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14/12/2012

Zecharia Sitchin - O 12º. Planeta: CAP. 11 Motim dos Anunnaki

Este capítulo do livro nos explica que: depois de Enlil ter chegado em pessoa à Terra, o "Comando Terra" foi transferido das mãos de Enki. Provavelmente nesta altura o nome ou epíteto de Enki foi mudado para E.A ("senhor das águas") mais do que para "senhor da terra".

Os textos sumérios explicam que nessa remota idade, à chegada dos deuses à Terra, foi acordada uma separação de poderes: Anu devia ficar nos céus e governar o Décimo Segundo Planeta; Enlil devia comandar as terras; e Ea foi encarregado dos AB.ZU (apsu em acádio). Levados pelo significado "aquático" do nome E.A, os estudiosos traduziram AB.ZU como "profundeza aquática", imaginando que, como na mitologia grega, Enlil representava o trovejante Zeus e Ea era o protótipo de Poséidon, deus dos oceanos.

Noutras circunstâncias, o domínio de Enlil é referido como o Mundo Superior e o de Ea é o Mundo Inferior; de novo, os estudiosos consideraram que os termos significavam que Enlil controlava a atmosfera da Terra enquanto Ea era governante das "águas subterrâneas", o paralelo do Hades grego em que os mesopotâmios supostamente acreditavam. O nosso próprio termo abismo (abyss, em inglês), que deriva de apsu, denota águas escuras e profundas nas quais podemos afundar e desaparecer. Deste modo, quando os estudiosos deparavam com textos mesopotâmicos descrevendo este Mundo Inferior, traduziam-no por Unterwelt ("mundo subterrâneo", em alemão) ou Totenwelt ("mundo dos mortos", em alemão). Apenas há poucos anos puderam os sumeriologistas mitigar, de algum modo, a agourenta conotação usando na tradução o termo mundo baixo.

Os textos mesopotâmicos mais responsáveis por esta má interpretação foram uma série de liturgias lamentando o desaparecimento de Demuzi, mais conhecido nos textos bíblicos e cananitas como deus Tamuz. Foi com ele que Inanna/Ishtar manteve seu mais celebrado caso de amor; e quando ele desapareceu, ela desceu ao Mundo Inferior para o procurar.

A importante obra de P. Maurus Witzel (Tammuz-Liturgen und Verwandtes) {Liturgias de Tamuz e Aparentadas}, sobre os "Textos de Tamuz" sumérios e acádios, apenas ajudou a perpetuar esta concepção errônea. Os contos épicos da procura de Ishtar foram tomados para significar uma viagem "ao reino dos mortos, e o seu [de Inanna] eventual regresso à terra dos vivos".

Os textos sumérios e acádios descrevendo a descida de Inanna/Ishtar ao Mundo Inferior informam-nos que a deusa decidiu visitar sua irmã Ereshkingal, senhora do local. Ishtar não foi a tal local nem morta nem contra sua expressa vontade - foi lá viva e sem convite, abrindo seu caminho, ameaçando o guarda do portão:

Se tu não abrires o portão para que eu não possa entrar,
Eu esmagarei a porta, eu despedaçarei o ferrolho,
Eu esmagarei o poste da porta, eu moverei as portas.

Um a um, os sete portões que levam à residência de Ereshkigal abriram-se para Ishtar; quando finalmente chegou, Ereshkigal viu-a e enfureceu-se, literalmente (o texto acádio diz "explodiu à sua presença"). O texto sumério, vago acerca do objetivo da viagem ou da causa da ira de Ereshkigal, revela que Inanna esperava tal recepção. Ela preocupou-se em notificar as outras deidades principais com a devida antecedência sobre sua viagem e assegurou-se de que elas dariam os passos necessários para a salvarem, caso fosse aprisionada no "Grande Abismo".

O esposo de Ereshkigal - e Senhor do Mundo Inferior - era Nergal. A maneira pela qual chegou ao Grande Abismo e se tornou seu senhor não só nos esclarece acerca da natureza humana dos "deuses", como representa também o Mundo Inferior como nada mais que "um mundo dos mortos”.

O conto, encontrado em várias versões, começa com um banquete, no qual os convidados de honra eram Anu, Enlil e Ea. O banquete foi celebrado "nos céus", mas não na residência de Anu no Décimo Segundo Planeta. Talvez esse banquete tivesse lugar a bordo de uma nave espacial em órbita porque, quando Ereshkigal não pôde subir para se reunir a eles, os deuses mandaram lhe um mensageiro que “desceu a longa escadaria dos céus, alcançou o portão de Ereshkigal". Tendo recebido o convite, Ereshkigal instruiu seu conselheiro, Namtar:

Ascende, Namtar, a longa escadaria dos céus;
Retira o prato da mesa, toma minha parte;
O que quer que Anu te
dê, traz tudo isso a mim.

Quando Namtar penetrou na sala do banquete, todos os deuses, exceto um "deus calvo, sentado atrás", se levantaram para o cumprimentar. Namtar relatou o incidente a Ereshkigal quando regressou ao Mundo Inferior. Ela e todos os deuses secundários do seu domínio foram insultados. Ela exigiu então que o deus ofensor lhe fosse enviado para ser castigado.

O ofensor, porém, era Nergal, um filho do grande Ea. Depois de uma severa reprimenda passada por seu pai, Nergal foi instruído no sentido de fazer a viagem sozinho, armado apenas de muitos conselhos paternais sobre o seu comportamento. Quando Nergal chegou ao portão, foi reconhecido por Namtar como o deus ofensor e conduzido ao "largo pátio da corte de Ereshkigal", onde o submeteram a vários testes.

Mais cedo ou mais tarde, Ereshkigal foi tomar seu banho diário.

