistos em Sakkarah - nome que parece ter sido dado ao local em honra a Seker, o "deus oculto".
Os reis que se seguiram a Djoser, continuam a nos contar os livros escolares, gostaram muito do que viram e tentaram imitar seu antecessor. Parece ter sido Sekhemkhet, que ascendeu ao trono logo depois de Djoser, que começou a construir a segunda pirâmide em degraus, também em Sakkarah. Por motivos ignorados, ela nunca chegou a ser terminada. É possível que o ingrediente que faltou tenha sido o gênio de Imhotep, mestre da ciência e engenharia. Uma terceira pirâmide em degraus - na verdade, apenas um monte de entulho contendo as ruínas de seus alicerces - foi descoberta entre Sakkarah e Gizé, ao norte. Menor que as anteriores, ela é logicamente atribuída ao faraó que veio depois dos dois anteriores, chamado Khaba. Certos especialistas acreditam que houve uma ou duas tentativas posteriores, por parte de faraós não identificados da 3ª. Dinastia, de construírem pirâmides, mas elas fracassaram.
Agora temos de ir a uns 45 quilômetros ao sul de Sakkarah, a um lugar chamado Meidum, para visitar a pirâmide que, cronologicamente, é considerada a quarta na fila. Na ausência de indícios consistentes, presume-se que ela tenha sido construída pelo faraó que se seguiu aos anteriores, chamados Huni. Por meio de evidências circunstanciais, afirma-se que ele apenas iniciou a obra e que a tentativa de terminar a pirâmide coube a seu sucessor, Snefru, o primeiro rei da 4ª. Dinastia.
Ela começou, como as anteriores, sob a forma de uma pirâmide em degraus, mas, por motivos totalmente ignorados, para os quais não existem nem mesmo teorias, seus construtores resolveram fazer uma pirâmide "de verdade", ou seja, com lados planos. Isso significava que uma camada de revestimento, constituída de pedras polidas, deveria ser assentada num ângulo bastante agudo. Também por motivos desconhecidos, escolheu-se um ângulo de 52 graus. Todavia, aquilo que, segundo os livros, seria a primeira pirâmide verdadeira, terminou em triste fracasso. A camada externa, os enchimentos de pedras menores e parte do próprio núcleo desabaram sob o peso das pedras colocadas umas em cima das outras nesse ângulo precário. Tudo o que resta dessa tentativa é parte do núcleo sólido, cercado de um monte de entulho.
Alguns estudiosos, como Kurt Mendelssohn, em The Riddle of the Pyramids, sugerem que Snefru, quando essa pirâmide ruiu, estava construindo uma outra um pouco ao norte de Meidum. Apressadamente, seus arquitetos modificaram o ângulo de construção, que, sendo menor (43 graus), garantiu maior estabilidade e reduziu a altura e massa da pirâmide. Foi uma decisão sábia, como comprova o fato de esse monumento, apropriadamente chamado de pirâmide Torta, ainda permanecer em pé.
Incentivado pelo seu sucesso, Snefru ordenou a construção de uma outra pirâmide verdadeira perto da torta. Ela é chamada de pirâmide Vermelha, devido à cor de suas pedras. Supostamente ela representa a realização do impossível: uma forma triangular erguendo-se a partir de uma base quadrada, com lados de 200 metros de comprimento, tendo uma altura de 100 metros. O triunfo, contudo, não foi obtido sem um pouquinho de trapaça: em vez da inclinação perfeita, com 52 graus, as faces dessa "primeira pirâmide clássica" elevam-se num ângulo muito mais seguro de 44 graus...
E assim chegamos, como querem os eruditos, ao máximo em construção das pirâmides egípcias.
