O programa dos “Buran” tratou-se de uma série de onze ônibus espaciais, construídos pelo programa espacial da União Soviética, parte do denominado programa Buran-Energia. O primeiro da série foi de início denominado Ônibus Espacial 1.01.
Sendo a primeira nave espacial reutilizável soviética, ou VKK (Vosdushno Kosmicheski Korabl). A construção do ônibus espacial foi uma resposta ao projeto do Ônibus Espacial (Space Shuttle), da agência espacial dos Estados Unidos (NASA), que concebeu os veículos espaciais reutilizáveis - wikipedia.
Vinte e cinco anos atrás, em 15 de novembro de 1988, aconteceu um evento sem precedentes na história da cosmonáutica mundial - foi lançado, a partir do cosmódromo de Baikonur, o sistema espacial reutilizável soviético Energia-Buran. O gigantesco avião espacial, o “shuttle soviético”, realizou seu voo em modo totalmente automático, o que foi posteriormente inscrito no Livro de Recordes Guinness.
Foto: RIA Novosti |
Criatura da “guerra fria”, construída em oposição ao Space Shuttle norte-americano, o qual, segundo afirmações de analistas militares soviéticos, podia largar da órbita da Terra bombas nucleares sobre Moscou, o Buran foi projetado para nivelar as chances das duas superpotências de se destruírem mutuamente, recordou à Voz da Rússia Alexander Zhelezniakov, da Academia Russa de Cosmonáutica:
“O Buran foi concebido exclusivamente como um sistema de lançamento de estações orbitais pesadas de uso militar. Foi uma forma de resposta ao programa SDI dos EUA, que naqueles anos estava sendo ativamente promovido do outro lado do oceano. Foi para não ficar completamente indefesa no caso de implantação pelos Estados Unidos de seus sistemas militares de ataque no espaço que a União Soviética criou o Buran. Ele devia se tornar um sistema de neutralização.”
Mas na altura em que Buran começou a voar, a situação no mundo já havia mudado, a tensão nas relações entre Moscou e Washington haviam diminuído e a economia da União Soviética estava avançando a largos passos para o colapso. Nestas circunstâncias, os militares perderam o interesse no sistema espacial reutilizável, e a indústria aeroespacial civil não estava em condições de manter o Buran, nota o editor-chefe da revista Notícias de Cosmonáutica Igor Marinin:
“Até o final da década de oitenta, a economia soviética se tornou tão decrépita que esse projeto deixou sem vida outras áreas da indústria espacial. O fato de que o Buran acabou por não ser utilizado foi devido à falta de fundos para o desenvolvimento de carga útil tanto para o Buran como para o foguete de lançamento. A Energia era capaz de lançar, sem o Buran, satélites pesando até cem toneladas. Um tal satélite leva dez anos a construir. E a Energia devia voar várias vezes por mês. O Buran podia levar trinta toneladas de carga, mas onde encontrar tais satélites?”
Com o tempo, os norte-americanos também abandonaram seu sistema reutilizável. O programa Space Shuttle, que era posicionado pelos Estados Unidos como o sistema mais barato e confiável de lançamento de cargas úteis para o espaço, na prática, acabou por ser proibitivamente caro e pouco utilizável.
“É completamente inútil restaurar o sistema Energia-Buran em sua forma atual. Tanto a experiência mundial, como a nossa, mostra que o desenvolvimento de sistemas de lançamento reutilizáveis seguiu o caminho de atualização de aparelhos de reentrada, tais como Soyuz ou Apollo. Na verdade, estas naves espaciais são os mesmos aparelhos de reentrada, mas reutilizáveis. Nestas condições, os vaivéns são caros e difíceis de usar.”
O destino de Buran foi triste. Depois de ter realizado o seu primeiro e único voo, ele ficou para sempre em terra. Em 1993, o programa foi oficialmente encerrado, e a nave espacial foi esquecida e condenada para preservação eterna em seu hangar. Alguns anos depois, o telhado do prédio antigo desmoronou e enterrou sob seus destroços a única máquina que esteve no espaço, juntamente com o foguete de lançamento. Mas o potencial científico que foi adquirido durante a construção de Buran, as descobertas e invenções que ultrapassavam o seu tempo, ainda encontrarão o seu lugar no programa espacial russo, acredita Alexander Zhelezniakov:
“Muito do que foi feito então, com o tempo, será útil. Eu gostaria que isso acontecesse o mais depressa possível. No desenvolvimento de naves espaciais no futuro com certeza será utilizada a experiência de Buran. Todos estes desenvolvimentos, todo o potencial não será perdido.”
Nós ainda iremos recordá-lo não só como nosso passado histórico, mas também como um prenúncio de uma nova geração de tecnologia espacial, disse Alexander Zhelezniakov. Quem sabe, talvez um dia em órbita da Terra irá aparecer uma nave espacial com a inscrição Buran na fuselagem.
Fonte: http://portuguese.ruvr.ru
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