à vontade pela atmosfera terrestre.
Um texto aborda a violação de Inanna/Ishtar por uma pessoa não identificada, que justifica deste modo sua ação:
Um dia minha rainha,
Depois de ter cruzado os céus, cruzado a terra –
Inanna,
Depois de ter cruzado os céus, cruzado a terra
Depois de ter cruzado Elam e Shubur,
Depois de ter cruzado...
O hieródulo aproximou-se exausto, adormeceu.
Eu vi-a dos limites do meu jardim,
Beijei-a, fiz amor com ela.
Inanna, descrita aqui vagando pelos céus sobre várias terras situadas longe umas das outras - façanhas possíveis apenas voando -, fala, ela própria, numa outra ocasião, de seu vôo. Num texto a que S. Langdon (in Revista de Assiriologia e de Arqueologia Oriental) chamou "Uma Liturgia Clássica para Innini", a deusa lamenta sua expulsão da cidade que lhe pertencia. Agindo sob ordens de Enlil, um emissário, que trouxe "para mim a palavra do céu", entrou na sala do trono, "tocou-me com suas mãos sujas" e, depois de outras indignidades.
A mim, do meu templo, eles me fizeram voar;
Uma rainha, eu sou, a quem da minha cidade,
Tal como um pássaro, me fizeram voar.
Tal capacidade, tanto de Inanna como de outras importantes deidades, era com freqüência indicada pelos artistas antigos ao representarem os deuses, antropomórficos em todos os aspectos, como já vimos, com asas. As asas, como pode ser verificado através de numerosas descrições, não eram naturais, não faziam parte integrante do corpo, mas constituíam antes um acessório decorativo da indumentária dos deuses.
Inanna/Ishtar, cujas longas viagens são mencionadas em muitos textos antigos, alternava-se entre seu distante domínio original em Aratta e sua ambicionada residência em Uruk. Ela visitou Enki em Eridu e Enlil em Nippur, e também seu irmão Utu em seu quartel-general, em Sippar. Mas sua mais celebrada viagem foi ao Mundo Inferior, o domínio de sua irmã Ereshkigal. A viagem serviu de tema para contos épicos, como também de representações artísticas em selos cilíndricos - os mais antigos mostram a deusa com asas para acentuar o fato de ter voado sobre a Suméria até ao Mundo Inferior.
Os textos que relatam certa viagem arriscada mencionam o modo como Inanna colocou nela própria, meticulosamente, sete objetos primordiais para o início da viagem e como teve de ir se desfazendo deles à medida que passava através dos sete portões que conduziam ao domicílio da irmã. Estes objetos são também mencionados noutros textos que tratam das jornadas rumo ao céu de Inanna:
1. O SHU.GAR.RA ela pôs na cabeça.
3. Correntes de pequenas pedras azuis à volta do pescoço.
4. "Pedras" gêmeas em seus ombros.
5. Um cilindro dourado nas mãos.
6. Fitas segurando seus seios.
7. A veste PALA envolvendo seu corpo.
A versão bíblica dos acontecimentos que precedem a destruição das duas cidades pecaminosas ilustra o fato de que estes emissários eram, por um lado, antropomórficos em todos os aspectos e, por outro lado, podiam ser identificados como "anjos" assim que eram avistados. Compreendemos também que seu aparecimento era repentino. Abraão "levantou seus olhos e, ali à vista, estavam três homens a seu lado". Inclinando-se e chamando-lhes "Meus Senhores", ele rogou-lhes "Não passem sobre o vosso servo", e insistiu com eles para lhes lavar os pés e providenciar descanso e alimento.
Tendo agido como lhes pedia Abraão, dois dos anjos (o terceiro "homem" era afinal o Senhor em pessoa) prosseguiram depois viagem para Sodoma. Lot, o sobrinho de Abraão, "estava sentado às portas de Sodoma; e quando os viu, levantou-se ao encontro deles e, inclinando-se até o chão, disse: 'Se agrada aos meus senhores, peço-vos que venham à casa deste vosso servo e aí lavem vossos pés e pernoitem'. Depois, fez para eles uma festa, e eles comeram". Quando a notícia da chegada dos dois se espalhou, "todo o povo da cidade, velhos e novos, rodearam a casa e chamaram Lot para fora, perguntando-lhe: 'Onde estão os dois homens que vieram à tua casa esta noite’”?
Como podiam ser homens, que comiam, bebiam, dormiam e lavavam os pés e, não obstante, eram imediatamente reconhecidos como anjos do Senhor? A única explicação plausível é que aquilo que envergavam - os elmos ou uniformes - ou aquilo que transportavam - suas armas tornavam-nos reconhecíveis de imediato.
É certamente possível que transportassem armas características: os dois "homens" em Sodoma, que quase foram linchados pela multidão, "aniquilaram o povo à entrada da casa com a cegueira... e eles foram incapazes de achar o caminho". E outro anjo, aparecendo a Gedeão, quando ele foi escolhido para ser juiz em Israel, deu-lhe um sinal divino tocando uma rocha com seu bastão, fazendo logo saltar chamas da pedra.
A equipe chefiada por Andrae encontrou, no entanto, outra invulgar descrição de Ishtar em seu templo em Ashur. Mais uma escultura de parede do que o habitual relevo, mostra a deusa com um elmo justo decorado com "fones" estendidos como se tivessem suas próprias antenas, e usando ainda uns "óculos" muito evidentes, que faziam parte do elmo.
É inútil dizer que qualquer indivíduo que visse uma pessoa, do sexo masculino ou feminino, assim trajada, compreenderia imediatamente que encontrara um aeronauta divino.
As estatuetas de argila encontradas em colônias sumérias e que se acredita terem 5.500 anos de idade podem perfeitamente tratar-se de grosseiras representações desses malachim segurando armas parecidas com varinhas de condão. Em certos casos, a face é vista através de um visor de elmo. Em outros, o "emissário" usa um inconfundível toucado cônico divino e um uniforme com objetos circulares de função desconhecida.
As viseiras ou "óculos" das estatuetas apresentam um traço muito interessante, porque o Oriente Médio no 4º. milênio a.C. estava literalmente atolado de estatuetas muito finas que representavam, de maneira estilizada, a parte superior das deidades, exagerando sua característica mais marcante: um elmo cônico com visores ou óculos elípticos.
Uma enorme quantidade destas estatuetas foi encontrada em Tell Brak, um sítio pré-histórico no rio Khabur, o rio em cujas margens Ezequiel viu o carro divino, alguns milênios mais tarde.
Indubitavelmente, não se trata de mera coincidência que os hititas, unidos à Suméria e à Acádia através da área de Khabur, tivessem adotado como signo
escrito para "deuses" o símbolo nitidamente decalcado dos "olhos" das estatuetas. Não admira também que este símbolo ou hieróglifo para "ser divino", expresso em estilos artísticos, tenha dominado a arte não só da Ásia Menor, mas também dos primeiros gregos durante os períodos minóico e micênico.
Os textos antigos indicam que os deuses colocavam esta peça especial não apenas para seus vôos nos céus da terra, mas também quando ascendiam aos distantes céus. Falando de suas visitas ocasionais a Anu em sua residência celestial, Inanna explica que ela própria podia empreender estas jornadas porque "o próprio Enlil cingia a divina peça ME à volta do meu corpo". O texto põe na boca de Enlil as seguintes palavras dirigidas à deusa:
Tu ergueste o ME,
Tu ligaste o ME às tuas mãos,
Tu reuniste o ME,
Tu juntaste o ME ao teu peito...
Ó rainha de todos os ME, ó radiante luz
Que com suas mãos se apodera dos sete ME.
Um antigo governador sumério convidado pelos deuses para ascender aos céus chamava-se EN.ME.DUR.AN.KI, que significava, literalmente, "governante cujo me liga céus e terra". Uma inscrição de Nabucodonosor II, descrevendo a reconstrução de um pavilhão especial para o "carro celestial" de Marduk, afirma que este pavilhão era parte da "casa fortificada dos sete ME do céu e da terra".