Snefru foi o pai de Khufu, a quem os historiadores gregos chamavam de Quéops. Imagina-se que o filho, seguindo os passos do pai, construiu a segunda verdadeira pirâmide, só que muito maior e grandiosa, a Grande Pirâmide de Gizé. Ela ergue-se há milênios nesse local, em companhia de duas outras, atribuídas aos sucessos de Quéops - Chefra (Quéfren) e Men-ka-ra (Miquerinos) - e as três estão cercadas de templos, mastabas, tumbas e a única e singular Esfinge. Embora atribuídas a faraós diferentes, elas obviamente foram planejadas e executadas como um grupo coeso, perfeitamente alinhadas com os pontos cardeais e também entre si. De fato, as triangulações que começam nesses monumentos podem ser ampliadas para medir todo o Egito - e, para ser exato, toda a Terra. Os que primeiro se deram conta disso em tempos modernos foram os engenheiros de Napoleão, escolhendo o ápice da Grande Pirâmide como o ponto focal a partir do qual triangularam e mapearam todo o Baixo Egito.
A tarefa ficou bem mais fácil quando se descobriu que o complexo de Gizé está situado bem sobre o paralelo 30 norte. Ele foi construído na borda leste do platô Líbio, que começa na Líbia, a oeste, e estende-se até as margens do Nilo. Embora eleve-se apenas 45 metros acima do vale do rio, Gizé oferece uma visão abrangente e não obstruída dos quatro cantos do horizonte.
A Grande Pirâmide fica na borda nordeste de uma protuberância do platô e a poucas dezenas de metros ao norte e leste tem início um terreno arenoso e lamacento, onde seria impossível erigir estruturas tão imensas. Um dos primeiros cientistas a fazer medições precisas, Charles Piazzi Smyth (Our Inheritance in the Great Pyramid) estabeleceu que o centro da Grande Pirâmide fica na latitude norte 29° 58' 55" - a um mero 1/6 de grau do paralelo 30. O centro da Segunda Pirâmide fica apenas a 13 segundos (13/3 600 de grau) ao sul do paralelo.
O alinhamento com os quatro pontos cardeais; a inclinação dos lados num ângulo de 52 graus e alguns minutos - no qual a altura da pirâmide em relação à circunferência que circunscreve sua base é a mesma de um raio de círculo em relação com sua circunferência; as bases quadradas, montadas em plataformas perfeitamente niveladas; todos esses parâmetros denunciam um alto nível de conhecimento de matemática, astronomia, geometria, geografia e, claro, arquitetura e construção, bem como uma enorme habilidade administrativa para mobilizar a mão-de-obra e planejar e executar projetos tão imensos e de longo prazo. O espanto aumenta ainda mais quando se percebem as complexidades interiores, a precisão das galerias, corredores, câmaras, dutos e aberturas dentro das pirâmides, suas entradas ocultas (sempre na face norte), os sistemas de fechamento e encaixe - todos invisíveis para quem está do lado de fora, todos perfeitamente alinhados uns com os outros, todos executados no interior dessas montanhas artificiais enquanto elas iam sendo construídas camada após camada de pedras.
Embora a Segunda Pirâmide (Quéfren) seja apenas um pouco menor que a Grande Pirâmide (alturas: 143,35 e 146,4 metros; lados da base: 215,64 e 230,58 metros) foi sempre esta que despertou o interesse e a imaginação de estudiosos e leigos desde que os homens puseram os olhos nesses monumentos. Ela foi e continua sendo a maior construção em pedra do mundo, possuindo entre 2,3 e 2,5 milhões de blocos de calcário amarelo (núcleo), calcário branco (revestimento polido) e granito (laterais e teto de câmaras e galerias interiores etc.). A massa total, estimada em aproximadamente 2,6 milhões de metros cúbicos, pesando 7 milhões de toneladas, segundo os cálculos, excede a de todas as catedrais, igrejas e capelas somadas, construídas na Inglaterra desde o início do cristianismo.
A Grande Pirâmide está assentada sobre solo artificialmente nivelado e eleva-se a partir de uma fina plataforma, cujos cantos são marcados por conexões de função desconhecida. Apesar da passagem dos milênios, descolocamentos continentais, o balanço da Terra em torno de seu próprio eixo, terremotos e o imenso peso da própria pirâmide, a plataforma de base, relativamente fina (menos de 7 metros de espessura), continua intacta e perfeitamente nivelada. O erro ou variação em seu alinhamento horizontal é de menos de 3 centímetros ao longo dos 231 metros de comprimento dos lados da plataforma.