...Ela revelou seu corpo.
O que é normal para um homem e uma mulher,
Ele... no seu coração...
...Eles abraçaram-se,
Apaixonadamente eles dirigiram-se ao leito.

Durante sete dias e sete noites eles fizeram amor. No Mundo Superior foi dado o alarme pelo desaparecido Nergal. "Liberta-me", disse ele a Ereshkigal. "Eu partirei e eu regressarei", prometeu. Mas mal tinha ele partido e logo Namtar foi ter com Ereshkigal e acusou Nergal de não ter nenhuma intenção de regressar. Mais uma vez Namtar foi enviado a Anu. A mensagem de Ereshkigal era clara:

Eu, tua filha, fui jovem;
Não conheci os jogos das donzelas...
Aquele deus que tu mandaste,
E que teve relações comigo -
Envia-o a mim para que possa ser meu marido,
Para que possa recolher-se comigo.

Talvez não ainda com a vida matrimonial em mente, Nergal organizou uma expedição militar e assaltou os portões de Ereshkigal, pretendendo "cortar sua cabeça". Mas Ereshkigal suplicou:

Sê tu meu marido e serei tua mulher.
Eu deixar-te-ei possuir domínio
Sobre a larga Terra Inferior.
Eu colocarei a Barra da Sabedoria em tuas mãos.
Tu serás o Senhor, eu serei a Senhora.

E depois aconteceu o final feliz:

Quando Nergal ouviu as palavras dela,
Segurou sua mão e beijou-a,
Secando as lágrimas:
Aquilo que tu desejaste para mim
Desde há meses -
que aconteça agora!

Os acontecimentos narrados não sugerem uma Terra dos Mortos. Muito pelo contrário, é um local onde os deuses podiam entrar e sair, um lugar de amor, suficientemente importante para ser confiado a uma neta de Enlil e a um filho de Enki. Reconhecendo que os fatos não comprovam a concepção anterior de uma região triste, W. F. Albright (Mesopotamian Elements in Canaanite Eschatology) [Elementos Mesopotâmicos na Escatologia Cananita] sugeriu que o domicílio de Dumuzi no Mundo Inferior era um "brilhante e fecundo lar no paraíso subterrâneo chamado 'a boca dos rios' que estava intimamente associado ao lar de Ea no Apsu".

O local ficava longe e era difícil de alcançar; com toda a certeza, tratava-se de uma "área restrita" de algum modo, mas dificilmente um "local sem regresso". Dizia-se de Inanna, assim como de outras divindades dominantes, que iam e voltavam deste Mundo Inferior. Enlil foi banido para o Abzu durante uns tempos depois de ter violado Ninlil. E Ea era um viajante virtual entre Eridu na Suméria e o Abzu, trazendo ao Abzu "a habilidade. dos artesãos de Eridu" e estabelecendo ali "um santuário supremo" para si próprio.

Longe de ser escuro e desolado, o local era descrito como resplandecente com água corrente.

Uma terra rica, amada por Enki;
Explodindo em riquezas, perfeita na abundância...
Cujo poderoso rio corre através da terra.

Vimos as muitas representações de Ea como o Deus das Águas Fluentes. É evidente, a partir das fontes sumérias, que estas águas fluentes existem realmente não na Suméria, mas no Grande Abismo. W. F. Albright chamou a atenção para um texto tratando do Mundo Inferior como a terra de UT.TU - "no oeste" da Suméria. Esse texto fala de uma viagem de Enki ao Apsu:

Para ti, Apsu, pura terra,
Onde as grandes águas fluem rapidamente,
Para o Domicílio das Águas Fluentes
A que o próprio Senhor recorre...
O Domicílio das Águas Fluentes
Enki nas puras águas estabeleceu;
No meio do Apsu,
Um grande santuário ele estabeleceu
.

Segundo dizem, o local ficava situado para além de um mar. Um lamento pelo "filho puro", o jovem Dumuzi, relata que ele foi levado num barco para o Mundo Inferior. A "Lamentação sobre a Destruição da Suméria" descreve como Inanna conseguiu introduzir-se furtivamente a bordo de um barco que estava à espera. "Das suas possessões ela avançou navegando. Ela desce ao Mundo Inferior.”

Um longo texto, pouco compreendido porque dele não foi encontrada nenhuma versão intacta, aborda uma grande disputa entre Ira (título de Nergal como Senhor do Mundo Inferior) e seu irmão Marduk. Durante o curso da disputa, Nergal deixou seu domínio e confrontou-se com Marduk na Babilônia; Marduk, por outro lado, ameaçou: "Para o Apsu eu descerei, para inspecionar os Anunnaki... minhas furiosas armas contra eles erguerei". Para alcançar o Apsu, ele deixou a terra da Mesopotâmia e viajou sobre "águas que se elevavam". Seu destino era Arali na "fundação" da terra, e os textos fornecem uma pista precisa quanto à localização desta "fundação":

No mar distante,100 beru de água [ao longe]...
O solo de
Arali [é]...
É onde as
Pedras Azuis causam doença
Onde o artífice de Anu
Carrega o Machado de Prata, que brilha como o dia.

O beru, tanto uma unidade agrária como cronológica, era provavelmente usado na última acepção quando estavam envolvidas viagens sobre a água.

Porque equivalia a uma hora dupla, uma centena de beru significava duzentas horas de navegação. Não temos meios de determinar a velocidade real ou média de navegação empregada nestes antigos cálculos de distância. Mas não há dúvida de que uma terra realmente distante era alcançada depois de uma viagem por mar de mais de 3 ou 4 mil quilômetros.