Os eruditos referem-se ao ME como "objetos de poder divino". Literalmente o termo tem sua raiz no conceito de "nadar nas águas celestiais". Inanna descreveu-o como parte da "veste celestial" que envergava para suas jornadas no Barco dos Céus. Os me eram, pois, partes da indumentária especial para voar nos céus da terra e também pelo firmamento afora.
A lenda grega de Ícaro situa o herói tentando voar com asas revestidas com penas adaptadas com cera a seu corpo. As provas do antigo Oriente Médio mostram que, embora os deuses possam ter sido representados com asas para indicar suas capacidades voadoras - ou por vezes talvez com uniformes
alados como marca de sua posição de homens do ar -, eles nunca tentaram usar asas adaptadas para voar. Muito pelo contrário, usavam veículos para tais viagens.
O Antigo Testamento informa-nos que o patriarca Jacó, passando a norte num campo fora de Harah, viu "uma escada instalada na terra, e cujo topo alcançava os céus", pela qual "anjos do Senhor", laboriosamente, subiam e desciam. O próprio Senhor estava no topo da escada. E o estupefato Jacó "estava receoso e disse":
E eu não o sabia...
Quão intimidante é este lugar!
De fato, esta não é senão a residência do Senhor,
E esta é sua porta de entrada para os céus!
Há também dois pormenores interessantes neste conto. O primeiro, é que os seres divinos, subindo e descendo por esta "porta de entrada para os céus", usavam um equipamento mecânico, uma "escada". O segundo, é que o que Jacó viu o deixou na mais completa surpresa. A "residência do Senhor", a "escada" e os "anjos do Senhor" que usavam essa escada não estavam lá quando Jacó se estendeu para dormir ao relento. Repentinamente, aconteceu a intimidante "visão". E, pela manhã, a "residência", a "escada" e seus
ocupantes desapareceram.
Podemos concluir que o equipamento usado pelos seres divinos era uma espécie qualquer de aeroplano que podia aparecer sobre um local, flutuar por um momento e desaparecer de vista outra vez.
O Antigo Testamento relata também que o profeta Elias não morreu na Terra, mas "subiu ao firmamento num furacão". Este não foi um acontecimento repentino ou inesperado. A ascensão de Elias aos céus fora previamente arranjada. Ele foi mandado a Beth-El ("casa do Senhor") num dia específico. Já se espalhara, entretanto, um rumor entre seus discípulos de que ele estava prestes a ser levado para os céus. Quando questionaram seu substituto acerca da veracidade do rumor, ele confirmou que, realmente, o "Senhor levará hoje o mestre". E depois:
E cavalos de chamas...
E Elias subiu até ao céu num furacão.
Ainda mais celebrado e certamente mais bem descrito foi o carro celestial visto pelo profeta Ezequiel, que habitou entre os deportados judeus nas margens do rio Khabur, na Mesopotâmia do Norte.
E eu vi as aparições do Senhor.
O que Ezequiel viu foi um ser de aparência humana, rodeado de brilho e esplendor, sentado num trono que estava colocado num "firmamento" de metal dentro do carro. O próprio veículo, que podia se mover para qualquer direção sobre rodas-dentro-de-rodas e levantar-se verticalmente do chão, foi descrito pelo profeta como um furacão resplandecente.
Um furacão vindo do norte,
Como uma grande nuvem com reflexos de fogo
E dentro dele, de dentro do fogo,
Havia uma radiação semelhante a um halo cintilante.
Alguns estudiosos da descrição bíblica (tais como Josef F. Blumrich, da NASA, EUA.) concluíram que o "carro", visto por Ezequiel, era um helicóptero consistindo em uma cabina assente em quatro suportes, cada um deles equipados com asas rotativas - um verdadeiro "furacão".
Cerca de dois milênios mais cedo, quando o governante sumério Gudea comemorava a construção do templo para seu deus Ninurta, ele descreveu que lhe aparecera "um homem que brilhava como os céus... pelo elmo em sua cabeça, ele era um deus". Quando Ninurta e dois companheiros divinos apareceram a Gudea, eles estavam por detrás do "divino pássaro preto do vento" de Ninurta. Como se apurou, o objetivo primário da construção do templo era fornecer uma zona de segurança, um recinto fechado dentro dos limites territoriais do templo para este "divino pássaro".
Para a construção deste recinto, relatou Gudea, foram necessárias gigantescas vigas e pedras maciças importadas de longe. Apenas quando o "divino pássaro" foi colocado dentro dos limites do recinto é que se considerou completa a construção do templo. E, uma vez no lugar, o "pássaro divino" "podia estacionar nos céus" e era capaz de "reunir céus e terra". O objeto era tão importante, "sagrado", que estava constantemente guardado e protegido por duas "armas divinas", o "supremo caçador" e o "supremo assassino", armas que emitiam feixes de luz e raios mortíferos.
A similitude das descrições bíblicas e sumérias, tanto nos veículos como nos seres que viajavam dentro deles, é óbvia. A descrição dos veículos como "pássaros", "pássaros de vento" e "furacão" que se podiam erguer em direção ao alto enquanto emitiam um esplendor não deixa dúvidas de que se tratava de um tipo qualquer de máquina voadora.
Enigmáticos murais desenterrados em Tell Ghassul, um local a leste do mar Morto, cujo nome antigo é desconhecido, podem lançar alguma luz no nosso tema. Datados de cerca do ano 3.500 a.C., os murais descrevem um largo "compasso" de oito pontas, a cabeça de uma pessoa de elmo dentro de uma câmara, em forma de sino e dois desenhos de aeroplanos mecânicos que bem podiam ter sido os "furacões" da Antiguidade.
Os textos antigos descrevem ainda alguns veículos usados para erguer aeronautas aos céus. Gudea relata que, enquanto o "pássaro divino" se levantava para rodear as terras, ele "lampejou sobre os tijolos erguidos". O recinto protegido foi descrito como MU.NA.DA.TUR.TUR ("pedra forte, lugar de descanso do MU"). Urukagina, que governava em Lagash, disse a respeito do "divino pássaro de vento": "O MU que ilumina como uma fogueira, eu fiz alto e forte". De igual modo, Lu-Utu, que governou em Umma no 3º. milênio a.C., construiu um local para um mu, "que avança numa fogueira", para o Deus Um, "no local indicado dentro do seu templo".
O rei babilônico Nabucodonosor II, registrando a reconstrução do recinto sagrado de Marduk, disse que, dentro de muros fortificados feitos de tijolo queimado e fulgurante mármore ônix.
Eu ergui a cabeça do barco ID.GE.UL
O carro da nobreza de Marduk.
O barco ZAC.MUKU, cuja abordagem é observada,
O supremo viajante entre céus e terra,
No meio do pavilhão eu o encerrei,
Protegendo bem os seus lados.
ID.GE.UL, o primeiro epíteto empregado para descrever este supremo viajante, ou "carro de Marduk", significa literalmente "alto para o céu, brilhante à noite". ZAG.MU.KU, o segundo epíteto descrevendo o veículo - claramente um "barco" aninhado num pavilhão especial - significa o "brilhante MU que serve para ir longe".
Felizmente, podemos provar que um mu, um objeto cônico terminando em linhas ovais, estava realmente instalado no interior, no sagrado recinto fechado dos templos dos grandes deuses do céu e da terra. Uma moeda antiga, encontrada em Biblos (a Gebal bíblica) na costa mediterrânica do atual Líbano, representa o Grande Templo de Ishtar. Embora mostrado como se pertencesse ao 1º. milênio a.C., a exigência de que fossem construídos e reconstruídos templos sobre o mesmo local e de acordo com o plano original significa, sem dúvida, que vemos os elementos básicos do templo original de Biblos copiados de milênios mais cedo.