A distância, as três pirâmides de Gizé parecem ter faces lisas, mas quem se aproxima delas vê que elas são um tipo de pirâmide em degraus, construídas camada após camada (os especialistas as chamam de "cursos") de pedras, cada uma menor que a anterior. De fato, estudos modernos sugerem que a Grande Pirâmide é em degraus em seu núcleo, cuja estrutura foi calculada para suportar grandes esforços verticais.
O que a fazia ter faces lisas era a camada de revestimento. Essas placas foram removidas na época da dominação árabe e usadas na construção da cidade do Cairo, mas algumas delas ainda podem ser vistas em sua posição original no alto da Segunda Pirâmide e umas poucas foram descobertas na base da Grande Pirâmide.
Essas placas de revestimento determinavam o ângulo da pirâmide e constituem as pedras mais pesadas empregadas na construção. As seis faces de cada bloco foram cortadas e polidas com uma exatidão que só se encaixa dentro de padrões ópticos, pois se ajustavam não somente às pedras do núcleo que cobriam, mas também a suas vizinhas nos quatro lados, formando em seu conjunto uma área de precisão de 8,5 hectares de blocos de calcário.
Atualmente as pirâmides de Gizé não têm mais o ápice ou espigão, também em forma piramidal (os pyramidions), que deviam ser de metal ou revestidos dele, exatamente como as pontas dos obeliscos. Quem os retirou de tão grande altura, quando e por quê, não se sabe. O que se tem conhecimento contudo, é de que em pirâmides de épocas posteriores, essas pedras de ápice, parecidas com o Ben-Ben de Heliópolis, eram feitas de granito especial e possuíam muitas inscrições. A da pirâmide de Amen-em-khet, em Dachur, encontrada enterrada a alguma distância dela tinha o emblema do Disco Alado e a inscrição:
O rosto do rei Amen-em-khet está aberto,
Para ele poder contemplar o Senhor da Montanha da Luz
Quando ele veleja pelo firmamento.
Heródoto visitou Gizé no século V, época em que as pirâmides ainda mantinham as placas de revestimento, mas ele não menciona a presença de ápices. Como tantos outros antes e depois dele, o historiador grego ficou imaginando como esses monumentos - considerados como uma das Sete Maravilhas do mundo antigo - podiam ter sido construídos. Seus guias o informaram que tinham sido necessários 100 mil homens, substituídos a cada três meses, e "dez anos de opressão do povo", apenas para se construir a rampa até o local da obra, para possibilitar o transporte dos blocos de pedra. "A pirâmide em si exigiu vinte anos de construção." Heródoto nos transmitiu a informação de que foi o faraó Quéops (Khufu) que ordenou a construção da Grande Pirâmide, mas não explicita como nem por quê. Ele também atribuiu a Quéfren (Chefra) a construção da Segunda Pirâmide, "com as mesmas dimensões da primeira, só que 12 metros mais baixa" e disse que Miquerinos (Menkara) "também deixou uma pirâmide, mas muito inferior em tamanho do que a construída pelo seu pai", deixando implícito que se tratava da Terceira Pirâmide Gizé.
No século I, o geógrafo e historiador grego Estrabão registrou não apenas sua visita às pirâmides, mas também sua entrada na Grande Pirâmide por uma abertura na face norte, escondida por uma pedra articulada. Depois de descer um corredor longo e estreito, ele atingiu um buraco cavado no leito rochoso sob a plataforma, como tantos outros turistas gregos e romanos já haviam feito antes dele.
A localização dessa entrada acabou sendo esquecida nos séculos que se seguiram e, quando o califa Al-Mamun tentou entrar na Grande Pirâmide no ano de 820, precisou empregar um verdadeiro exército de engenheiros, ferreiros e pedreiros para perfurar as pedras, abrindo um túnel até o núcleo. O que o incentivou a empreender essa obra foi o interesse científico aliado à cobiça, pois o califa estava a par das antigas lendas que afirmavam a existência, no interior da pirâmide, de uma câmara secreta onde na Antiguidade haviam sido escondidos mapas celestes e terrestres, inclusive globos, bem como "armas que não enferrujam" e "vidro que pode ser dobrado sem quebrar".
