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09/03/2014

Meteorito de Chelyabinsk Ajudará a Desenvolver Nanotecnologias

Este jogo é quase que “um não adianta e mesmo assim vem”, quanto mais tentamos esquecer o incidente que causou um rebuliço nos céus da Rússia - então surgem mais e mais novidades que são mostradas a cerca do meteorito que caiu lá.

O meteorito de Chelyabinsk mostrou estar cheio de segredos e mistérios. Os especialistas da Universidade de Nizhny Novgorod, ao estudarem os fragmentos do bólide celestial, descobriram neles nanocristais naturais de magnésio e ferro.

Foto: RIA Novosti
Isso pode dar nova informação sobre a natureza dos nanomateriais e as condições da sua formação natural, declarou à Voz da Rússia Dmitri Pavlov, doutor em ciências físico-matemáticas e um dos investigadores e autores da descoberta.

O meteorito de Chelyabinsk foi o primeiro na história da investigação dos bólides celestiais onde foram detectadas partículas de nanocristais de origem natural. Isto é um fenômeno bastante curioso, que poderá abrir uma nova página no desenvolvimento das nanotecnologias, explica ele:

Verificamos que o meteorito de Chelyabinsk é formado por nanocristais massivos e compatos. São partículas de cristal pela estrutura, mas de tamanho nanométrico. Antes nunca fora encontrado nada de igual em meteoritos. Tentamos agora criar artificialmente semelhantes objetos. É verdade que, por enquanto, a causa do aparecimento desses nanocristais é uma incógnita.

Os nanocristais contidos na amostra do meteorito de Cheyabinsk são compostos de ferro-periclase. Este mineral contém em si magnésio, ferro e oxigênio. Na Terra formam-se apenas nas camadas do manto superior quando existem altas pressões e temperaturas. Mais, os nanocristais encontrados têm uma forma esférica ideal. Isso mostra que no corpo espacial exerceram influência altíssimas temperaturas e uma pressão colossal. Por isso, é bem provável que as partículas de nanocristais não sejam parentes do meteorito, mas tenham aparecido no momento em que ele caiu a alta velocidade e de uma grande altura, explica Dmitri Pavlov:

Quando o corpo celeste caiu na Terra, ele aqueceu-se muito. A temperatura poderia ter atingido alguns milhares de graus. Tanto mais que, numa altura superior a 15 km, ele ainda explodiu. Foram esses estilhaços incandescentes, que se formaram devido à explosão, que depois caíram. Eles caíram na Terra em frações de segundo. Um desses pequenos estilhaços foi-nos trazido de Chelyabinsk. Em qualquer dos casos, objetos com nanocristais são extremamente importantes do ponto de vista das propriedades físicas, visto que decorrem da natureza quântica de pequenas inclusões. Aí altera-se o espetro energético do corpo sólido.

Por exemplo, foi possível descobrir também que os nanocristais meteoríticos possuem luminescência. Eles imitem radiação visível e infravermelha em ondas longas num diapasão entre 675 e 800 nanometros. Esta descoberta pode servir para a elaboração de sistemas com meios oticamente ativos. Pela primeira vez, a atividade ótica das substâncias foi descoberta em 1811 pelo cientista francês François Jean Dominique Arago no quartzo. E cinco anos depois, outro francês, Jean-Baptiste Biot, descobriu-a nos líquidos puros, bem como nas misturas e vapores de muitas substâncias químicas, assinala Dmitri Pavlov:

Os sistemas com meios oticamente ativos há muito que são criados e empregues na optoeletrônica. Mas as tecnologias da sua obtenção aperfeiçoam-se constantemente e procuram-se novos meios para a sua obtenção. E, aqui, Deus ou a natureza mostraram-nos mais uma via possível de criação de tecnologias especiais tão complexas.

Hoje, especialistas de todo o mundo tentam sem êxito obter por via artificial nanocristais de materiais semicondutores, onde se revelem efeitos de medidas quânticas e se observem brilho não térmico das substâncias. Em diferentes laboratórios físicos criam-se condições extremas para isso. Porém, não foi possível conseguir o desejado.

É provável que uma das chaves do mistério do problema difícil esteja no meteorito de Chelyabinsk. Este corpo celeste abalroou literalmente a atmosfera terrestre a 15 de fevereiro de 2013 e explodiu por cima da cidade russa de Chelyabinsk. Um dos maiores fragmentos do bólide espacial caiu nas águas do lago Chebarkul. Os mergulhadores só conseguiram retirar o pedaço de meteorito a 16 de outubro do ano passado. A parte encontrada do "viajante" extraterrestre pesava mais de 650 quilos.

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