07/12/2012

Zecharia Sitchin - O 12º. Planeta: CAP. 7 - A Epopéia da Criação

Na grande maioria dos antigos selos cilíndricos até hoje encontrados, os símbolos que substituem certos corpos celestes, membros do nosso Sistema Solar, aparecem sobre as figuras de deuses ou humanos.

Um selo acádio do 3º. milênio a.C., agora na posse do Departamento Pré- Asiático do Museu de Estado de Berlim Oriental (com o número de catálogo VA/243), desvia-se da maneira habitual de representação dos corpos celestes.
Não os mostra individualmente, mas antes como um grupo de sete globos rodeando uma grande estrela raiada. Trata-se nitidamente da descrição do sistema solar tal como era conhecido pelos sumérios - um sistema consistindo em doze corpos celestiais.

Normalmente, representa-se esquematicamente nosso sistema solar por uma linha de planetas estendendo- se a partir do Sol em distâncias progressivamente maiores. Mas se nós representarmos os planetas não num
eixo, mas um a seguir ao outro num círculo (sendo o mais próximo, Mercúrio, o primeiro, depois Vênus, em seguida a Terra, e assim por diante), o resultado seria algo semelhante na figura abaixo. (Todos os desenhos são esquemáticos e não em escala; as órbitas planetárias nos desenhos que se seguem são mais circulares do que elípticas para facilidade de apresentação.)

Se lançarmos agora um segundo olhar para uma ampliação do sistema solar gravada no selo cilíndrico VA/243, veremos que os "pontos" que rodeiam a estrela são, na verdade, globos cujos tamanhos e ordem se adaptam ao do sistema solar representado na figura anterior. O diminuto Mercúrio é seguido de um Vênus maior. A Terra, do mesmo tamanho que Vênus, é acompanhada pela pequena Lua. Prosseguindo na direção anti-horária, Marte é corretamente mostrado menor que a Terra, mas maior que a Lua ou Mercúrio.

A antiga representação mostra, depois, o planeta desconhecido por nós - consideravelmente maior que a Terra, mas menor que Júpiter e Saturno, que claramente o seguem. Mais distante; outro par se ajusta perfeitamente ao nosso Urano e Netuno. Finalmente, aparece o minúsculo Plutão, mas não no local onde agora o colocamos (depois de Netuno); em vez disso, aparece situado entre Saturno e Urano.

Tratando a Lua como um autêntico corpo celeste, a representação suméria dá conta completa de todos os planetas nossos conhecidos, coloca-os na ordem correta (à exceção de Plutão) e mostra-os por tamanho.

No entanto, esta representação com 4.500 anos insiste também em que havia, ou houvera, outro planeta principal entre Marte e Júpiter. Este é, como veremos, o Décimo Segundo Planeta, o planeta dos Nefilim.

Se este mapa celeste sumério fosse descoberto e estudado há dois séculos, os astrônomos julgariam que os sumérios tinham uma total falta de informação e imaginavam loucamente a existência de outros planetas para além de Saturno. Hoje em dia, no entanto, sabemos que Urano, Netuno e Plutão estão realmente lá. Será que os sumérios imaginaram as outras discrepâncias, ou estariam eles corretamente informados pelos Nefilim de que a Lua era um membro do sistema solar por direito próprio, de que Plutão estava situado perto de Saturno e de que havia um Décimo Segundo Planeta entre Marte e Júpiter?

A teoria persistentemente defendida de que a Lua não era mais que uma "gelada bola de golfe" não foi abandonada senão quando as missões norte-americanas Apolo à Lua chegaram a uma feliz conclusão. As melhores sugestões alvitravam que a Lua era um pedaço de matéria que se separara da Terra quando esta estava ainda em fusão e tinha plasticidade. Sem o impacto de milhões de meteoritos que deixaram crateras na face da Lua, este satélite seria um pedaço de matéria, inerte e sem relevo, que solidificara e para sempre seguiria a Terra.