Rachando os blocos de pedra com a aplicação de calor e frio alternados, arrebentando-os com martelos e picaretas, os homens de Al-Mamun avançaram centímetro por centímetro. Estavam a ponto de desistir quando ouviram o barulho de uma pedra caindo, indicando que perto dali havia alguma cavidade. Com renovado vigor, eles continuaram quebrando as pedras e acabaram por atingir o Corredor Descendente. Subindo-o, chegaram à entrada original, que não tinham visto do lado de fora. Descendo, encontraram a cavidade subterrânea descrita por Estrabão. Um túnel que dela saía não levava a lugar nenhum.
No que dizia respeito aos aventureiros, todos seus esforços tinham sido em vão. As outras pirâmides fora de Gizé, que tinham sido demolidas ou penetradas, possuíam a mesma estrutura interna: um Corredor Descendente, levando a uma ou mais câmaras. Todavia, na Grande Pirâmide elas não existiam. Não havia mais segredos a serem descobertos...
O destino, porém, interveio. Fora o som de uma pedra caindo no vazio que estimulara os homens de Al-Mamun a continuar o trabalho, Quando estavam para desistir mais uma vez, viram uma pedra caída no corredor. Ela era triangular, um formato bastante estranho. Examinando o teto, os trabalhadores descobriram que ela servira para esconder de vista um grande bloco de granito posicionado em ângulo em relação à passagem. Esse bloco esconderia o cantinho para uma câmara realmente secreta - jamais penetrada antes?
Como não tinham meios de mover ou quebrar o bloco de granito, os homens do califa continuaram aprofundando o túnel que tinham escavado nas pedras de calcário, para dar a volta em torno dele. Descobriram então que aquele bloco era o primeiro de uma série de pedras de granito e calcário que obstruíam um Corredor Ascendente, posicionado num ângulo de 26 graus, o mesmo do Corredor Descendente (e exatamente metade do ângulo de inclinação das faces da pirâmide). No alto do corredor, um passagem horizontal levava para um cômodo meio quadrado, com teto inclinado em V invertido, com um nicho incomum em sua parede leste. Ele estava totalmente vazio e não tinha nem mesmo decoração. Mais tarde descobriu-se que essa câmara fica exatamente no meio do eixo norte-sul da pirâmide - fato cujo significado ainda não foi decifrado. Esse cômodo tornou-se conhecido como a câmara da Rainha, mas o nome é baseado em idéias românticas, pois não existe o menor sinal de evidências para corroborar essa designação.
A partir do final do Corredor Ascendente foi encontrada uma Grande Galeria, mantendo o mesmo ângulo de 26 graus e estendendo-se por 46 metros de construção intricada e precisa. O piso rebaixado é flanqueado por duas rampas que acompanham toda a extensão da galeria e em cada uma delas há orifícios retangulares, igualmente espaçados. As paredes têm mais de 5,5 metros de altura e a largura da galeria vai se estreitando progressivamente, de modo que, no seu ponto mais alto, o teto tem a mesma largura do piso rebaixado. A galeria termina numa plataforma formada por um enorme bloco de pedra. Dali, uma passagem, curta e estreita (apenas 1 metro de altura) leva a uma antecâmara de construção complexa, equipada para abaixar com uma manobra simples (talvez um puxar de cordas) três placas de granito sólido que podiam descer na vertical, obstruindo a passagem e impedindo o avanço.
Uma outra pequena passagem, com altura e largura similares à anterior, leva para um cômodo de teto muito alto, feito de granito vermelho polido - a chamada câmara do Rei. Ela foi encontrada vazia, exceto por um bloco de granito, lavrado de modo a sugerir o formato de um ataúde sem tampa. Seu preciso acabamento inclui sulcos para a instalação de uma tampa ou cobertura e suas medidas, como já bem determinado, demonstram um profundo conhecimento de complexas fórmulas matemáticas. Na câmara também não havia qualquer tipo de decoração.