Os textos indicam que Arali situava-se a oeste e ao sul da Suméria. Um barco viajando 3 ou 4 mil quilômetros na direção de sudoeste a partir do golfo Pérsico podia ter apenas um destino: as costas da África do Sul.

Só tal conclusão pode explicar os termos Mundo Inferior, significando o hemisfério sul, onde ficava a terra de Arali, quando contrastado com o Mundo Superior, ou o hemisfério norte, onde ficava situada a Suméria. Tal divisão dos hemisférios da terra entre Enlil (a norte) e Ea (a sul) comparavase à designação dos céus setentrionais como a Via de Enlil e os céus meridionais como a Via de Ea.

A capacidade dos Nefilim em empreender viagens interplanetárias, orbitar a Terra e nela aterrissar devia evitar a questão sobre a possibilidade dos Nefilim saberem da existência da África Meridional, para além da Mesopotâmia. Muitos selos cilíndricos descrevendo animais característicos da área (tais como a zebra ou a avestruz), cenas da selva ou governantes envergando peles de leopardo segundo a tradição africana atestam uma "conexão africana".

Que interesse tinham os Nefilim nesta parte de África, desviando para ela o gênio científico de Ea e concedendo aos importantes deuses encarregados da Terra uma "Barra da sabedoria" única?

O termo sumério AB.ZU, que os estudiosos acreditaram que significasse "profundeza aquática", requer uma nova e crítica análise. Literalmente, o termo significava "profunda fonte primeva" - não necessariamente de águas. De acordo com as regras gramaticais sumérias, das duas sílabas de um termo qualquer podia proceder a outra sem alterar o significado da palavra, com o resultado de AB.ZU e ZU.AB significarem a mesma coisa. A pronúncia posterior do termo sumério permite a identificação do seu paralelo nas línguas semitas, uma vez que za-ab sempre significou e ainda significa "metal precioso", especificamente "ouro", em hebraico e nas línguas irmãs.

O pictograma sumério para AB.ZU era uma escavação profunda na Terra, com uma haste sobreposta. Deste modo, Ea não era o senhor de uma "profundeza aquática" indefinida, mas o deus encarregado da exploração dos minerais da Terra!

De fato, o grego abyssos, adotado do apsu acádio, significava também um buraco extremamente profundo no solo. Os manuais acádios explicavam que "apsu é nikbu"; o significado da palavra e de seu equivalente hebraico nikba é muito preciso: trata-se de um corte ou perfuração profundos e feitos pelo homem no solo.

P. Jensen (Die Cosmologie der Babylonier) [A Cosmologia dos Babilônios] observava em 1890 que o termo acádio Bit Nimiku (freqüentemente encontrado) não devia ser traduzido. como "casa de sabedoria", mas como "casa da profundidade". Ele citava um texto (V.R.30, 49-50ab) que afirmava:

"É de Bit Nimiku que vinham o ouro e a prata". Outro texto (III.R.57, 35ab), salientou ele, explicava que o nome acádio "Deusa Shala de Nimiki" era a tradução do epíteto sumério "Deusa que Manuseia o Brilhante Bronze". O termo acádio nimiku, que foi traduzido por "sabedoria", concluiu Jensen, "tinha a ver com metais". Perguntado por que, admitiu ele simplesmente: "Eu não o sei".

Alguns hinos mesopotâmicos exaltam Ea como Bea Nimiki, traduzido "senhor da sabedoria", a tradução correta devia ser, indubitavelmente, "senhor das minas". Tal como a Barra dos Destinos em Nippur contém dados orbitais, segue-se que a Barra da Sabedoria confiada a Nergal e Ereshkigal era de fato uma "Barra de Mineração" um "banco de dados" pertencendo às operações mineiras dos Nefilim.

Como Senhor do Abzu, Ea era assistido por outro filho, o deus GI.BIL ("ele que queima o solo"), que tinha a seu cargo o fogo e a fundição. O Ferreiro da Terra era normalmente representado como um jovem deus cujos ombros emitiam raios quentes e vermelhos ou chispas de fogo, emergindo do solo ou prestes a descer para seu exterior. Os textos afirmam que Gibil foi embebido por Ea em "sabedoria", significando que Ea lhe ensinara técnicas de mineração.

Os minérios de metal extraídos no sudeste da África pelos Nefilim eram levados para a Mesopotâmia por navios de carga especialmente desenhados para esse fim, chamados MA.GUR UR.NU AB.ZU ("barco para minérios do Mundo Inferior"). Ali, os minérios eram levados para Bad-Tibira, cujo nome significava, literalmente, "a fundação do trabalho em metal".

Fundidos e refinados, os minérios eram moldados em lingotes cuja forma permaneceu inalterável ao longo do Mundo Antigo durante milênios.

Estes lingotes foram realmente encontrados em várias escavações no Oriente Médio, confirmando a credibilidade dos pictogramas sumérios como representações verdadeiras dos objetos que eles "transcreviam"; o signo sumério para o termo ZAG ("purificado precioso") era a gravura de tal lingote. Em tempos mais anteriores, esse lingote tinha claramente um orifício ao longo do seu comprimento, através do qual era inserida uma vara para transporte.

Várias descrições de um Deus das Águas Fluentes mostram-no flanqueado por portadores de tais preciosos lingotes de metal, indicando que ele era também o Deus da Mineração.


Várias descrições de um Deus das Águas Fluentes mostram-no flanqueado por portadores de tais preciosos lingotes de metal, indicando que ele era também o Deus da Mineração.

