Ele era um sacerdote que foi chamado para profetizar durante o Exílio do povo judeu, atividade exercida entre os anos 593 a 571 a.C. Diz-se que fundou uma escola de profetas e ensinava a Lei à beira do Rio Kebar que corta a cidade de Babilônia.
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| Visão de Ezequiel por Matthäus Merian (1593-1650). | 
Assim Ezequiel descreveu o artefato que observou às margens do Rio 
Quebar, conforme ficou marcado em seu relato bíblico:
 
“Era como uma roda
 dentro de outra roda”.
E complementa:
“Vinha do norte um redemoinho de 
vento e uma grande nuvem, uma massa de fogo e um resplendor ao redor 
dela. Em seu centro, isto é, no meio do fogo, havia uma imagem como de 
bronze”.
Seu minucioso relato no Antigo Testamento talvez seja um dos 
mais reveladores depoimentos históricos a apoiar a tese de que, já há 
milênios, alguém observara de perto a descida de uma nave espacial.
No entanto, por mais meticulosa que seja toda sua narrativa, a 
observação de Ezequiel assume especial importância em função da 
descrição da roda, ou das rodas, que ele viu - por ser este um dado 
técnico surpreendente e que dá mais sustento ao caso. Este detalhe é 
mais importante do que outras referências que dão margem a diferentes 
interpretações do episódio. Inúmeras tentativas de ilustrações do UFO 
foram feitas por autores superficialmente informados, sem sucesso. Todos
 deram como concreto que o profeta teria observado halos, círculos de 
luz ou coisas parecidas com rodas no céu. Essas são hipóteses falsas se 
prestarmos atenção ao que Ezequiel diz de forma clara:
“
E enquanto estava eu olhando, apareceu uma roda sobre a terra. E as 
rodas e a matéria delas eram como crisólito, as quatro eram semelhantes,
 com forma e estrutura como de uma roda que está dentro de outra roda. 
Caminhavam constantemente por seus quatro lados e não se voltavam quando
 andavam. Assim mesmo as rodas tinham tal circunferência e altura que 
causava espanto vê-las.
E toda a circunferência delas estava cheia de 
olhos por todas as partes. Caminhando os seres viventes, andavam 
igualmente também as rodas junto a eles. E quando aqueles seres se 
levantavam da terra, se levantavam também do mesmo modo as rodas com 
eles. A qualquer parte aonde ia o espírito, lá se dirigiam também as 
rodas, porque havia nelas espírito de vida”.
Descrédito e ceticismo
Ezequiel
 fala de rodas no solo e nunca no céu. Isso invalida, entre outras, a 
tentativa de explicação do astrônomo Donald Menzel, da Universidade de 
Harvard, que sustentou que o profeta teria sido vítima de uma ilusão 
ótica devido a um parélio - fenômeno atmosférico de reflexão e refração 
da luz solar nos cristais de gelo das nuvens, no qual aparecem anéis 
concêntricos rodeando o Sol. Portanto, e ainda que seja inadmissível 
para alguns, a possibilidade de que o depoimento fornecido por Ezequiel 
descreva na melhor linguagem de sua época a aterrissagem de um artefato 
alienígena não pode ser descartada imediatamente e por mero preconceito.
 