Os homens do califa Al-Mamun certamente pensaram o que todos têm pensado desde então. Toda essa montanha de blocos de pedra foi erigida somente para esconder um "baú" dentro de uma câmara secreta? As marcas de fuligem deixadas por tochas e as palavras do historiador Estrabão atestam que o Corredor Descendente foi bastante visitado na Antiguidade. No entanto, o Ascendente estava perfeitamente lacrado ao ser descoberto pelos trabalhadores de Al-Mamun no século IX. As teorias sempre afirmaram que as pirâmides eram tumbas reais construídas para protegerem as múmias dos faraós e os tesouros com elas enterrados de ladrões ou profanadores que poderiam perturbar a paz eterna do falecido. Sendo assim, o bloqueio dos corredores deveria ter sido executado logo depois da colocação do sarcófago na câmara. No entanto, o que se encontrou foi uma passagem obstruída com perfeição e, atrás dela, absolutamente nada, exceto um ataúde de pedra.
Com o passar do tempo, outros governantes, cientistas e aventureiros entraram na Grande Pirâmide e fizeram túneis e orifícios, descobrindo outros aspectos de sua estrutura interior, inclusive dois conjuntos de dutos que alguns acreditam ser entradas de ar (para quem?) e outros garantem que serviam para observações astronômicas (por quem?). Embora os especialistas insistam em se referir ao baú de granito como "sarcófago" ou "ataúde" (pelo tamanho, ele poderia mesmo acomodar um corpo humano), o fato é que não existe nada, absolutamente nada para apoiar a afirmação de que a Grande Pirâmide era uma tumba de faraó.
Na verdade, nunca houve indícios concretos de que as pirâmides de Gizé foram construídas para serem túmulos reais.
A pirâmide que na cronologia dos livros escolares é a primeira, a de Djoser, possui duas câmaras cobertas pela mastaba inicial. Quando elas foram visitadas pela primeira vez por H. M. von Minutoli, em 1821, ele afirmou ter encontrado em seu interior partes de uma múmia e inscrições com o nome do faraó. Em 1837, o coronel Howard Vyse reescavou mais minuciosamente o interior da pirâmide e relatou ter descoberto "um monte de múmias" (foram contadas oitenta delas posteriormente) e ter atingido uma câmara "com o nome do rei Djoser pintado com tinta vermelha". Um século depois, arqueólogos comunicaram a descoberta de um fragmento de crânio e indícios de que "um sarcófago de madeira poderia ter estado dentro da câmara de granito vermelho". Em 1933, J. E. Quibell e J. P. Lauer descobriram outras galerias dentro da pirâmide, em cujo interior encontraram dois sarcófagos vazios.
Hoje em dia é geralmente aceito que todas essas múmias e ataúdes representam sepultamentos intrusos, ou seja, o sepultamento de mortos de outras épocas, bem posteriores à da construção das pirâmides, aproveitando suas galerias e câmaras. Mas o rei Djoser teria sido mesmo enterrado na pirâmide, isto é, houve mesmo um "sepultamento original"?
A maioria dos arqueólogos duvida de que Djoser foi mesmo sepultado dentro da pirâmide que tem seu nome. Tudo indica que ele foi enterrado numa magnífica tumba descoberta em 1928, ao sul da pirâmide. Essa "Tumba Sul", como se tornou conhecida, era atingida por uma galeria cujo teto de pedra imitava palmeiras, levando a uma abertura imitando uma porta semi-aberta que se abria para um grande salão. Outras galerias conduziam a uma câmara subterrânea feita de blocos de granito e, em uma de suas paredes, três portas falsas tinham gravados nelas a imagem, nome e títulos de Djoser.
Atualmente, muitos eminentes egiptólogos acreditam que a pirâmide era apenas um túmulo simbólico de Djoser e que seu corpo na verdade foi sepultado na Tumba Sul, encimada por uma grande superestrutura retangular, que continha a capela - um estilo de sepulcro mostrado em alguns desenhos egípcios.