Os vários nomes e epítetos para a Terra de Minas africana de Ea estão repletos de pistas para sua localização e natureza. Era conhecida como A.RA.LI ("local dos brilhantes veios"), a terra de onde vinham os minérios de metal. Inanna, planejando sua descida ao hemisfério sul, refere-se ao lugar como a terra onde "o precioso metal é coberto com o solo", onde é encontrado no subsolo. Um texto mencionado por Erica Reiner, listando as montanhas e os rios do mundo sumério, afirmava: "Monte Arali: lar do ouro"; um texto fragmentário descrito por H. Radau confirmou que Arali era a terra da qual Bad-Tibira dependia para a continuidade de suas operações.

Os textos mesopotâmicos falavam da Terra de Minas como sendo montanhosa, com planaltos e estepes cobertos de relva e luxuriante vegetação. A capital de Ereshkigal nessa terra era descrita pelos textos sumérios como sendo GAB.KUR.RA ("no coração das montanhas"), bem para o interior. Na versão acádia da viagem de Ishtar, o guarda do portão dá-lhe as boas-vindas:

Entra, senhora minha,
Que Kutu rejubile com tua presença;
Que o palácio da terra de Nugia
Tenha prazer com tua presença.

Transportando para o acádio o significado “aquele que está no coração da terra", o termo KU.TU em sua origem suméria significava também "os brilhantes terrenos elevados". Era uma região, sugerem todos os textos, de dias brilhantes, inundados pela luz do Sol. Os termos sumérios para ouro (KU:GI - "brilhante fora da terra") e prata (KU.BABBAR - "brilhante ouro") mantiveram a associação original destes metais preciosos com o resplandecente (Ku) domínio de Ereshkigal.

Os signos pictográficos usados na primeira escrita da Suméria revelam grande familiaridade não só com diversos processos metalúrgicos, mas também com o fato de as fontes de metais serem minas escavadas dentro da terra. Os termos para cobre e bronze ("pedra bonita-brilhante"), ouro ("o supremo metal minerado") ou "refinado" ("brilhante-purificado") eram todos pictogramas diferentes para poço de mina ("abertura/boa para metal vermelho-escuro").


O nome da terra - Arali - podia ser escrito também como uma variante do pictograma para "vermelho-escuro" (solo), de Kush ("vermelho-escuro", mas ao tempo significando "negro"), ou dos metais aí minerados; os pictogramas descreviam sempre variantes de um poço de mina.


Amplas referências a ouro e outros metais nos textos antigos sugerem familiaridade com a metalurgia desde os mais remotos tempos. Existiu nos primórdios da civilização um comércio ativo de metais, resultado do conhecimento legado à humanidade pelos deuses que, dizem os textos, se ocuparam com a mineração e metalurgia muito antes do aparecimento do homem. Muitos estudos que correlacionam os contos divinos mesopotâmicos com a lista de patriarcas bíblicos do período pré-diluviano salientam que, de acordo com a Bíblia, Tubal-cainera um "artífice de ouro, cobre e ferro" muito antes do dilúvio.

O Antigo Testamento reconhecia a terra de Ophir, que ficava provavelmente na África, como uma fonte de ouro na Antiguidade. Os comboios de barcos do rei Salomão desceram o mar Vermelho desde Ezion-geber (atual Elath).

"E eles foram para Ophir e apanharam aí ouro." Não desejando arriscar-se a uma demora na construção do Templo do Senhor em Jerusalém, Salomão combinou com seu aliado Hiram, rei de Tiro, enviar uma segunda frota a Ophir por uma rota alternativa:

E o rei tinha no mar uma armada de Tarshish
Com a armada de Hiram.
Sempre, de três em três anos, vinha a armada de Tarshish,
Trazendo ouro e prata, marfim e chimpanzés e macacos.

A frota de Tarshish levava três anos a completar uma viagem de ida e volta. Dando um tempo apropriado para carregar em Ophir, a viagem em cada uma das direções deve ter levado bem mais de um ano. Isto sugere um caminho mais longo do que a rota direta via mar Vermelho e oceano Índico, à volta da África.

A maior parte dos estudiosos localiza Tarshish no Mediterrâneo Ocidental, possivelmente no ou próximo do atual estreito de Gibraltar. Este local seria ideal para embarcar numa viagem à volta do continente africano. Alguns acreditam que o nome de Tarshish significava "fundição".

Muitos estudiosos da Bíblia sugeriram que Ophir podia ser identificado com a atual Rodésia. Z. Herman (Peoples, Seas, Ships) {Povos, Mares, Navios} reuniu provas mostrando que os egípcios obtinham vários minerais da Rodésia em tempos muito antigos. Engenheiros de minas na Rodésia, assim como na África do Sul, muitas vezes procuraram ouro investigando provas de mineração pré-histórica.

Como se atingia a residência de interior de Ereshkigal? Como eram transportados os minérios desde o "coração da terra" até os portos do litoral?

Conhecendo a segurança dos Nefilim em navegação fluvial, não devíamos nos surpreender por encontrar um rio importante e navegável no Mundo Inferior. O conto de "Enlil e Nelil" informa-nos que Enlil foi banido para o exílio no Mundo Inferior. Quando chegou à região, teve de ser transportado por um largo rio.

Um texto babilônico abordando as origens e o destino da humanidade referese ao rio do Mundo Inferior como o rio Habur, o "Rio de Peixes e Pássaros".

Alguns textos sumérios alcunhavam a terra de Ereshkigal de "Região de Pradaria de HA.BUR".

Dos quatro poderosos rios da África, um, o Nilo, corre ao norte para o Mediterrâneo; o Congo e o Níger deságuam a oeste no oceano Atlântico, e o Zambeze corre desde o coração da África num semicírculo em direção ao oriente até que atinge a costa leste. Este oferece um amplo delta com bons locais de porto e é navegável para o interior até uma distância de centenas de quilômetros.

