Os pesquisadores buscam obter dados com o mergulho da sonda “Venus Express (VEX)” nas expessas e misteriosas nuvens deste planeta, através desta que é a primeira missão de exploração de Vênus com a sonda, da Agência Espacial Europeia.
A sonda interplanetária Venus Express (VEX) se prepara para servir a ciência mais uma vez “mergulhando” na atmosfera de Vênus até uma altitude de 130 km. É possível que esta venha a ser a última missão do aparelho da Agência Espacial Europeia (ESA), na criação do qual também participaram ativamente cientistas russos.
Foto: Flickr.com/ridingwithrobots/cc-by-sa 3.0 |
Com seu desaparecimento, os estudos do segundo planeta a contar a partir do Sol irão entrar num período de acalmia, porque neste momento não existe em todo o mundo praticamente nenhuma missão venusiana em curso.
Depois de oito anos de serviço em órbita de Vênus, a sonda espacial europeia VEX deverá realizar uma nova e arriscada manobra: submergir na atmosfera do planeta até às camadas mais densas e realizar medições. A órbita de serviço do aparelho nunca tinha baixado dos 250 km (na zona do polo norte do planeta), atingindo os 66 mil quilômetros no seu apogeu.
A opção por essa manobra foi tomada no “ocaso” do funcionamento ativo do aparelho. Seu combustível está ficando esgotado e as missões científicas principais já foram concluídas.
A missão científica principal demorou cerca de um ano terrestre e meio desde a chegada a Vênus em abril de 2006; depois disso, o funcionamento da Venus Express foi prolongado por diversas vezes. Neste momento, sua manutenção está planejada até 2015, se à entrada na atmosfera se seguir uma saída bem-sucedida. Os investigadores não excluem que os restos de combustível da sonda sejam consumidos nesse “mergulho” e que a VEX sairá de órbita antes do prazo. Aliás, mesmo que a manobra tenha sucesso, o aparelho só funcionará nesse planeta até 2015.
Um pouco antes, a Venus Express já tinha descido bastante, até cerca de 165 km de altitude, mas agora está planejado atingir uma altitude de cerca de 130 km ou menos, se for possível. Como o alvo principal da missão era o estudo da atmosfera do planeta, essa manobra permitirá obter dados das altitudes que são difíceis de estudar à distância.
O Venus Express foi o único aparelho venusiano funcionando com sucesso nas últimas décadas, tendo sido lançado após um interregno de 15 anos. A sonda venusiana japonesa, lançada para o espaço em 2010, falhou a órbita de Vênus que estava programada.
É interessante constatar que também o Venus Express em certo sentido não foi um “bebê planejado”. Inicialmente a ESA estava criando a missão Mars Express para estudos de Marte. Depois do seu início em 2003, foi decidido anunciar um concurso para uma missão em que fosse usado o mesmo projeto de aparelho que no Mars Express.
Venceu a proposta para o estudo de Vênus. O conjunto de instrumentos científicos (sete unidades) também foi parcialmente “herdado do seu irmão marciano” e da sonda Rosetta. Assim se obteve uma missão bastante barata, sobretudo muito rápida de montar, mas que resultou muito eficaz pelos resultados científicos obtidos depois do seu arranque a 9 de novembro de 2005.
Para a Rússia a Venus Express tem um grande significado. A ciência planetária soviética atingiu seus resultados mais notáveis precisamente nos estudos de Vênus e por isso um projeto que continuou os trabalhos iniciados pela URSS, de uma forma ou de outra, é especialmente acarinhado. Desde o início do planejamento da missão que os cientistas russos participaram dela da forma mais ativa. Os dois espetrômetros que ela transporta foram projetados, fabricados e testados com a participação de especialistas russos. Em outros três experimentos os cientistas russos participaram como co-investigadores.
Alguns dos resultados alcançados pelos especialistas russos entraram para a lista dos resultados mais importantes da missão enumerados no site da ESA. O primeiro foi o registro das oscilações na concentração de dióxido de enxofre, o que pode indicar uma atividade vulcânica recente. O segundo foi ter sido descoberto, em resultado de muitos anos de observações, que o turbilhão global, que abrange todo o planeta, está em aceleração gradual. O terceiro foi ter sido descoberto pela primeira vez, pelos aparelhos do Venus Express, uma camada muito fina de ozono na atmosfera desse planeta.
Será que Vênus irá ainda ter lugar nos programas planetários das potências espaciais? Hoje a resposta a essa pergunta ainda não está definida. Por um lado, a Rússia tenciona enviar para Vênus uma sonda de pouso, a Venera-D (D de “longa vida” em russo), que deverá “viver” na superfície incandescente do planeta cerca de um dia. Mas as datas exatas dessa missão ainda não foram definidas e ela não deverá se realizar antes dos anos 2020. É possível que se consiga deslocar para Vênus a sonda japonesa Akatsuki. As tentativas para fazê-la regressar ao planeta serão empreendidas em 2015.
Mas é só isso. O planeta que é apelidado de “irmão da Terra”, por serem tão parecidos nas suas dimensões e, provavelmente, pelas circunstâncias do seu surgimento, poderá ficar sozinho.
Fonte: http://portuguese.ruvr.ru
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Por favor: não perturbe, nem bagunce! Apenas desejamos que seja amigo com os demais! Seja paciente, humilde e respeitoso com os outros leitores. Se você for ofendido, comunique-se conosco. Obrigado!