A pirâmide em degraus provavelmente iniciada pelo sucessor de Djoser, Sekhemkhet, também continha uma "câmara mortuária", que ao ser descoberta abrigava um "sarcófago" de alabastro. Os livros contam que o arqueólogo que a encontrou, Zakaria Goneim, concluiu que a câmara fora invadida por ladrões, que tinham roubado a múmia e todo o conteúdo do compartimento. Todavia, isso não é totalmente verdadeiro. De fato, o sr. Goneim encontrou a porta deslizante vertical do baú de alabastro fechada e vedada com gesso e restos de uma coroa de flores ainda permaneciam sobre a rampa do ataúde. Como ele mesmo contou, ao ver isso, suas:
"esperanças atingiram o ponto máximo; no entanto, quando o sarcófago foi aberto, vimos que ele estava vazio e parecia jamais ter sido usado".
Teria o corpo de algum rei um dia repousado ali? Enquanto alguns ainda afirmam que sim, outros estão convencidos de que a pirâmide de Sekhemkhet (tampas de jarros onde estão gravados seu nome comprovam a identificação) era apenas um cenotáfio, isto é, uma tumba simbólica.
A terceira pirâmide em degraus, atribuída a Khaba, também continha uma "câmara mortuária", encontrada vazia, sem múmia ou mesmo o ataúde de pedra. Os arqueólogos identificaram na área vizinha as ruínas de uma outra pirâmide, não terminada, que imaginam ter sido iniciada pelo sucessor de Khaba. A subestrutura de granito continha um "sarcófago" oval, de formato incomum, embutido no piso, como se fosse uma banheira moderna. A tampa estava no lugar, lacrada com cimento; não havia nada em seu interior.
Os arqueólogos descobriram restos de três outras pirâmides pequenas, atribuídas a governantes da 3ª. Dinastia. Numa delas, não foi possível examinar a subestrutura; em outra, não existia nenhum tipo de câmara mortuária; na terceira, havia a câmara, mas nenhum indício de sepultamento.
A exploração da pirâmide desmoronada de Meidum não revelou a existência de câmara mortuária ou sarcófago. Flinders Petrie, que a examinou minuciosamente, encontrou nela apenas fragmentos de um ataúde de madeira, que anunciou como sendo os restos do caixão de Snefru. Atualmente, todos os especialistas acreditam que esses fragmentos provinham de um enterro muito mais posterior, um sepultamento intruso. A pirâmide é cercada por numerosas mastabas da 3ª. e 4ª. dinastias, pois ali eram enterrados os membros da família real e outras personalidades da época. O recinto da pirâmide ligava-se a uma estrutura mais baixa, o chamado "templo funerário", que atualmente está submerso no Nilo. É possível que tenha sido nesse lugar, cercado e protegido pelas águas sagradas do rio, que foi colocado o corpo do faraó.
As duas outras pirâmides, de acordo com a cronologia dos livros, são ainda mais embaraçosas para aqueles que defendem a teoria de que elas são tumbas. As duas pirâmides de Dachur (a Torta e a Vermelha) foram construídas por Snefru. A primeira possui duas "câmaras mortuárias", e a segunda, três. Se os faraós mandavam construir pirâmides para abrigar sua múmia depois da morte, por que Snefru construiu duas delas, com três câmaras? Acho que nem preciso dizer que os compartimentos foram encontrados vazios, sem sarcófagos. Depois de extensas escavações, feitas pelo Serviço de Antiguidades Egípcio em 1947 e novamente em 1953, que se concentraram em especial na pirâmide Vermelha, ficou constatado, como registra o relatório oficial, "que não se encontrou lá nenhum vestígio de uma tumba real".