A moeda representa um templo composto de duas partes. Numa face da moeda está gravada a estrutura do templo principal, imponente com sua entrada de colunas. Por detrás dela há um pátio interior, ou "área sagrada", escondido e protegido por um alto e maciço muro. É nitidamente uma área elevada, uma vez que só se pode chegar a ela subindo vários lances de escadas.
No centro desta área sagrada está situada uma plataforma especial, cuja trave-mestra lembra a da Torre Eiffel, como que construída para suportar um enorme peso. E na plataforma está o objeto de toda esta segurança e proteção - um objeto que só pode ser um mu.
Tal como a maior parte das palavras silábicas sumérias, mu tinha um significado primário: "aquele que se ergue em linha reta". Suas trinta e tantas gradações de significado englobam "alturas", "fogo", "comando", "período contado", como também (em tempos posteriores) "aquele pelo qual alguém é lembrado". Se remontarmos no tempo à procura do sinal escrito para mu desde suas estilizações cuneiformes assírias e babilônias até a original pictografia suméria, vemos surgir a seguinte prova pictórica:
Vemos nitidamente uma câmara cônica representada separadamente ou com uma estreita seção ligada a ela. "De uma dourada 'câmara-no-céu' eu olharei por vocês", prometeu Inanna ao rei Assírio. Seria este mu a "câmara celestial"?
Um hino a Inanna/Ishtar e às suas jornadas no Barco dos Céus indica claramente que o mu era o veículo no qual os deuses deambulavam alto e longe pelos céus:
Ela enverga a veste celestial;
E corajosamente ascende até às alturas.
Por sobre todas as terras povoadas
Ela voa no seu MU.
Senhora, que no seu MU
Até às alturas do céu se levanta alegremente.
Sobre todos os locais de descanso ela voa no seu MU.
O prof. H. Frankfort (Cylinder Seals) [Selos Cilíndricos], demonstrando como tanto a arte da fabricação dos selos cilíndricos mesopotâmicos e os assuntos neles representados se espalharam através do Mundo Antigo, reproduz o desenho de um selo encontrado em Creta e datado do século 13 a.C. O desenho do selo descreve claramente uma nave espacial movendo-se nos céus e propulsionada por chamas que escapam da sua retaguarda.
Os cavalos alados, os animais enlaçados, o globo celestial alado e a deidade com chifres salientes em seu toucado são todos temas mesopotâmicos conhecidos. Podemos certamente concluir que o foguete faiscante mostrado no selo cretense era também um objeto familiar ao longo de todo o antigo Oriente Médio.
De fato, um foguete com "asas" ou estabilizadores - alcançáveis por uma "escada" - pode ser visto numa barra escavada em Gezer, uma cidade da antiga terra de Canaã, a oeste de Jerusalém. A dupla impressão do mesmo selo mostra também um foguete pousado no solo ao lado de uma palmeira. O destino ou a natureza celestial dos objetos é atestado pelos símbolos do Sol, da Lua e das constelações zodiacais que adornam o selo.
Os textos Mesopotâmicos que se referem aos recintos interiores sagrados dos templos ou às celestiais jornadas dos deuses, ou até a circunstâncias em que os mortais ascenderam aos céus, empregam o termo sumério mu ou seus derivativos semitas shu-mu ("aquilo que é um mu"), sham ou shem. Devido ao fato de o termo definir também "aquele pelo qual alguém é lembrado", a palavra acabou por significar "nome". Mas a aplicação universal de "nome" a remotos textos que falam de um objeto usado para voar obscureceu o, verdadeiro significado dos antigos registros.
Deste modo, G.A. Barton (The Royal Inscriptions of Summer and Akkad) [As Inscrições Reais da Suméria e da Acádia] estabeleceu a irrefutável tradução da inscrição do templo de Gudea - de "seu MU abraçará as terras de horizonte a horizonte" para "o seu nome encherá as terras". Da mesma maneira, um hino a Ishkur enaltecendo seu "MU emissor de raios" que podia atingir as alturas do céu é traduzido como segue: "Teu nome é radiante, alcança o zênite dos céus". Pressentindo, no entanto, que mu ou shem podem significar um objeto e não "nome", alguns eruditos trataram o termo como um sufixo ou fenômeno gramatical sem tradução, evitando deste modo a conclusão global.
Não é difícil recuar até a etimologia do termo e traçar a rota através da qual a "câmara do céu" assumiu o significado "nome". Foram encontradas esculturas que mostram um deus no interior de uma câmara em forma de foguete, como neste objeto de extrema antiguidade (agora em posse do Museu Universitário de Filadélfia) onde a natureza celestial da câmara é atestada pelos doze globos que a decoram.
Similarmente muitos selos representam um deus (e às vezes dois) dentro destas "câmaras divinas" ovais; em muitas circunstâncias, estes deuses dentro das suas sagradas ovais estão descritos como objetos de veneração.
Desejando adorar seus deuses através das terras, e não apenas na "casa" oficial de cada divindade, os povos antigos desenvolveram o costume de construir imitações do deus dentro da sua divina "câmara-do-céu". Pilares de pedra desenhados para dissimular o veículo oval foram erigidos em locais selecionados e a imagem do deus era gravada dentro da pedra para indicar que ele estava no interior do objeto.
Foi uma mera questão de tempo até que reis e governantes, associando estes pilares (chamados estelas) com a capacidade de ascender à residência celestial, começassem a gravar suas próprias imagens sobre as estelas como forma de se associarem eles próprios à residência celestial. Se eles não podiam fugir ao esquecimento físico, era importante que pelo menos seu nome fosse para sempre celebrado.
Mais adiante pode ser deduzido, a partir do termo pelo qual estas pedras eram conhecidas na Antiguidade, que o objetivo dos pilares de pedra comemorativos era o de representar uma atividade espacial de fogo. Os sumérios chamavam-lhes NA.RU ("pedras que se erguem"). Os acádios, babilônios e assírios chamavam-lhes naru ("objetos que lançam luz"). Os amurru apelidam-nos de nuras ("objetos de fogo") - em hebraico, ner significa ainda hoje um pilar que emite luz, ou seja, a popular vela. Nas línguas indo-européias dos hurritas e dos hititas, as estelas receberam o nome de hu-uashi ("pássaro de fogo de pedra").
Referências bíblicas indicam familiaridade com dois tipos de monumentos comemorativos, um yad e um shem. O profeta Isaías comunicou do seguinte modo ao povo sofredor da Judéia a promessa do Senhor de um futuro melhor e mais seguro:
Em minha casa e dentro de minhas paredes,
Um yad e um shem.
Traduzido literalmente e cumulando significados, isto queria dizer que a promessa do Senhor falava em fornecer a seu povo uma "mão" e um "nome".
Felizmente, contudo, aprendemos, a partir de monumentos antigos chamados yad e que ainda se erguem da Terra Sagrada, que estes se distinguem por seus topos de forma piramidal. Os shem, por outro lado, eram memoriais de topo oval. Ambos, parece evidente, começaram como simulações da "câmara do céu", o veículo dos deuses para ascender à residência eterna. No Egito Antigo, de fato, os devotos faziam peregrinações a um templo especial em Heliópolis para ver e adorar o ben-ben - um objeto de forma piramidal no qual os deuses chegaram à terra em tempos imemoriais. Os faraós egípcios, à hora da morte, se submetiam a uma cerimônia de "abertura da boca", durante a qual supunha-se que eram transportados à divina residência da vida eterna por um yad ou um shem.
A persistência dos tradutores da Bíblia em empregar "nome" sempre que deparavam com o termo shem foi ignorada por um avançado estudo publicado há mais de um século por G.M. Redslob (in Revista da Sociedade Alemã Oriental), no qual ele corretamente salientou que o termo shem e o termo shamaim ("céu") derivam da palavra de raiz shamash, significando "aquilo que está para o céu". Quando o Antigo Testamento relata que o rei Davi "fez um shem" para marcar a vitória sobre os aramaicos, disse Redslob, ele "não fez um nome", mas edificou um monumento apontado para os céus.
