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22/05/2014

Cientistas Escolhem Local de Pouso Para Futuros Jipes Marcianos

O planeta vermelho continuará sendo o alvo principal das investidas humanas a longo prazo, desde que os esforços alcançados sejam compartilhados pelo bem comum; tudo é valido nesta aventura em busca de benefícios para humanidade.

Entre os dias 14 e 16 deste mês a comunidade científica debateu os possíveis locais para o pouso do próximo jipe marciano da NASA. Planejado para 2020, esse aparelho deverá ser a primeira etapa numa fiada de missões com o objetivo final de trazer para a Terra uma amostra de solo marciano.

Foto: NASA/JPL-Caltech/MSSS
Ao invés do voo tripulado para o Planeta Vermelho, o transporte para a Terra de seu solo não é do domínio da ficção científica, apesar de exigir soluções técnicas extraordinárias.

O seminário para a escolha do local de pouso do novo jipe marciano da NASA decorreu em meados de maio em Washington (EUA). Os representantes da comunidade científica e técnica discutiram os locais mais propícios de Marte que podem ser usados para o pouso do próximo rover marciano, que se planeja lançar em 2020. O projeto é igual ao do Curiosity que se encontra em funcionamento, mas vai levar para Marte um novo conjunto de instrumentos científicos.

O principal é que esse jipe marciano deverá recolher cerca de 30 amostras de solo que depois deverão ser transportados para a Terra. Contudo, as etapas posteriores ainda não foram definidas: se prevê que os núcleos recolhidos pela sonda sejam depois levados para a órbita de Marte com recurso ao envio de uma estação automática. Da órbita para a Terra eles serão transportados por uma terceira sonda. Mas nenhuma destas duas missões ainda foi definida, nem sequer esboçada.

A escolha do local de pouso é um processo muito trabalhoso. O primeiro seminário que lhe foi dedicado se realizou em 2012, ainda antes da chegada do Curiosity a Marte. O seminário de maio do corrente ano é o segundo debate. Já a escolha final não deverá ser feita antes de 2019.

Como Marte já está densamente “povoado” de sondas automáticas, a escolha se complica. Por um lado, o jipe marciano poderá pousar num local completamente novo; por outro, pode ser igualmente interessante regressar aos locais já estudados e observá-los com “outros olhos”. Claro que o local de pouso deverá ser o mais interessante possível, o que no caso de Marte significa conter vestígios de ação da água, onde, segundo se prevê, são mais elevadas as possibilidades de descobrir sinais de vida ou pelo menos os compostos que a precederam.

Ainda há pouco tempo esse problema se colocou aos cientistas europeus e russos, os quais tiveram de escolher um local para pousar o jipe marciano Pasteur no âmbito do projeto ExoMars (lançamento previsto para 2018). Também a lista das regiões que foram objeto de estudo se repetiu em grande parte. Isso não é, aliás, muito estranho - apesar de Marte ser grande, o conjunto de regiões potencialmente interessantes para as investigações, cujo objetivo é o mesmo, é afinal finito, e se considerarmos que não se consegue pousar a sonda em qualquer local, é mesmo bastante limitado.

A sonda Pasteur deverá iniciar a sua viagem dois anos antes da projetada sonda norte-americana. Mas ainda antes, em 2016, para Marte irá viajar a sonda de pouso, igualmente norte-americana InSight (além da NASA, a sua criação é objeto de grande cooperação internacional). Ela não se irá deslocar pela superfície, mas deverá entrar dentro do planeta por perfuração para estudar a sua estrutura interna. No fim da semana passada a missão InSight passou com sucesso no processo oficial de exame do projeto e agora começa a sua verdadeira execução.

Marte não enfrenta uma perspectiva de solidão e, se se considerar os ritmos da sua exploração, não está longe o dia em que os cientistas da Terra irão receber amostras de solo diretamente do planeta. Se falarmos a sério, será precisamente o transporte de “um pedaço de Marte”, e não o voo tripulado, que será o próximo objetivo da “corrida espacial”. Nem se trata sobretudo do seu valor científico. Ele é grande, sem dúvida, mas se o interesse fosse apenas científico as missões a Marte não teriam intervalos de dois anos, mas de muitos mais anos.

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