A teoria "uma pirâmide por faraó" afirma que a pirâmide seguinte, em ordem cronológica, foi construída por Khufu (Quéops), o filho de Snefru e, segundo Heródoto e os historiadores romanos que se basearam em suas obras, ela seria a Grande Pirâmide de Gizé. Como vemos, suas câmaras e compartimentos descobertos em tempos modernos, encontrados inviolados, estavam vazios. Isso, aliás, não deveria ser grande surpresa para os estudiosos, pois o próprio Heródoto escreveu (História, vol. II, pág. 127): "A água do Nilo, levada por um canal artificial, cerca uma ilha onde, segundo se afirma, repousa o corpo de Quéops". Ficaria a verdadeira tumba do faraó no vale próximo das pirâmides, mais perto do rio? Até hoje não se sabe.
Chefra (Quéfren), a quem é atribuída a Segunda Pirâmide de Gizé, não foi o sucessor imediato de Khufu. Entre eles houve um faraó chamado Radedef, cujo reinado durou oito anos. Por motivos, que os estudiosos não conseguem explicar, ele escolheu erigir sua pirâmide num local um pouco distante de Gizé. Possuindo cerca de metade do tamanho da Grande Pirâmide, ela continha a costumeira "câmara mortuária" que, ao ser visitada, revelou-se vazia.
A Segunda Pirâmide de Gizé apresenta duas entradas em lugar da habitual passagem pela face norte. A primeira começa fora dela, o que também é incomum, e leva para uma câmara inacabada. Quando Giovanni Belzoni a explorou em 1818, o sarcófago de granito foi encontrado vazio e a tampa caída no chão, quebrada. Uma inscrição em árabe denunciou a visitação da câmara vários séculos antes. O que os árabes encontraram, se é que encontraram alguma coisa, não está registrado em nenhum lugar.
A Terceira Pirâmide de Gizé, embora muito menor do que as outras, possui características singulares. Na construção do núcleo, foram empregados os maiores blocos de pedra encontrados em todas as três. Os dezesseis cursos inferiores não eram revestidos de calcário, mas de granito. Ela primeiro foi erigida como uma pirâmide menor e depois teve seu tamanho dobrado. Como resultado disso, existem duas entradas utilizáveis e uma terceira inacabada, talvez uma "tentativa" não aprovada pelos construtores. Nela, há várias câmaras e aquela que é considerada a principal, a "câmara mortuária", foi explorada em 1837 por Howard Vyse e John Perring, que encontraram um magnífico sarcófago de basalto, vazio, como de hábito.
No entanto, perto dele, Vyse e Perrig acharam um pedaço de um caixão de madeira com o nome "Men-ka-ra" e os restos de uma múmia "possivelmente de Menkara", uma confirmação direta da afirmação de Heródoto de que a Terceira Pirâmide "pertencia a Miquerinos". Todavia, um reexame dessas peças em tempos atuais, onde foi empregado o método de datação com isótopos de carbono, estabeleceu que o caixão de madeira "sem duvida é do período saítico", não anterior a 660 a.C. (K. Michalowsky, Art of Ancient Egypt) e que a múmia encontrada era do início da era cristã. Portanto, nenhuma das duas peças poderia fazer parte de um sepultamento original.
No entanto, perto dele, Vyse e Perrig acharam um pedaço de um caixão de madeira com o nome "Men-ka-ra" e os restos de uma múmia "possivelmente de Menkara", uma confirmação direta da afirmação de Heródoto de que a Terceira Pirâmide "pertencia a Miquerinos". Todavia, um reexame dessas peças em tempos atuais, onde foi empregado o método de datação com isótopos de carbono, estabeleceu que o caixão de madeira "sem duvida é do período saítico", não anterior a 660 a.C. (K. Michalowsky, Art of Ancient Egypt) e que a múmia encontrada era do início da era cristã. Portanto, nenhuma das duas peças poderia fazer parte de um sepultamento original.
Apesar de não terem certeza de que Men-ka-ra foi o sucessor imediato de Chefra, os especialistas sabem que depois dele veio Shepsekaf. Qual das várias pirâmides jamais terminadas (ou cuja construção foi tão rudimentar que nada delas restou) teria pertencido a ele, ninguém pode dizer. Todavia, todos são unânimes em afirmar que nenhuma delas lhe serviu de túmulo, pois Shepsekaf foi enterrado sob uma monumental mastaba, cuja câmara mortuária continha um sarcófago de granito preto. Quando os arqueólogos a descobriram, constataram que ela tinha sido saqueada por ladrões de túmulos da Antiguidade, que esvaziaram a câmara e o sarcófago.