A compreensão de que em muitos textos mesopotâmicos mu ou shem devia ser lido não como "nome", mas como "veículo do céu" abriu caminho para a compreensão do verdadeiro significado de muitos contos antigos, incluindo a história bíblica da Torre de Babel.
O livro do Gênesis, no capítulo XI, relata a tentativa dos humanos no sentido de levantarem um shem. O relato bíblico é feito em concisa (e precisa) linguagem que revela um fato histórico. No entanto, gerações de estudiosos e tradutores procuraram conceder à narrativa apenas um significado alegórico porque (tal como eles o entenderam) o conto dizia respeito à ânsia do gênero humano em "fazer um nome" para si próprio. Tal aproximação esvaziou o conto do seu significado factual. Nossa conclusão no que se refere ao
verdadeiro significado de shem torna o conto tão rico em significado como o deve ter sido para os próprios povos da Antiguidade.
O conto bíblico da Torre de Babel trata dos acontecimentos que se seguiram ao repovoamento da terra depois do dilúvio, quando alguns dos povos "viajaram do leste, e encontraram uma terra plana na Terra de Shinar, e aí se estabeleceram".
A Terra de Shinar é, claro, a terra da Suméria, na planície entre os dois rios da Mesopotâmia do Sul. E o povo, já familiarizado com a arte da fabricação de tijolo e alta construção para uma civilização urbana, disse:
Construamos para nós uma cidade,
E uma torre cujo topo alcance os céus;
E façamos para nós um shem,
Para que não sejamos espalhados sobre a face da terra.
Mas este esquema humano não estava conforme os desejos de Deus.
Para ver a cidade e a torre
Que os filhos de Adão erigiram.
E ele disse: Contempla,
Todos são como um povo com uma língua,
E isto é apenas o começo dos seus empreendimentos.
Agora, tudo o que eles planejarem fazer
Não mais lhes será impossível realizar.
E o Senhor disse (a alguns companheiros que o Antigo Testamento não nomeia):
Vinde, desçamos,
E uma vez lá, confundamos sua língua;
Para que eles não entendam a fala uns dos outros
E o Senhor espalhou-os dali
Por sobre a face de toda a terra,
Por isso o seu nome foi Babel,
A tradução tradicional de shem por "nome" tornou o conto ininteligível durante gerações. Por que é que os antigos residentes de Babel - Babilônia - se empenharam em "fazer um nome", por que é que o "nome" teria de ser colocado no topo de uma "torre cujo cume tocará os céus", e como é que "a construção de um nome" poderia contrariar os efeitos da dispersão do gênero humano sobre a terra?
Se tudo o que aqueles povos queriam era fazer (como explicam os estudiosos) uma "reputação" para eles próprios, por que é que esta tentativa aborreceu tanto o Senhor? Por que é que a composição de um "nome" era considerada pela Divindade como um feito a seguir ao qual “tudo o que eles planejaram fazer, não mais lhes será impossível realizar"? As explicações tradicionais são certamente insuficientes para esclarecer por que o Senhor considerou necessário convocar outros deuses sem nome para descer à terra e pôr um fim a este esforço humano.
Acreditamos que as respostas para todas estas perguntas se tomam plausíveis, óbvias até, assim que lemos "veículo em direção ao céu" em vez de "nome" para traduzir a palavra shem, que é o termo empregado no texto original hebraico da Bíblia. A história trataria então da preocupação da humanidade com a dispersão dos povos sobre a face da terra, que resultaria numa perda de contatos entre si. Por isso, eles decidiram construir um "veículo em direção ao céu" e erigir uma "torre de lançamento" para tal veículo para que também eles, tal como, por exemplo, a deusa Ishtar, pudessem voar num mu "sobre todas as terras povoadas".
Uma parte do texto babilônico conhecido como a "Epopéia da Criação" relata que o "portão dos deuses" foi construído na Babilônia pelos próprios deuses. Aos Anunnaki, os deuses de condição inferior, foram dadas ordens para:
Construir o portão dos deuses...
Deixemos que seu trabalho de tijolo seja desenhado.
O seu shem será posto no lugar designado.
Foi, portanto, um desaforo da parte da humanidade estabelecer sua própria torre de lançamento, criada originalmente para uso dos deuses, uma vez que o nome do local, Babili, significava literalmente "portão dos deuses".
Haverá mais provas que corroborem o conto bíblico e a nossa interpretação dele?
O sacerdote-historiador babilônico Berossus, que no século 3 a.C. compilou uma história da humanidade, relatou que “os primeiros habitantes da terra, ufanando-se de sua própria força... empreenderam erguer uma torre cujo 'topo' devia alcançar o céu". Mas a torre foi derrubada pelos deuses e por fortes ventos, "e os deuses introduziram uma diversidade de idiomas entre os homens, que até àquele dia tinham todos falado a mesma língua".
George Smith (The Chaldean Account of Genesis) [A Versão da Caldéia sobre o Gênesis] encontrou nos escritos do historiador grego Hestaeus um relato em que, de acordo com as "vetustas tradições", o povo que escapara ao dilúvio veio até Senaar na Babilônia, mas foi afastado dali por uma diversidade de idiomas. O historiador Alexander Polyistor (século 1 a.C.) escreveu que, antigamente, todos os homens falavam a mesma língua.
Depois, alguns pensaram erigir uma enorme e suprema torre para que pudessem "subir ao céu". Mas o Deus principal frustra seus desígnios enviando um furacão, e a cada tribo foi dada uma língua diferente. "A cidade onde isso aconteceu foi Babilônia.”
Hoje em dia poucas dúvidas restam de que os contos bíblicos, assim como os relatos dos historiadores gregos de há 2.000 anos e do seu predecessor Berossus, derivam das mesmas antiqüíssimas raízes sumérias. A.H. Sayce (The Religion of the Babylonians) [A Religião dos Babilônios] apresentou um estudo sobre uma barra fragmentária do Museu Britânico, a "versão babilônica da construção da Torre de Babel". Em todas as circunstâncias, a tentativa de alcançar os céus e a conseqüente confusão de línguas são elementos básicos desta versão. Há outros textos sumérios que registram a deliberada confusão das línguas humanas como resultado da ira de um deus.
Presumivelmente, o gênero humano não possuía naquele tempo a tecnologia necessária para tal projeto aeroespacial; a orientação e a colaboração de um deus no conhecimento dessas técnicas era, pois, essencial. Teria um deus desafiado os outros para ajudar a humanidade? Um selo sumério descreve um
confronto entre deuses armados, aparentemente devido à disputada construção pelo homem de uma torre de andares.
Uma estela suméria, agora em exposição em Paris, no Louvre, pode bem descrever o incidente relatado no livro do Gênesis. Foi construída por volta do ano 2.300 a.C. por Naram-Sin, rei da Acádia, e os estudiosos consideram que ela descreve o rei vitorioso sobre seus inimigos. Mas a grande figura central é a de uma divindade, e não a de um rei humano, uma vez que a pessoa usa um elmo adornado com chifres, a marca característica exclusiva dos deuses. Além disso, esta figura central não parece ser o chefe dos humanos (de menor estatura), mas antes parece espezinhá-los. Estes homens, por seu turno, não parecem envolvidos em nenhuma atividade guerreira: eles marcham em frente e estão adorando o mesmo enorme objeto cônico, no qual se focaliza também a atenção do deus. Armado com um arco e uma lança, a deidade parece olhar o objeto mais em atitude de ameaça do que de adoração.
O objeto cônico está apontado na direção de três corpos celestiais. Se seu tamanho, forma e objetivo indicam que se trata de um shem, então a cena retrata um deus zangado e completamente armado atropelando as pessoas que comemoram a ascensão de um shem.