Seria o Zambeze o "Rio de Peixes e Pássaros" do Mundo Inferior? Seriam suas majestosas cataratas de Vitória as quedas de água mencionadas num texto como o local da capital de Ereshkigal?

Conscientes de que muitos sítios mineiros na África do Sul "recentemente descobertos" e promissores foram locais de mineração na Antiguidade, a Corporação Anglo-Americana convocou equipes de arqueologistas para examinar a localidade antes que os modernos equipamentos de remoção de terras varressem todos os vestígios de trabalho antigo. Fazendo a reportagem de suas descobertas na revista Optima, Adrian Boshier e Peter Beaumont afirmaram que depararam com camadas sobre camadas de vestígios de atividades mineiras antigas e pré-históricas e com ossadas humanas. A datação por carbono na Universidade de Yale e na Universidade de Croningen (Holanda) estabeleceu a idade dos objetos, que abrange desde uns prováveis 2.000 a.C. até uns espantosos 7.690 a.C.

Intrigados pela inesperada antiguidade dos achados, a equipe alargou sua zona de investigação. Na base de um rochedo virado para as escarpadas vertentes ocidentais do pico do Leão, uma laje de cinco toneladas de hematita bloqueava o acesso a uma caverna. Vestígios de carvão de lenha datavam as operações de mineração dentro da caverna de 20.000 a 26.000 a.C.

Seria possível a mineração de metais durante a velha Idade da Pedra?

Incrédulos, os estudiosos escavaram um poço num ponto em que, claramente, os antigos mineiros começaram suas operações. Uma amostra de carvão de lenha aí encontrada foi enviada ao laboratório de Croningen. O resultado foi uma datação do ano 41.250 a.C., com uma margem, para mais ou para menos, de 1.600 anos!

Os cientistas sul-africanos sondavam, então, locais de minas pré-históricos na Suazilândia, ao sul. Nos limites das cavernas de minas desenterradas, eles encontraram ramos de árvore, folhas e relva e até penas, tudo isto, presumivelmente, trazido para dentro pelos antigos mineiros para improvisar leitos. Datando do ano 35.000 a.C., encontraram ossos fendidos que "indicam a capacidade do homem em contar naquele remoto período". Outros vestígios avançavam a idade dos objetos até cerca do ano 50.000 a.C.

Acreditando que “a verdadeira idade da investida da mineração na Suazilândia é mais provável ser encontrada na ordem do ano 70.000-80.000 a.C.", os dois cientistas sugeriram que "o sul da África... podia bem ter estado na vanguarda da invenção e inovação tecnológica durante grande parte do período subseqüente ao ano 100.000 a.C."

Comentando as descobertas, o dr. Kenneth Oakley, ex-antropólogo-chefe do Museu de História Natural em Londres, encontrou uma significação bastante diferente nos achados. "Os achados lançam uma importante luz sobre as origens do homem... é agora possível que o sul da África tivesse sido o lar evolucionário do homem", e o "local de nascimento" do Homo sapiens.

Como mostraremos, foi realmente aí que o homem moderno apareceu na Terra, através de uma cadeia de acontecimentos engatilhados pela procura de metais pelos deuses.

Tanto os cientistas sérios como os escritores de ficção científica sugeriram que uma boa razão para nós estabelecermos colônias noutros planetas ou asteróides poderia ser a possibilidade de utilização de minerais raros desses corpos celestes, demasiado escassos ou demasiado dispendiosos de mineração na Terra. Poderia ter sido este o objetivo dos Nefilim ao colonizarem a Terra?

Os estudiosos modernos dividem as atividades do homem na Terra em Idade da Pedra, Idade do Bronze, Idade do Ferro, e assim por diante; nos tempos antigos, no entanto, o poeta grego Hesíodo, por exemplo, listava cinco idades - Ouro, Prata, Bronze, Heróica e Ferro. Exceto quanto à Idade Heróica, todas as antigas tradições aceitavam a seqüência ouro-prata-cobre-ferro. O profeta Daniel teve uma visão na qual viu "uma grande imagem" com uma cabeça de ouro fino, peito e braços de prata, abdômen de bronze, pernas de ferro e extremidades, ou pés, de barro.

Mito e folclore estão repletos de memórias nebulosas de uma Idade do Ouro, associada em grande parte ao tempo em que os deuses de ambulavam pela terra, seguida por uma Idade da Prata e depois pelas idades em que os deuses e os homens partilhavam a terra - as Idades dos Heróis, do Cobre, do Bronze e do Ferro. Serão estas lendas, de fato, vagas lembranças de reais acontecimentos na Terra?

Ouro, prata e cobre são todos elementos nativos do grupo do ouro. Entram na mesma família na classificação periódica por peso atômico e por número; têm propriedades cristalográficas, químicas e físicas similares: todos são moles, maleáveis e dúcteis. São os melhores condutores de calor e eletricidade de todos os elementos conhecidos.

Dos três, o ouro é o mais durável, virtualmente indestrutível. Embora conhecido sobretudo por seu uso como dinheiro e em joalheria ou objetos finos, seu valor na indústria eletrônica é quase incalculável. Uma sociedade sofisticada precisa do ouro para montagens microeletrônicas, condutores de circuitos impressos e "cérebros" de computador.

A paixão do homem pelo ouro pode ser seguida até os inícios de sua civilização e religião, aos seus contatos com os deuses antigos. Os deuses da Suméria exigiam que lhes fosse servida comida em travessas de ouro, água e vinho em taças de ouro e que fossem vestidos com trajes dourados. Embora os israelitas tivessem abandonado o Egito tão rapidamente que não lhes sobrou tempo para deixar levedar o pão, foram-lhes fornecidas instruções para requererem dos egípcios todos os objetos de prata e ouro disponíveis.