A 5ª. Dinastia começou com Userkaf, que construiu sua pirâmide em Sakkarah, perto do complexo de Djoser. Ela foi violada tanto por ladrões como por sepultamentos intrusos.
O sucessor do faraó, Sahura, construiu sua pirâmide ao norte de Sakkarah (atual Abusir) e, embora ela seja uma das mais conservadas, nada se encontrou em sua "câmara mortuária" retangular. No entanto, a magnificência dos templos que a cercam, estendendo-se até o vale do Nilo, e o fato de os salões do templo mais próximo do rio terem sido ornamentados com colunas imitando tamareiras podem indicar que a verdadeira tumba de Sahura ficava nas imediações de sua pirâmide..
Neferirkara, que ascendeu ao trono depois de Sahura, construiu seu complexo funerário num local não muito distante do escolhido pelo seu antecessor. A câmara que existia dentro de sua pirâmide não terminada (ou devastada) foi encontrada também vazia. Até hoje não se descobriram monumentos que teriam pertencido a Neferirkara. No entanto, o próximo faraó construiu sua pirâmide usando mais madeira e tijolos de argila do que pedras e por isso só restam dela umas poucas ruínas. Neuserra, o faraó seguinte, construiu sua pirâmide perto da dos seus antecessores. Ela continha duas câmaras, encontradas vazias, sem o menor vestígio de sepultamento. No entanto, Neuserra é mais conhecido pelo seu templo funerário, construído no formato de um obelisco curto e grosso, assenta do sobre uma pirâmide truncada. O obelisco tinha 36 metros de altura e seu ápice, ou pyramidion, era revestido com chapas de cobre.
Egito: Os principais locais das Pirâmide |
A pirâmide de Unas - o ultimo faraó da 5ª. Dinastia, ou, como preferem alguns, o primeiro da 6ª. - marca uma importante mudança de costumes. Foi lá que, em 1880, Gaston Maspero encontrou os primeiros Textos das Pirâmides, escritos nas paredes de câmaras e corredores.
As quatro pirâmides dos faraós da 6ª. Dinastia, que se seguiram a Unas - Teti, Pepi I, Mernera e Pepi II -, apresentavam complexos funerários imitando o de Unas, com a inclusão dos textos nas paredes. Todos os sarcófagos de basalto ou granito encontrados nas "câmaras mortuárias" estavam vazios, com exceção do existente na pirâmide de Mernera, onde havia uma múmia. Logo, porém, ficou estabelecido que ela não era a do rei, mas representava um sepultamento intruso posterior.
E onde foram sepultados esses faraós da 6ª. Dinastia? Os túmulos dessa dinastia e das anteriores ficavam todos no sul do Egito, em Abidos. Esse indício, e muitos outros, há muito já deviam ter afastado totalmente a idéia de que as tumbas reais eram cenotáfios e as pirâmides os verdadeiros locais de sepultamento. Todavia, velhas crenças custam a morrer.
Todos os fatos demonstram o contrário. As pirâmides do Velho Império nunca abrigaram o corpo de um faraó porque não foram erigidas com esse objetivo. Fazendo parte da viagem simulada do faraó para a Outra Vida, quando ele partia na direção do horizonte, elas eram marcos para guiarem seu Ka até a Escada para o Céu função exatamente igual às das pirâmides originalmente construídas pelos deuses, que lhes serviam de balizas quando eles "velejavam pelo firmamento".
O que os faraós tentaram copiar, uns após os outros, sugiro, não foi a pirâmide de Djoser, corno dizem os livros, mas as Pirâmides dos Deuses: as pirâmides de Gizé.
Fonte: Bibliotecapleyades, Zecharia Sitchin (Escada Para o Céu),
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