Tanto os textos mesopotâmicos como a versão bíblica revelam a mesma mensagem: as máquinas voadoras eram para os deuses e não para o gênero humano.
Os homens, afirmam tanto os textos mesopotâmicos como os bíblicos, podiam ascender à residência celestial apenas sob o expresso desejo dos deuses. E a esse respeito existem muitos contos de subidas ao céu e até de vôos espaciais.
O Antigo Testamento registra a subida aos céus de vários seres mortais. O primeiro foi Enoc, um patriarca antediluviano a quem Deus favoreceu e que "andava com o Senhor". Ele era o sétimo patriarca na linha de Adão e o bisavô de Noé, herói do dilúvio. O capítulo V do livro do Gênesis lista as genealogias de todos estes patriarcas e as idades com que eles morreram, exceto a de Enoc, "que partiu, porque o Senhor o levou". Por conseqüência e tradição, foi na direção dos céus, para escapar à mortalidade terrena, que Deus levou consigo Enoc. O outro mortal foi o profeta Elias, erguido da terra e levado em direção aos céus por um "furacão'”.
Uma referência pouco conhecida a um terceiro mortal que visitou a divina residência e que foi dotado com grande sabedoria é fornecida pelo Antigo Testamento e diz respeito ao governante de Tiro (um centro fenício na costa oriental do Mediterrâneo). Lemos no capítulo XXVIII do livro de Ezequiel que o Senhor ordenou ao profeta que lembrasse ao rei como ele estava capacitado, perfeita e sabiamente, pela divindade a abençoar com os deuses:
Tu estás moldado por um plano
Cheio de sabedoria, perfeito na beleza.
Tu estiveste no Éden, o jardim de Deus;
Cada pedra preciosa era o teu bosque...
Tu és um sagrado querubim protegido;
E eu coloquei-te na montanha sagrada,
Como se fosses um deus,
Movendo-se por entre pedras de fogo.
Porque teu coração é arrogante, dizendo:
No meio das águas.
Embora sejas um homem, não um deus,
Tu consideras teu coração como o de um deus.
Os textos sumérios falam também de vários homens aos quais foi dado o privilégio de ascender às alturas. Um deles foi Adapa, o "homem modelo" criado por Ea. A ele Ea "dera sabedoria; vida eterna não lhe fora concedida".
À medida que os anos decorriam, Ea decidiu evitar o fim mortal de Adapa, fornecendo-lhe um shem com o qual ele deveria alcançar a celestial residência de Anu, para aí partilhar do Pão da Vida e da Água da Vida.
Quando Adapa chegou à residência celestial de Anu, este perguntou quem fornecera a Adapa o shem com o qual pudera alcançar o celestial local.
Há várias pistas importantes a serem encontradas tanto nos textos bíblicos como nos contos mesopotâmicos das raras ascensões de mortais à residência dos deuses. Adapa, tal como o rei de Tiro, também foi feito de um "molde" perfeito. Todos tinham de conseguir e usar um shem - "pedra de fogo" - para alcançar o "Éden" celestial. Alguns subiram e regressaram depois à terra; outros, como o herói mesopotâmico do dilúvio, permaneceram lá fruindo a companhia dos deuses. Foi para encontrar este "Noé" mesopotâmico e obter dele o segredo da Árvore da Vida que o sumério Gilgamesh partiu.
A procura fútil pelos homens mortais da Árvore da Vida é o objeto de um dos mais longos e poderosos textos épicos legados à cultura humana pela civilização suméria. Chamada pelos estudiosos modernos "A Epopéia de Gilgamesh", o comovente conto diz respeito ao governador de Uruk, nascido de pai mortal e mãe divina. Como resultado, Gilgamesh era considerado "dois terços divino e um terço humano", uma situação que lhe concedia o direito de procurar escapar à morte, destino do comum dos mortais.
A tradição informara-o de que um de seus antecessores, Utnapishtim, o heróido dilúvio, escapara à morte, sendo transportado à celestial residência com sua esposa. Gilgamesh decidiu assim alcançar tal lugar e obter de seu antepassado o segredo da vida eterna.
O que o instigou a partir foi aquilo que tomou como sendo um convite de Anu. Os versos descrevem a observação da queda de volta à terra de um foguete usado. Gilgamesh descreveu a ação deste modo à sua mãe, a deusa NIN.SUN:
Minha mãe,
Durante a noite eu senti-me alegre
E eu andei por entre os meus nobres.
As estrelas reuniram-se nos céus.
O trabalho manual de Anu desceu na minha direção.
Eu procurei erguê-lo; era demasiado pesado.
Procurei movê-lo; movê-lo eu não podia!
O povo de Uruk reuniu-se à sua volta.
Enquanto os nobres beijavam suas pernas.
Quando ergui minha fronte, eles apoiaram-me.
Eu levantei-o! Eu trouxe-o a ti!
A interpretação do incidente pela mãe de Gilgamesh está mutilada no texto e é, deste modo, confusa. Mas, obviamente, Gilgamesh foi encorajado pela observação da queda do objeto, o "trabalho manual de Anu", a embarcar na aventura. Na introdução à epopéia, o antigo relator chama a Gilgamesh "o sensato, aquele que tudo experimentou":
Coisas secretas ele viu,
O que está escondido ao homem ele viu.
Ele até trouxe notícias de um tempo anterior ao dilúvio.
Ele fez também uma longínqua viagem, fatigante e sob dificuldades.
Ele regressou e gravou todo seu esforço sobre um pilar de pedra.
A "longínqua viagem" que Gilgamesh empreendeu foi, claro, sua jornada à residência dos deuses. Foi acompanhado pelo seu amigo Enkidu. Seu objetivo era a Terra de Tilmun, porque aí Gilgamesh podia erguer um shem para si próprio. As traduções correntes empregam o suposto "nome" sempre que nos textos antigos aparece o sumério mu ou o acádio shumu. Nós, no entanto, empregaremos shem para que o verdadeiro sentido do termo - um "veículo em direção aos céus" - possa transparecer:
Na direção da Terra de Tilmun.
E ele diz ao seu companheiro Enkidu:
Ó Enkidu...
Eu entrarei na terra, farei o meu shem.
Nos locais onde os shem's eram levantados
Eu erguerei o meu shem
Incapazes de o dissuadir, tanto os anciães de Uruk como os deuses a quem Gilgamesh consultou, aconselharam-no a obter primeiro o consentimento e a assistência de Utu/Shamash. "Se tu vais entrar na terra, informa Utu", avisaram-no eles. "A terra está a cargo de Utu", acentuaram e insistiram eles. Deste modo, previamente avisado e aconselhado, Gilgamesh apelou para Utu para obter permissão:
Deixa-me construir meu shem.
Nos locais onde os shem's são erguidos,
Deixa-me erguer o meu shem...
Traz-me até ao local de aterrissagem em...
Estabelece sobre mim tua proteção!
Uma infeliz quebra na barra deixa-nos na ignorância quanto à localização do "local de aterrissagem". Mas, onde quer que fosse, Gilgamesh e seu companheiro conseguiram, finalmente, alcançar os seus arredores. Era uma "zona restrita", protegida por intimidantes guardas. Fatigados e com sono, os dois amigos decidiram pernoitar antes de prosseguir viagem.
Mal o sono os vencera, e logo algo os fez estremecer e os despertou. "Ergueste-me?", perguntou Gilgamesh ao seu parceiro. "Estou acordado?", perguntou este, uma vez que testemunhava tão invulgares visões, tão intimidantes que duvidava se estaria acordado ou sonhando. Ele disse a Enkidu:
Atirou-me por terra, amassou meus pés...
O esplendor era poderosíssimo!
Um homem apareceu;
O mais puro da terra era ele.
A sua graça...
De sob o solo em ruínas ele me puxou,
Deu-me água para beber; meu coração aquietou-se!