Esta ordem, como mais tarde descobriremos, antevia a necessidade destes materiais para a construção do tabernáculo e seus equipamentos eletrônicos.

O ouro, a que chamamos o metal real, é na verdade o metal dos deuses. Falando ao profeta Ageu, o Senhor deixou bem claro, em relação ao seu regresso para o julgamento das nações: "A prata é minha e o ouro é meu".

As provas sugerem que a própria paixão do homem por estes metais tem suas raízes na grande necessidade dos Nefilim em obterem ouro. Os Nefilim, ao que parece, vieram à Terra à procura do ouro e dos metais relacionados.

Podem ter vindo também para procurar outros metais raros, tal como a platina (abundante no sul da África), que pode ativar células de combustível de uma maneira extraordinária. E não deve ser excluída a possibilidade de terem vindo à Terra sondar fontes de minerais radioativos, tais como o urânio e o cobalto - as "pedras azuis que causam doença" do Mundo Inferior, que alguns textos mencionam. Muitas representações mostram Ea, como o Deus da Mineração, emitindo tão poderosos raios enquanto sai de uma mina que os deuses que o aguardam têm de usar visores de proteção; em todas estas representações, Ea é mostrado segurando uma serra de rocha dos mineiros.

Embora Enki estivesse encarregado do primeiro grupo na Terra e do desenvolvimento do Abzu, o crédito de tudo aquilo que foi realizado como aconteceria com todos os generais - não deve ir integral apenas para ele.

Aqueles que realmente executaram um trabalho, dia após dia, foram os membros inferiores do grupo, os Anunnaki.

Um texto sumério descreve a construção do centro de Enlil em Nippur. "Os Anunna, deuses do céu e da terra, estão trabalhando. O machado e o cesto de transporte, com os quais fazem os alicerces das cidades, seguram em suas mãos.”

Os textos antigos descrevem os Anunnaki como os deuses de segunda categoria que foram envolvidos na colonização da Terra - os deuses "que realizaram as tarefas". A "Epopéia da Criação" babilônica atribui a Marduk a distribuição dos encargos aos Anunnaki. (O original sumério, podemos imaginar seguramente, falava de Enlil como o deus que deu ordem a estes astronautas.)

Designados para Anu, para observarem suas instruções,
Três centenas nos céus eles estavam como uma guarda;
Para marcar os caminhos dos céus à Terra;
E na Terra,
Seis centenas ele fez residir.
Depois de ter ordenado todas as suas instruções,
Aos Anunnaki do céu e da terra
Ele distribuiu seus encargos


Os textos revelam que três centenas deles - os "Anunnaki do céu", ou IGIGI - eram verdadeiros astronautas que ficaram a bordo da nave espacial sem aterrissarem realmente na Terra. Orbitando a Terra, esta nave espacial lançava e recebia o ônibus que viajava para a Terra.

Como chefe dos "Águias", Shamash era um convidado bem-vindo e heróico a bordo "da poderosa grande câmara no céu" dos Igigi. Um "Hino a Shamash" descreve como os Igigi observaram Shamash aproximando-se em seu ônibus:

Com teus aparecimentos, todos os príncipes estão contentes;
Todos os
Igigi rejubilam por ti...
No brilho da tua luz, seu caminho...
Eles olham constantemente para teu esplendor...
Bem aberta está a porta, inteiramente...
As ofertas de pão de todos os
Igigi [esperam-te]

Ficando no alto, os Igigi, evidentemente, nunca foram encontrados pela humanidade. Vários textos dizem que eles estavam "demasiado alto para a humanidade, e, como conseqüência, não estavam preocupados com o povo".

Os Anunnaki, por outro lado, que aterrissaram e ficaram na Terra, eram conhecidos e reverenciados pelo gênero humano. Os textos que afirmam que "os Anunnaki do céu... são 300", afirmam também que "os Anunnaki da terra... são 600".

Ainda assim, muitos textos persistem em se referir aos Anunnaki como "os cinqüenta grandes príncipes". Uma pronúncia vulgar do seu nome em acádio, An-nun-na-ki, cria prontamente o significado “os cinqüenta que foram do céu à terra". Haverá meios de estabelecer uma ponte entre as aparentes contradições?

Relembramos o texto que relata como Marduk correu para seu pai Ea para dar conta da perda de uma nave espacial transportando “os Anunnaki que são cinqüenta" quando ela passou próximo de Saturno. Um texto de exorcismo do tempo da terceira dinastia de Ur fala dos anunna eridu ninnubi ("os cinqüenta Anunnaki da cidade de Eridu"). Isto sugere bem que o grupo de Nefilim que fundou Eridu sob o comando de Enki perfazia os cinqüenta elementos. O número de Nefilim em cada grupo que aterrissava poderia ser cinqüenta?

É, acreditamos, bastante compreensível que os Nefilim chegassem à Terra em grupos de cinqüenta. Quando as visitas à Terra se tornaram regulares, coincidindo com horários de lançamento oportunos a partir do Décimo Segundo Planeta, mais Nefilim devem ter começado a vir. De cada vez, alguns dos primeiros visitantes deviam subir num módulo da Terra e reunir-se à nave espacial para a viagem para casa. Mas, de cada vez, deviam ficar também mais Nefilim e o número de astronautas do Décimo Segundo Planeta para colonizar a Terra aumentou dos cinqüenta do grupo de aterrissagem inicial para os "seiscentos que se estabeleceram na Terra".

Como esperavam os Nefilim levar a bom termo sua missão de conseguir na Terra os minerais desejados e enviar os lingotes de volta para o Décimo Segundo Planeta, com um número tão escasso de mãos?

