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30/01/2014

Ondas de Gravitação nas Nuvens de Vênus

Este artigo publicado no site voz da Rússia, sobre a descoberta no segundo planeta mais próximo do Sol - lá, onde contém uma gama enorme de inumeros mistérios escondidos abaixo das expersas camadas daquele mundo - bem quente por sinal.

As ondas gravitacionais na atmosfera de Vênus devem ter sido vistas por meio de dispositivos instalados na sonda europeia Venus Express.

Foto: EPA
Mas esta descoberta tem de ser comprovada. Se foi realmente assim, poderá dizer-se que as camadas atmosféricas superiores estão ligadas aos processos ocorridos na superfície, sendo muito mais fortes do que se supunha antes. Novos dados serão, com certeza, utilizados em modelos científicos que tentam responder à pergunta - o que é que faz acelerar a atmosfera superior de Vênus até centenas de quilómetros por hora.

A resposta à pergunta sobre o que acontece em Vênus está escondida atrás das nuvens. No sentido literal da palavra: um estrato espesso de nuvens à altura de 70 km vem tapando a observação tanto da superfície, como da atmosfera baixa. Para compreender como estão vinculados os estratos superiores e inferiores do invólucro de gás do planeta vizinho, se usam métodos de ação "indiretos", por exemplo, se pode observar as nuvens, cujo aspecto, em muito, vem refletindo os processos ocorridos em baixo.

Tal método foi escolhido por um grupo internacional de pesquisadores, encabeçado por Arianna Piccialli, do Laboratório francês de Observações Atmosféricas, Meio Ambiente e Espaço e da Agência Aeroespacial Europeia (ESA). Utilizando os dados obtidos pela câmara VMC, estacionada a bordo da Venus Express, os cientistas submeteram a uma profunda análise os elementos da orla superior das nuvens à altura de 62-70 km sobre a superfície.

Na sequência disso, em mais de 300 imagens foram descobertos sinais característicos de radiação gravitacional que pode ser equiparada a ondas oceânicas. Não se trata de transferência da substância pela horizontal, mas sim de uma deslocação de águas vertical, o que parece fazer oscilar a borda superior das nuvens.

Estas ondas se dividem em quatro tipos em função de comprimento e largura da frente: são, portanto, as ondas longas, médias, curtas e incorrectas (estas últimas resultam da interação de três tipos anteriores). Para além de características das ondas, os cientistas acabaram por identificar os locais de sua observação, um ângulo de raios solares e a orientação da frente da onda. Como se verificou, as ondas se concentram nas latitudes altas (entre os 60-80 graus da latitude norte), sobretudo, em cima da zona Ishtar onde se localizam os principais maciços de Vênus.

Tais estudos permitem supor que se trate de ondas atmosféricas gravitacionais que surgem, por exemplo, devido à subida do ar quente ou depois de uma corrente de ar contornar um obstáculo, por exemplo, uma montanha.

As provas de existência das ondas gravitacionais em Vênus foram obtidas em 1986, altura em que na atmosfera do planeta se encontravam dois aeróstatos da expedição soviética Vega. Além disso, os dados recolhidos através da Venus Express, durante a experiência radiofónica VeRa, em 2012, permitiram observar as ondas gravitacionais, através de dados relativos à pressão e à temperatura atmosféricas.

Em última analise, as pesquisas mais recentes vêm confirmando os resultados anteriores. O que é que não permite então reconhecer a descoberta? É que ainda não foi calculada a velocidade de sua propagação. A sonda Venus Express vai seguindo a trajectória elipsóide, se aproximando do planeta perto do hemisfério norte. Com isso, se torna melhor a resolução das imagens da VMC, mas, ao mesmo tempo, vai aumentando a velocidade do aparelho espacial e diminuindo os intervalos entre as fotos do mesmo segmento.

No entanto, os investigadores estão convencidos que se trata de ondas gravitacionais. A partir dai, será preciso incluir estas observações nos modelos de circulação da atmosfera de Vênus. A principal meta, nesse contexto, será explicar como se mantém em virtude disso o regime de super rotação. Como se sabe, a atmosfera do planeta, num limite superior das nuvens, se envolve num turbilhão gigantesco, cuja velocidade atinge 300-400 km/hora. Como é que surge e o que é que o "alimenta", eis a questão que, até hoje, está em aberto.

Enquanto isso, a Venus Express continua a operar. As reservas de combustível devem chegar até que se inicie a correcção da órbita em 2014-15. Depois a missão da sonda interplanetária será concluída e o segundo planeta do sistema solar ficará sem um "observador terrestre". O projecto russo, prevendo o pouso da estação Venera-D, será lançado apenas em 2022. Atualmente, a NASA e a ESA não possuem sondas para realizar pesquisas do planeta Vênus.

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