Quem era este homem, "o mais puro da terra", que puxou Gilgamesh de entre as ruínas, lhe deu água, "aquietou seu coração"? E que era o "poderosíssimo esplendor" que acompanhou o inexplicado desmoronamento de terras? Inseguro, perturbado, Gilgamesh voltou a adormecer, mas não por muito
tempo.
No meio da vigília seu sono terminou.
Ele ergueu-se, dizendo ao amigo:
Meu amigo, chamaste-me tu?
Por que estou eu desperto?
Não me tocaste?
Por que estou eu confuso?
Não passou por aqui nenhum deus?
Por que está o meu corpo paralisado?
Assim, de novo misteriosamente acordado, Gilgamesh perguntou-se quem lhe tocara. Se não fora seu parceiro, seria "algum deus" que passara? Mais uma vez, Gilgamesh passou pelo sono, para logo ser acordado pela terceira vez. Ele descreve a perturbante ocorrência ao seu amigo, assim:
Os céus gritaram, a terra agitou-se ruidosamente;
A luz do dia falhava, a escuridão sobreveio.
O relâmpago faiscou, uma chama disparou.
As nuvens avolumaram-se, chovia morte!
E tudo o que caíra se tornou cinzas.
Não é preciso ter muita imaginação para ver nestes poucos versos uma antiga versão do testemunho do lançamento de um foguete. Primeiro, o tremendo baque quando os motores do foguete se ligaram ("os céus gritaram"), acompanhado por um notável estremecimento do solo ("a terra agitou-se ruidosamente"). Nuvens de fumo e pó envolveram o local de lançamento ("a luz do dia falhou, a escuridão sobreveio"). Depois, o brilho dos motores acionados surgiu ("o relâmpago faiscou"); à medida que o foguete começava a subir em direção aos céus, "uma chama disparou". A nuvem de poeira e destroços "aumentou" em todas as direções; depois, à medida que começava a descer, "chovia morte!". Agora a nave estava lá no alto, riscando o céu em direção aos deuses ("a incandescência desvaneceu-se, o fogo extinguiu-se"). O foguete desapareceu de vista e os destroços "que caíram tornaram-se cinzas".
Apavorado com o que via, e, no entanto, mais determinado que nunca a chegar a seu destino, Gilgamesh apelou uma vez mais para Shamash para que o protegesse e apoiasse. Ultrapassando um "monstruoso guarda", alcançou a montanha de Mashu, onde se podia ver Shamash "levantar-se para a residência do céu".
Agora, estava próximo do seu primeiro objetivo, o "lugar onde os shem's são erguidos". Mas a entrada para o local, aparentemente penetrando a montanha, estava guardada por destemidos guardas:
O seu cintilante foco de luz varre as montanhas.
Eles vigiam Shamash.
Enquanto ele ascende e descende.
Uma representação em selo (fig. 76) mostrando Gilgamesh (segundo da esquerda) e o seu companheiro Enkidu (extrema direita) pode bem descrever a intercessão de um deus junto de um dos guardas semelhantes a autômatos que podiam varrer a área com focos luminosos e emitir raios mortais. A descrição traz à mente a afirmação do livro do Gênesis, segundo a qual Deus colocara a "espada giratória" à entrada do Jardim do Éden para bloquear seu acesso aos humanos.
Quando Gilgamesh explicou sua origem parcialmente divina, o objetivo da sua viagem ("desejo interrogar Utnapishtim sobre a vida e a morte") e o fato de seguir caminho com o consentimento de Utu/Shamash, os guardas permitiram-lhe continuar.
Seguindo "ao lado da rota de Shamash", Gilgamesh encontrou-se na mais completa escuridão; "não vendo nada à frente ou atrás", gritou em pânico. Viajando durante muitos beru (uma unidade de tempo, distância ou o arco dos céus), continuou submerso em escuridão. Finalmente, "quando atingiu doze beru, a luz nasceu".
O texto danificado e borrado situa depois Gilgamesh chegando a um magnífico jardim onde as árvores e os frutos estavam cravejados de pedras semi-preciosas. Utnapishtim residia ali. Colocando seu problema a seu antecessor, Gilgamesh recebeu uma resposta desapontadora: "O homem, disse Utnapishtim, não pode escapar a seu mortal destino". No entanto, ofereceu a Gilgamesh um meio de adiar a morte, revelando-lhe a localização da Planta da Juventude - "O homem torna-se jovem na velhice", tal como a planta era chamada. Triunfante, Gilgamesh obteve a planta. Mas, tal como o destino queria, ele perdeu-a loucamente no caminho de regresso e voltou de mãos vazias a Uruk.
Colocando de lado os valores literários e filosóficos do conto épico, a história de Gilgamesh interessa-nos aqui, principalmente, por seus aspectos "aeroespaciais". O shem de que Gilgamesh teve necessidade para alcançar o domicílio dos deuses era, indubitavelmente, uma nave-foguete, cujo lançamento ele avistara quando se aproximou do "local de aterrissagem". Os foguetes, parece, estavam dentro de uma montanha, e a área era uma zona bem vigiada e restrita.
Nenhuma representação pictórica de Gilgamesh veio até agora à luz do dia. Mas um desenho encontrado no túmulo de um governador egípcio de uma longínqua terra mostra uma cápsula de foguete sob o solo num local onde crescem árvores de época. A cápsula é claramente armazenada sob o solo, num silo feito pelo homem, construído com segmentos tubulares e decorado com peles de leopardo.
Muito ao modo dos modernos desenhistas, os antigos artistas mostram o silo subterrâneo em corte transversal, no qual se pode ver os compartimentos do foguete. O compartimento inferior mostra dois homens rodeados de tubos curvos, Sobre eles há três painéis circulares. Comparando o tamanho da cápsula - o ben-ben - com o tamanho dos dois homens no interior do foguete, é evidente que a cápsula, equivalente ao sumério mu, a "celestial câmara", podia facilmente transportar um ou dois operadores ou passageiros.
TIL.MUN era o nome da terra para onde Gilgamesh viajou. O nome significa literalmente "terra dos mísseis", Nesta terra os shem's eram erguidos, uma terra sob a autoridade de Utu/Shamash, um local onde se podia ver este deus "erguer-se até a residência dos céus".
E embora o correspondente celestial deste membro do Panteão de Doze fosse o Sol, nós sugerimos que seu nome não significasse "Sol ", mas fosse antes um epíteto descrevendo as suas funções e responsabilidades. Seu nome sumério Utu queria dizer "ele que brilhantemente entra". Seu derivado nome acádio, Shem-Esh, era mais explícito: Esh significa "fogo"; e nós sabemos agora o que é que shem significava originalmente.
Utu/Shamash era "o das naves-foguetes faiscantes", Ele era, sugerimos, o comandante do porto espacial dos deuses.
O papel de comando de Utu/Shamash em assuntos de viagens para o domicílio celeste dos deuses e as funções desempenhadas pelos seus subordinados nesta conexão são abordados com mais pormenores em mais de um conto sumério de uma jornada às alturas empreendida por um mortal.
As listas de reis informam-nos que o 13º. governante de Kish era Etana, "aquele que aos céus ascendeu". Este breve depoimento não precisava de elaboração, uma vez que o conto do rei mortal que viajou até aos mais altos céus era bem conhecido por todo o antigo Oriente Médio e era objeto de numerosas representações em selos.
Etana, dizem-nos, foi designado pelos deuses para trazer à humanidade a segurança e a prosperidade que a monarquia, uma civilização organizada, devia fornecer. Mas Etana, ao que parece, não podia assumir a paternidade de um filho que lhe continuaria a dinastia. O único remédio conhecido era uma certa Planta do Nascimento que Etana só podia obter colhendo-a nas alturas.
Tal como Gilgamesh mais tarde, Etana voltou-se para Shamash para obter permissão e assistência. Como revela a epopéia, torna-se claro que Etana pedia a Shamash um shem!