Sem nenhuma sombra de dúvida, eles confiavam em seu conhecimento científico. É aí que se torna claro todo o valor de Enki, a razão de ele, e não Enlil, ter sido o primeiro a aterrissar, a razão de a ele ter sido atribuído o Abzu.

Um famoso selo agora em exibição no Museu do Louvre mostra Ea com apenas suas usuais águas fluentes, que estas parecem emanar de, ou serem filtradas através de, uma série de garrafas de laboratório.

Uma interpretação tão antiga da associação de Ea com o elemento água levanta a possibilidade de a esperança original dos Nefilim ter sido obter os minerais a partir do mar. As águas dos oceanos contêm realmente vastas quantidades de ouro e outros minerais vitais, mas diluídos em tão larga escala que são necessárias técnicas baratas e altamente sofisticadas para justificar tal "mineração aquática". Sabe-se também que os leitos do mar contêm quantidades imensas de minerais na forma de nódulos do tamanho de ameixas, viáveis apenas se alguém pudesse descer a uma grande profundidade e coletá-los.

Os antigos textos referem-se repetidamente a um tipo de barco usado pelos deuses chamado elippu tebiti ("navio afundado", que agora chamamos submarino). Vimos os "homens-peixes" que estavam associados a Ea. Será isto prova das tentativas em mergulhar nas profundezas dos oceanos e daí retirar as riquezas minerais? A Terra das Minas, como já observamos, foi primeiramente chamada A.Ra.Li, "local das águas dos brilhantes veios".

Pode referir-se a uma terra em que o ouro era peneirado nos rios e pode também referir-se a tentativas para obter ouro dos mares.

Se estes eram os planos dos Nefilim, claramente não deram em nada. Pouco depois de terem fundado suas primeiras colônias, às poucas centenas de Anunnaki foi atribuída uma tarefa inesperada e muito árdua: descer às profundidades do solo africano e minerar ali os minerais desejados.

Foram encontradas representações em selos cilíndricos que mostram deuses à porta daquilo que parecem ser entradas de minas ou veios de minas. Um mostra Ea numa região em que Gibil está acima da terra e outro deus labuta sob o solo, de joelhos e mãos no chão.

Em tempos posteriores, os textos babilônicos e assírios revelam que homens, novos e velhos, eram sentenciados a um duro trabalho nas minas do Mundo Inferior. Trabalhando na escuridão e recebendo farinha para comer, estavam condenados a nunca mais regressarem à sua pátria.

É por este motivo que o epíteto sumério para a terra - Kurnu.Gi.A - adquiriu a interpretação "terra sem regresso"; seu significado literal era "terra onde deuses-que-trabalham, em profundos túneis, acumulam os veios".

Ao tempo em que os Nefilim colonizaram a Terra todas as antigas fontes o atestam, o homem não habitava ainda a Terra, e, na ausência da humanidade, os poucos Anunnaki tinham de trabalhar arduamente. Ishtar, em sua descida ao Mundo Inferior, descrevia o cansado Anunnaki comendo alimentos misturados com argila e bebendo água poluída com poeira.

Com este pano de fundo, podemos entender por completo um longo texto épico chamado (segundo seu verso de abertura, como era costume) "Quando os deuses, como homens, faziam o trabalho".

Reunindo muitos fragmentos tanto das versões babilônicas como das assírias, W. G. Lambert e A. R. Millard (Atra-Hasis: The Babylonian Story of the Flood) [Atra-Hasis: A História Babilônica do Dilúvio] conseguiram apresentar um texto contínuo. Concluíram que se baseava em versões anteriores e possivelmente em tradições orais ainda mais remotas acerca da chegada dos deuses à Terra, da criação do homem e de sua destruição pelo dilúvio.

Enquanto muitos versos têm apenas valor literário para seus tradutores, nós os achamos altamente significativos, uma vez que confirmam nossas descobertas e conclusões dos capítulos precedentes. Eles explicam também as circunstâncias que levaram ao motim dos Anunnaki.

A história começa no tempo em que apenas os deuses viviam na Terra:

Quando os deuses, como os homens,
Faziam o trabalho, e sofriam a fadiga
A lida dos deuses era grande,
O trabalho era pesado,
A angústia era muita.

Naquele tempo, relata a epopéia, as deidades principais tinham já dividido os poderes entre si.

Anu, pai dos Anunnaki, era o rei celestial;
Seu chanceler era o guerreiro Enlil.
O oficial-chefe era Ninurta,
E seu corregedor era Ennugi.

Os deuses trocaram apertos de mão,
Lançaram sortes e dividiram.
Anu subira ao céu,
[Deixado] a terra a seus súditos.
Os mares, reunidos em cadeia,
Eles deram a
Enki, o príncipe.

Sete cidades foram fundadas, e o texto refere-se aos sete Anunnaki que dirigiam as cidades. A disciplina devia ter sido rígida, uma vez que, diz-nos o texto, "os Sete Grandes Anunnaki faziam os deuses inferiores sofrer todo o trabalho".

De todos os cansativos trabalhos, o de escavação era o mais comum, árduo e odioso. Os deuses inferiores escavavam as margens dos rios para os tornar navegáveis; escavavam canais para a irrigação e escavavam também no Apsu para trazer à superfície os minérios da Terra. Embora, indubitavelmente, tivessem algumas sofisticadas ferramentas - os textos falam do "machado de prata que brilha como o dia", até debaixo do solo - o trabalho era demasiado exigente. Durante um longo período - durante quarenta "períodos", para ser exato - os Anunnaki "sofreram a exaustão", e depois gritaram: "Basta!”

Eles queixavam-se, falavam mal,
Resmungavam nas escavações.