Sem dúvida, Ezequiel não tinha a menor ideia de qual seria o aspecto 
de uma nave espacial, tampouco conhecia a explicação para o fenômeno do 
parélio. Mas soube descrever muito bem como funcionava uma simples roda 
em uma singela carroça. Por isso que chama a atenção que ele tenha tido 
tanto empenho em descrever características peculiares de algo tão 
incomum dizendo, por exemplo, que:
“Sua forma e estrutura eram como de 
uma roda que está dentro de outra roda”, ou que “caminhavam 
constantemente por seus quatro lados e não se voltavam quando andavam”, 
ou ainda que estaria “cheia de olhos por todas as partes”.
Patente baseada no relato
Em
 Eram os Deuses Astronautas? [Melhoramentos, 1968], Erich von Däniken 
propôs que Ezequiel falava de um tipo de nave espacial, o que levou o 
engenheiro aeronáutico Josef Blumrich, dono de uma medalha de honra ao 
mérito por serviços especiais outorgada pela NASA, a demonstrar que o 
escritor suíço estava equivocado. Blumrich dedicou-se a uma exaustiva 
investigação do milenário texto bíblico, mas sua honestidade intelectual
 o levou a admitir que, de fato, o profeta do Antigo Testamento poderia 
muito bem ter feito uma descrição técnica de uma nave espacial, como 
sustentava Däniken.
Ele mesmo depois interpretou que o objeto teria um corpo cônico, um 
conjunto de quatro trens de aterrissagem com paletas de helicóptero, 
rodas e outros complexos mecanismos, que divulgou com abundantes 
detalhes técnicos e diagramas em seu livro 
The Spaceships of Ezekiel [A 
Espaçonave de Ezequiel, Callahan Editors, 1974], causando grande 
polêmica. Blumrich, que participou da construção do foguete Saturno V, 
que levou os astronautas à Lua, desenhou e patenteou naquele mesmo ano -
 com o número 3.789.947 do Registro de Patentes dos Estados Unidos - uma
 roda omnidirecional inspirada na descrição de Ezequiel. A estrutura era
 exatamente como a de uma roda dentro de outra, que caminha por seus 
quatro lados e não se volta quando anda, cheia de olhos por todas as 
partes. 
Engenhoso e simples
Não
 é tão simples para a maioria das pessoas compreender o desenho e função
 dessas rodas. No entanto, com a explicação de Blumrich sobre o 
mecanismo, percebe-se que não se trata de algo extremamente complicado e
 muito menos impossível para a tecnologia robótica do século XXI.
“
As 
rodas permitem um movimento rolante em todas as direções, sem que para 
isso precisem virar. Esta complicada condição será realizável da maneira
 mais surpreendentemente singela”.
Foi o que escreveu Blumrich em outro livro,  
Ezequiel Vió Una Nave Extraterrestre [Ezequiel Viu Uma Nave 
Extraterrestre, Editorial Ate, 1979]. Na obra, uma série de explicações e
 figuras descrevem como o engenheiro realizou o projeto, bem como sua 
perfeita capacidade de produção em larga escala.
 
Mas nem sempre as coisas ficam totalmente claras até que se veja o 
aparelho funcionando. Felizmente, a roda vista por Ezequiel está hoje em
 movimento para todos verem. Sabe-se que um invento - como o patenteado 
por Blumrich - pode ser melhorado a qualquer momento e que toda 
otimização de um desenho original é sempre um passo adiante. Isso se 
constata com agradável surpresa no monociclo U3-X, que a empresa 
japonesa Honda apresentou ao público em outubro de 2009, no Tóquio Motor
 Show. O veículo é simplesmente a roda omnidirecional de Ezequiel.
Em sintonia com a tecnologia dos segways, meio de transporte de duas 
rodas que funciona a partir do equilíbrio do indivíduo que o utiliza, 
inventado por Dean Kamen em dezembro de 2001, o novo veículo da Honda 
conta com um sistema denominado Honda Omni Traction Drive System. O 
aparato é formado por pequenas rodas motorizadas conectadas entre si 
para formar outra, de diâmetro maior - isso permite o movimento em 
qualquer direção, como as rodas que o profeta Ezequiel observou.
Lógica e racionalidade
O
 estudioso de escrituras sagradas R. P. Serafín de Ausejo, responsável 
pela revisão dos originais e pelas introduções da edição da Bíblia 
consultada para este trabalho [Editorial Herder Barcelona, 1970], diz, 
muitas outras coisas interessantes, que “o livro de Ezequiel é 
seguramente o mais ordenado e lógico entre os de todos os profetas”. Ele
 complementa afirmando que o caráter de Ezequiel é lógico e racional.
“Não é um poeta ao estilo de Isaías, nem um coração emotivo como o de 
Jeremias. Sua força está na ponderação de seu raciocínio”.
Um conceito desse tipo sobre uma pessoa lhe dá a qualidade de 
testemunha absolutamente confiável. Há 2.600 anos, aquele homem lógico, 
racional e letrado disse ter visto algo cujas características permitem 
suspeitar que se tratasse de uma maravilha tecnológica, algo muito 
adiante de sua capacidade de entendimento. Ainda assim, ele a descreveu 
da melhor maneira que a linguagem da época permitia. Sua narrativa alude
 a insólitas rodas cuja função técnica, hoje, no século 21, conseguimos 
compreender apenas graças ao projeto de uma empresa líder em robótica. É
 difícil crer que atualmente, salvo as distâncias dos novos avanços 
tecnológicos no campo da informação, algum de nós tivesse conseguido 
descrever tal roda omnidirecional com maior clareza do que o próprio 
Ezequiel.
 
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