Ó senhor, possa tua palavra realizar isso!
Concede-me a Planta do Nascimento!
Mostra-me a Planta do Nascimento!
Retira minha deficiência!
Faz para mim um shem!
Lisonjeado pelas orações e mantido pelos carneiros dos sacrifícios, Shamash concorda em aceder ao pedido de Etana e fornecer-lhe um shem. Mas em vez de lhe falar de um shem, Shamash diz a Etana que uma "águia" o levará até ao local celestial desejado.
Dirigindo Etana até o fosso onde a águia fora colocada, Shamash informou-a antes do tempo da missão a cumprir. Trocando mensagens críticas com "Shamash, seu senhor", a águia foi assim instada: "Um homem eu mandarei para ti; ele tomará tua mão... leva-o daqui... faz o que quer que ele diga... faz como eu digo".
Chegando à montanha que lhe fora indicada por Shamash, "Etana viu o fosso", e, dentro dele, "estava a águia". "Ao comando do valente Shamash", a águia entrou em comunicações com Etana. Uma vez mais, Etana explicou seu fim e destino, e, logo depois, a águia começou a ensinar a Etana o processo de "levantar a águia de seu fosso". As duas primeiras tentativas falharam, mas, à terceira, a águia ergueu-se corretamente. Quando o dia nasceu, a águia anunciou a Etana: "Meu amigo... para cima, até ao céu de Anu eu te transportarei!" Ensinando-lhe como parar a nave, a águia levantou vôo e eles ficaram no alto, subindo rapidamente.
Como que relatado por um moderno astronauta observando o afastamento da terra à medida que sua nave-foguete se ergue, o antigo contador de histórias descreve o modo como a terra ia ficando cada vez menor aos olhos de Etana:
Quando já o elevara um beru no alto,
A águia diz-lhe, a Etana:
Examina o mar dos lados da casa da montanha:
A terra tinha-se, realmente, tornado num mero monte,
O largo mar é apenas uma bacia.
Quanto mais alto se erguia a águia, tanto menor se tornava a terra. Quando se tinham já elevado um segundo beru, a águia disse:
Lança um olhar e vê como aparece a terra!
A terra tornou-se um único sulco,
O largo mar é apenas um cesto de pão...
Quando já o elevara um terceiro beru,
A águia diz-lhe, a Etana:
Vê, meu amigo, como a terra aparece!
A terra tornou-se uma vala de jardineiro!
E depois, enquanto ascendiam, a terra ficou subitamente fora de vista.
E sobre o largo mar minha vista não se podia já alongar.
De acordo com uma versão deste conto, a águia e Etana alcançaram o céu de Anu. Mas outra versão afirma que Etana ficou gelado de medo quando deixou de ver a terra, e ordenou à águia que mudasse o curso e "mergulhasse" na terra.
Uma vez mais, encontra:mos um paralelo bíblico para tão invulgar relato de observação aérea da terra a grande distância. Exaltando o Senhor Javé, o profeta Isaías disse: "É ele que se senta sobre o círculo da terra, e os habitantes vistos daí parecem insetos".
O conto de Etana informa-nos que ele, procurando um shem, tinha de comunicar com uma águia dentro de um fosso. Uma descrição de selo mostra uma alta estrutura alada (uma torre de lançamento?) sobre a qual uma águia levanta vôo.
Que ou quem era a águia que levou Etana até os distantes céus?
Não podemos impedir-nos de associar o antigo texto com a mensagem transmitida à terra, em julho de 1969, por Neil Armstrong, comandante da Missão Apolo 11: "Houston! Aqui mar da Tranqüilidade! A Águia aterrissou!”
Ele relatava a primeira aterrissagem do homem na Lua. O "mar da Tranqüilidade" era o local de aterrissagem; Águia era o nome do módulo lunar que se separou do foguete e levou no seu interior os dois astronautas até a Lua (e depois de volta à nave-mãe). Quando o módulo lunar se separou pela primeira vez para iniciar seu próprio vôo na órbita lunar, os astronautas disseram à Missão de Controle em Houston: "A Águia tem asas".
Mas "Águia", podia também designar os astronautas que tripulavam a missão. Na Missão Apollo 11, a "águia" era também o símbolo dos próprios astronautas, que o usavam como emblema em seus uniformes. Tal como no conto de Etana, também eles eram "águias" que podiam voar, falar e comunicar.
Como podia um antigo artista ter representado os pilotos das naves dos deuses? Poderia ele, por alguma obra do acaso, tê-los representado como águias?
Foi exatamente isto que nós descobrimos. Um selo assírio gravado, datado de cerca do ano 1.500 a.C., mostra dois "homens-águias" saudando um shem!
Foram encontradas numerosas representações destas "águias" - os eruditos chamam-lhes "homens-pássaros". Muitas representações mostram-nos flanqueando a Árvore da Vida, como que para realçar que eles, nos seus shem's, forneciam a ligação com a residência celestial onde o Pão da Vida e a Água da Vida seriam encontrados. De fato, a representação comum dos águias mostra-os segurando numa mão o Fruto da Vida e na outra a Água da Vida, em completa conformidade com os contos de Adapa, Etana e Gilgamesh.
O conto hitita com respeito ao deus Telepinu, que desaparecera, relata que os "grandes deuses e os deuses inferiores começaram à procura de Telepinu" e "Shamash enviou uma veloz águia" para o encontrar.
No livro do Êxodo, diz-se que Deus lembrou às crianças de Israel: "Eu trouxe-vos sobre as asas das águias e transportei-vos até mim", confirmando, ao que parece, que a via para alcançar a divina residência passava por sobre as asas das águias, tal como relata o conto de Etana. Na verdade, numerosos versos bíblicos descrevem a divindade como um ser alado. Boaz deu as boasvindas a Ruth e à comunidade judaica como "tendo vindo sob as asas" do Deus Javé. O salmista procurou segurança "sob a sombra das asas" do Senhor e descreveu a descida dele dos céus. "Ele montou um querubim e partiu voando; Ele pairou nos ares sobre asas de vento." Analisando as similitudes entre o bíblico El (empregado como título ou termo genérico para a deidade) e o cananita El, S. Langdon (Mitologia Semita) demonstra que ambos eram representados, em textos e em moedas, como deuses alados.
Os textos mesopotâmicos apresentam, invariavelmente, Utu/Shamash como o deus encarregado do local de aterrissagem dos shem's e das águias. E tal como seus subordinados, por vezes ele aparecia envergando com todo o esplendor uma veste de águia.
No exercício de tal capacidade, ele podia conceder aos reis o privilégio de "voar nas asas dos pássaros" e de se "erguer desde os mais baixos céus até as mais supremas alturas". E quando era lançado ao alto num foguete faiscante, "atingia distâncias desconhecidas, durante horas sem conta". Adequadamente, "sua rede era a terra, sua teia, os longínquos céus".
A terminologia suméria para objetos relacionados com viagens celestiais não estava limitada aos ME's que os deuses envergavam ou aos MU's, seus "carros" de forma cônica.
Os textos sumérios, descrevendo Sippar, relatam que possuía uma parte central escondida e protegida por poderosas paredes. Dentro destas paredes estava o templo de Utu, "uma casa que é como uma casa dos céus". Num pátio interior do templo, protegido também por altos muros, ficava "erigido em direção ao alto, o poderoso APIN" ("um objeto que abre caminho através", de acordo com os tradutores).
Um esboço encontrado no monte do templo de Anu em Uruk representa tal objeto. Teríamos tido dificuldade há algumas décadas em adivinhar de que objeto se tratava; hoje, sabemos que é um foguete espacial de múltiplos andares, no topo do qual descansa o cônico mu, ou cabina de comando.