A ocasião para o motim parece ter sido uma visita de Enlil à área de mineração. Aproveitando a oportunidade, os Anunnaki disseram uns aos outros:

Vamos enfrentar o nosso... oficial-chefe,
Para que ele nos alivie de nosso pesado trabalho.
Ao
rei dos deuses, o herói Enlil,
Enervemo-lo em seu domicílio!

Rapidamente foi encontrado um dirigente ou organizador do motim. Ele era o "oficial-chefe do velho tempo", que devia ter mantido alguma divergência com o oficial-chefe da época do motim. Seu nome, lamentavelmente, está fraturado no texto, mas sua incitante inventiva é bastante clara:

Agora, proclamemos a guerra;
Planejemos as hostilidades e batalhemos.

A descrição do motim é tão vívida que nos ocorrem ao espírito cenas da tomada da Bastilha:

Os deuses consideraram suas ordens.
Eles lançaram fogo sobre suas ferramentas;
Puseram fogo em seus machados;
Eles perturbaram o deus na mineração dos túneis;
Eles seguraram-[no] enquanto se dirigiam
A
o portão do herói Enlil.

O antigo poeta dá vida ao drama e à tensão dos eventos:

Era noite, a meio caminho ia o relógio.
Sua casa estava rodeada -
Mas o deus,
Enlil, não o sabia.Kalkal [então] observou-o, estava perturbado.
Ele fez deslizar o ferrolho e vigiou...
Kalkal despertou Nusku;
Eles prestaram atenção ao ruído de...
Nusku despertou seu senhor -
Ele tirou-o de seu leito, [dizendo:]
Meu senhor, tua casa está cercada,
A luta veio direta até tuas portas.

A primeira reação de Enlil foi pegar em armas contra os amotinados. Mas Nusku, seu chanceler, aconselhou uma assembléia dos deuses:

Transmite uma mensagem para que Anu desça;
Que Enki seja trazido à tua presença.
Ele transmitiu-a e Anu foi trazido para baixo;
Também Enki foi trazido à sua presença.
Com os grandes Anunnaki presentes,
Enlil ergueu-se... abriu sua boca
E dirigiu-se aos grandes deuses.

Tomando o motim como coisa pessoal, Enlil exigiu saber:

É contra mim que isto é feito?
Devo me comprometer em hostilidades...?
Que viram meus próprios olhos?
Aquela batalha veio direta até meu portão!

Anu sugeriu que devia ser aberto um inquérito. Investido na autoridade de Anu e dos outros comandantes, Nusku foi até aos amotinados sitiantes. "Quem é o instigador da batalha?", perguntou ele. "Quem é o provocador das hostilidades?”

Os Anunnaki mantiveram-se unidos:

Cada um de nós, deuses, declarou a guerra!
Nós temos o nosso... nas escavações;
A fadiga excessiva matou-nos,
Nosso trabalho era pesado, muita a angústia.

Quando Enlil ouviu o relato destas queixas feitas por Nusku, "suas lágrimas soltaram-se". Ele apresentou um ultimato: ou o chefe dos amotinados era executado ou ele abdicava. "Leva o cargo, retoma o teu poder", disse ele a Anu, "e eu ascenderei aos céus para ti". Mas Anu, que descera dos céus, apoiou os Anunnaki:

De que os acusamos nós?
Seu trabalho era pesado, sua angústia muita!
Todos os dias...
O lamento era pesado; nós podíamos ouvir a queixa.

Encorajado pelas palavras de seu pai, Ea também “abriu sua boca" e repetiu a conclusão de Anu. Mas ele tinha uma conclusão para oferecer: que um lulu, um "trabalhador primitivo", fosse criado!

Enquanto está presente a deusa do nascimento,
Que ela crie um trabalhador primitivo;
Que ele suporte o jugo...
Que ele sofra a fadiga dos deuses!

A sugestão da criação de um "trabalhador primitivo" que tomaria às suas costas o fardo dos Anunnaki foi rapidamente aceita. Unanimemente, os deuses votaram a criação do "trabalhador". "Homem será o seu nome", disseram eles:

Eles intimaram e pediram à deusa,
A parteira dos deuses, a sensata
Mami, [e disseram-lhe:]
Tu és a deusa do nascimento, cria trabalhadores!
Gera um trabalhador primitivo,
Para que ele possa suportar o jugo!
Que ele carregue o jugo atribuído por
Enlil,
Que o trabalhador suporte a fadiga dos deuses!

Mami, a mãe dos deuses, disse que iria precisar da ajuda de Ea, "com quem repousa a capacidade". Na casa de Shimti, um local semelhante a um hospital, os deuses aguardavam. Ea ajudou a preparar a mistura da qual a deusa-mãe passou a idealizar o "homem". Estavam presentes deusas do nascimento. A deusa-mãe continuou seu trabalho enquanto eram recitados encantamentos a todo o instante. Então, ela gritou triunfante:

Eu criei
Minhas mãos o fizeram!

Ela "convocou os Anunnaki, os grandes deuses... ela abriu sua boca, dirigiuse aos grandes deuses":

Vocês me incumbiram de uma tarefa -
Eu a completei...
Eu retirei vosso pesado trabalho
Eu impus vossa fadiga no trabalhador, 'homem’
Vocês lançaram o grito para um gênero - trabalhador:
Eu soltei o jugo,
Eu vos dei liberdade.

Os Anunnaki receberam seu anúncio entusiasticamente. "Eles correram em grupo e beijaram-lhe os pés". Daí em diante seria o trabalhador primitivo, o homem, "quem suportaria o jugo".

Os Nefilim, chegando à Terra para fundar suas colônias, criaram uma espécie de escravatura não com escravos importados de outro continente, mas com trabalhadores primitivos idealizados pelos próprios Nefilim.

Um motim de deuses levara à criação do homem.

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