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22/04/2014

Mosquitos Ajudam na Exploração do Espaço

Os Chironomidae é uma família de mosquitos da ordem Diptera que colonizam todos os ambientes aquáticos como rios, riachos, lagos, fitotelmas de plantas, poças de água temporárias, estações de tratamento de esgoto entre outros locais.

Especialistas russos e japoneses realizaram um experimento único em mosquitos na Estação Espacial Internacional. No âmbito do programa Space Midge (“mosquito espacial”), eles levaram, pela primeira vez, larvas desidratadas deste inseto para o espaço aberto. Em seguida, “ressuscitaram-nas” e fizeram uma análise genética. Os mosquitos resistiram ao teste: eles não apenas sobreviveram, mas também provaram que a vida fora da Terra não é ficção científica.

Foto: nias.affrc.go.jp
Não é por acaso que escolheram esse inseto para o experimento. Os mosquitos Chironomidae são capazes de sobreviver por longo tempo em estado de criptobiose - desidratação quase completa e retornar rapidamente à vida quando se encontram novamente em condições favoráveis.

Ao secar, seu corpo substitui a água por moléculas específicas com base em glicose, que “conservam” o tecido vivo, explicou para a Voz da Rússia, o membro do projeto e chefe do laboratório de Ambientes Extremos e Adaptação, do Instituto de Biologia e Medicina Fundamentais junto à Universidade Federal de Kazan, Oleg Gusev:

O que esses larvas têm de especial? A criptobiose - é quando o corpo perde a água toda e mesmo assim sobrevive. Por isso, o espaço aberto não apresenta ameaça para eles. Este fato já é interessante por si só. Mas além disso, é uma certa resposta à questão de como manter baixos os consumos de energia em tecidos vivos do corpo. Em muitos filmes mostram a anabiose - quando os astronautas dormem durante muitos anos e depois acordam. Dessa forma, essas criaturas são os pequenos protótipos”.

No início de fevereiro de 2014, a nave espacial Soyuz com mosquitos Chironomidae a bordo partiu para a EEI. Duas semanas depois, o astronauta japonês Koichi Vakata fez “ressuscitar” os insetos umedecendo-os com água.

Os pesquisadores queriam saber como seria o desenvolvimento das larvas do mosquito em condições de microgravidade e alta radiação. Descobriu-se que o inseto é capaz de se adaptar às condições do espaço. Isto, segundo disse Oleg Gusev, “dá a esperança de usá-los em biotecnologia nos sistemas de suporte de vida em futuras naves espaciais”.

Porém, as possíveis mutações genéticas dos mosquitos após a entrada para o espaço aberto ainda precisam ser estudadas. De acordo com o especialista, o metabolismo das larvas desidratadas pára completamente e, por isso, o DNA registra apenas os possíveis danos decorrentes da radiação espacial:

Assim, de certa forma, as larvas são detetores do perigo das radiação. Por exemplo, depois de um voo a Marte, elas podem ser trazidas de volta à vida para avaliação dos danos no DNA durante o voo e efetuar, consequentemente, o cálculo do risco potencial para os seres humanos.”

Nos voos de longa distância no espaço, um dos principais problemas na ausência de gravidade é a atrofia muscular e a deterioração da circulação sanguínea dos cosmonautas. O mosquito, apesar de seu tamanho pequeno, pode servir de modelo de um ser humano, já que possui os sistemas circulatório e muscular muito similares aos nossos. Este é um bom modelo para a pesquisa.

Os cientistas não se limitam apenas a experimentos com mosquitos, agora eles estão trabalhando num projeto científico que envolve mamíferos. Foi decidido usar animais semelhantes a esquilos - arganazes. Durante a hibernação eles não apresentam nenhuma atrofia muscular, por isso é interessante como os animais se irão comportar no espaço. É possível que eles não percam massa muscular, ao contrário do ser humano. “Isto vai permitir saber - salientou o membro do projeto - como se pode evitar esse tipo de problema no caso dos astronautas.

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