A prova de que os deuses da Suméria possuíam não só "câmaras voadoras" para deambular pelos céus da terra, mas também naves-foguetes espaciais de múltiplos andares surge também do exame de textos que descrevem os objetos sagrados no templo de Utu em Sippar. Dizem-nos que às testemunhas na suprema corte suméria era requerido um juramento prestado num pátio interior, em que eles, através de um portão, podiam ver e estar na frente de três "divinos objetos". Tinham o nome de "esferas douradas" (a cabina da tripulação?), de GIR, e as alikmahrati - um termo que significava, literalmente, "acelerador que faz andar a nave", ou aquilo a que nós chamamos uma máquina, um motor.
O que ressalta daqui é uma referência a uma nave-foguete de três partes, com a cabina ou módulo de comando no topo, os motores em baixo e o gir no meio. Este último termo foi usado extensivamente em relação à noção de vôo espacial. Os guardas que Gilgamesh encontrou à entrada do local de aterrissagem de Shamash tinham o nome de homens-giro. No templo de Ninurta, a sagrada ou a muito guardada área interior era chamada GIR.SU ("onde o gir é acionado").
Gir, reconhece-se de modo geral, é um termo usado para descrever um objeto de pontas agudas. Um olhar mais profundo ao signo pictórico para gir fornece uma melhor compreensão da natureza "divina" do termo; por aquilo que vemos, trata-se de um objeto longo, em forma de seta, dividido em várias partes ou compartimentos:
Que o Mu podia flutuar nos céus da terra por si próprio, ou voar por sobre os solos da Terra quando associado a um gir, ou tornado em módulo de comando no topo de um apin de múltiplos andares, é testemunho nítido da ingenuidade da engenharia dos deuses da Suméria, os deuses do céu e da terra.
Uma vista de olhos pelos pictografismos não deixa dúvidas de que quem quer que desenhasse estes sinais estava familiarizado com as formas e objetivos de foguetes com caudas de chamas de fogo, veículos semelhantes a mísseis e "cabinas" celestiais.
Finalmente, lancemos uma vista de olhos pelo signo pictográfico sumério para "deuses". O termo é uma palavra dissilábica, DIN.GIR. Já vimos qual era o símbolo GIR; um foguete de dois andares com estabilizadores. DIN, a primeira sílaba, significava "justo", "puro", "brilhante". Em conjunto, então, DIN.GIR tal como "deuses" ou "seres divinos" levam ao significado facilmente traz ao espírito a idéia de um motor a jato expelindo chamas da cauda e cuja parte da frente está aberta, para nossa confusão. Mas a confusão redunda em estupefação se "soletrarmos" dingir combinando os dois pictografismos. A cauda do gir com estabilizadores entra perfeitamente na abertura da frente do din.
KA.GIR (“boca do foguete”) mostrava um gir equipado de estabilizadores, ou foguete, dentro de um recinto subterrâneo semelhante a um dardo.
O primeiro era ESH (“celestial residência”), a câmara ou módulo de comando de um veículo espacial. O segundo era ZIK (“ascender”), um módulo de comando levantando vôo?
“Os justos, dos brilhantes objetos pontiagudos”, ou, mais explicitamente, “os puros dos foguetes resplandecentes”.
O signo pictográfico para din era este: que facilmente traz ao espírito a idéia de um motor a jato expelindo chamas da cauda e cuja parte da frente está aberta, para nossa confusão. Mas a confusão redunda em estupefação se “soletrarmos” dingir combinando os dois pictografismos. A cauda do gir com estabilizadores entra perfeitamente na abertura da frente do din.
O espantoso resultado é uma gravura de nave espacial propulsionada por um foguete com uma nave de aterrissagem perfeitamente incorporada tal como o módulo lunar que estava incorporado à nave espacial Apollo 11. É, na verdade, um veículo de três estágios em que cada parte se ajusta exatamente à seguinte: a parte da propulsão, contendo os motores, a seção intermediária, contendo reservas e equipamento e a cilíndrica "câmara do céu", abrigando pessoas chamadas dingir - os deuses da Antiguidade, os astronautas de há milênios.
Poderão subsistir dúvidas de que os povos antigos, ao chamar suas deidades "deuses do céu e da terra", queriam dizer literalmente que eles tinham vindo de algum lugar para a terra, descendo dos céus?
A evidência acerca dos antigos deuses e seus veículos, já longamente exposta à apreciação, não deixa dúvidas de que eles eram realmente seres vivos de carne e osso, literalmente gente que desceu à terra vinda dos céus.
Até os antigos compiladores do Antigo Testamento, que dedicaram a Bíblia a um único Deus, acharam necessário manifestar a presença sobre a terra em tempos remotos de tais criaturas divinas.
A seção enigmática, um horror para tradutores e teólogos, constitui o início do capítulo VI do Gênesis. Está interposta entre o retrospecto sobre a expansão do gênero humano ao longo das gerações após Adão e a história da desilusão divina com a humanidade que precedeu o dilúvio. Afirma-se aí, inequivocamente, que naquele tempo:
Viram as filhas dos homens, elas estavam bem;
E eles levaram-nas como esposas,
De todas as que escolheram.
As implicações destes versos e os paralelos com os contos sumérios de deuses de seus filhos e netos, e da prole semi-divina resultante da coabitação entre os deuses e mortais, acumula-se à medida que continuamos a ler os versos bíblicos:
Naqueles dias e depois também,
Quando os filhos dos deuses
Viviam com as filhas de Adão,
E elas lhes deram filhos.
Eles eram os poderosos filhos da Eternidade –
O povo do shem.
A tradução acima citada não é a tradicional. Durante muito tempo, a expressão "Os Nefilim estavam sobre a terra" foi traduzida como "Havia gigantes sobre a terra", até que os tradutores mais recentes, reconhecendo o erro, recorreram simplesmente ao expediente de deixar o termo hebraico
intacto na tradução. O verso "o povo do shem", como se poderia esperar, foi entendido como "o povo que tem um nome" e, deste modo, "o povo de renome". Mas como já estabelecemos, o termo shem deve ser tomado em seu significado original, um foguete, uma nave espacial.
Então, que quer dizer o termo "Nefilim"? Derivado da palavra de raiz semita NFL ("a ser lançado"), significa literalmente isso, ou seja, aqueles que foram lançados para a terra!
Teólogos contemporâneos e eruditos da Bíblia tiveram tendência a evitar os versos problemáticos. Para isso, elaboraram uma tentativa de explicação alegórica ou então, muito simplesmente, ignoraram esses versos. Mas os escritos judeus da época do Segundo Templo reconheceram nestes versos os ecos de antigas tradições de "anjos malditos". Alguns dos antigos trabalhos acadêmicos mencionam até os nomes destes seres divinos "que caíram do céu e estavam na terra naqueles dias": Sham-Hazzai ("a atenção do shem"), Uzza ("poderoso") e Uzi-El ("poder de Deus").
Malbim, um comentador bíblico de renome do século 19, reconheceu estas antigas raízes e explicou que “em tempos remotos os governadores de regiões eram os filhos das deidades que chegaram à terra vindos dos céus, e governaram a terra, e casaram com as filhas do homem; e sua prole incluía heróis e pessoas poderosas, princesas e soberanos". Estas histórias, diz Malbim, eram de deuses pagãos, "filhos de deidades que em tempos imemoriais caíram das alturas sobre a terra... é por isso que eles chamaram a si próprios 'Nefilim'", ou seja, "Aqueles que se arruinaram".
Não levando em conta as implicações teológicas, o significado literal e original dos versos não nos pode escapar: os filhos dos deuses que vieram para a terra, do alto dos céus, eram os Nefilim.
E os Nefilim eram o povo do Shem - povo das naves-foguetes. Daqui em diante, chama-los-emos pelo seu nome bíblico.
Fonte: O 12º. PLANETA - Zecharia Sitchin
Tradução de ANA PAULA CUNHA
DOWNLoad: http://www.hlage.com.br/E-Books-Livros-PPS/O_12-Planeta_Livro_Zecharia%20Sitchin-1976.pdf
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