Observações efetuadas por satélites não tripulados começavam, entretanto, a pôr em dúvida estas velhas crenças. Determinou-se que a composição química e mineral da Lua era suficientemente diferente da composição química da Terra, o que podia desafiar a teoria da "separação". As experiências conduzidas na Lua pelos astronautas americanos e o estudo e a análise das amostras de solo e rocha lunares que trouxeram consigo estabeleceram, sem margem para dúvidas, que a Lua, apesar de ser hoje estéril, foi outrora um "planeta vivo". Tal como a Terra, a Lua possui um solo em camadas, o que significa que solidificou desde sua própria idade original de fusão. Tal como a Terra, gera calor, mas, enquanto o calor da Terra provém de seus materiais radioativos "cozidos" dentro da Terra sob uma enormíssima pressão, o calor da Lua, aparentemente, tem sua origem em camadas de materiais radioativos situados muito próximos da superfície. Estes materiais, no entanto, são demasiado pesados para terem flutuado.

Então, o que os depositou próximo da superfície lunar?

O campo de gravidade da Lua parece ser bastante irregular, como se enormes pedaços de matéria pesada (tal como o ferro) não tivessem penetrado até o seu núcleo de forma igual, mas se tivessem espalhado ao acaso pela superfície. Por que processo ou força, podemos perguntar? Há provas que afirmam que as antigas rochas da Lua eram magnetizadas. Há também provas de que os campos magnéticos foram mudados ou invertidos. Terá sido por algum desconhecido processo interno, ou por uma influência exterior indeterminada?

Os astronautas da Apolo 16 encontraram na Lua rochas (chamadas brechas) que resultam dos estilhaços de rocha sólida de novo soldada por um súbito e enorme calor. Quando e como se despedaçaram e voltaram a se fundir essas rochas? Outros materiais da superfície lunar são ricos em fósforo e potássio radioativos raros, materiais que na Terra se encontram apenas a grandes profundidades.

Conjugando todos estes achados, os cientistas têm agora a certeza de que a Lua e a Terra, formadas quase pelos mesmos elementos por volta da mesma época, evoluíram como corpos celestes separados. Na opinião dos cientistas da NASA, a Lua evoluiu "normalmente" durante seus primeiros 500 milhões de anos. Depois, dizem eles (citado no jornal norte-americano The New York Times):

O período de maiores cataclismos ocorreu há 4 bilhões de anos, quando
corpos celestes do tamanho de grandes cidades e pequenas províncias vieram
colidir com a Lua formando as extensas bacias e as altaneiras montanhas.
As enormes quantidades de matérias radioativas deixadas pelas colisões
começaram a aquecer a rocha por debaixo da superfície, fundindo
quantidades maciças desses materiais e forçando os mares de lava a entrar
para as crateras da superfície.
A Apolo 15 encontrou uma queda de rochedos na cratera Tsiolovsky seis
vezes maior que qualquer queda de rochas na Terra. A Apolo 16 descobriu
que a colisão que criara o mar do Néctar depositara também detritos num raio
superior a 1.500 quilômetros.
A Apolo 17 alunissou próximo de uma escarpa oito vezes mais alta que
qualquer uma na Terra, o que significa que foi formada por um abalo sísmico
lunar oito vezes mais violento que qualquer outro na história da Terra.

As convulsões que se seguiram a este evento cósmico continuaram durante 800 milhões de anos para que a composição da Lua e sua superfície adquirissem sua forma gelada há cerca de 3,2 bilhões de anos.

Os sumérios, então, tinham razão em representar a Lua como um corpo celeste por direito próprio. E, como em breve veremos, deixaram-nos também um texto que explica e descreve a catástrofe cósmica a que se referem os peritos da NASA.

O planeta Plutão foi cognominado "o enigma". Enquanto as órbitas à volta do Sol executadas pelos outros planetas se afastam apenas um pouco de ser um círculo perfeito, o desvio ("excentricidade") de Plutão é tal, que ele descreve a mais extensa e elíptica órbita à volta do Sol. Enquanto os outros planetas orbitam o Sol mais ou menos dentro do mesmo plano, Plutão está fora de ordem por uns largos 17º. Devido a estes dois padrões pouco usuais de sua órbita, Plutão é o único planeta que atravessa a órbita de outro planeta, Netuno.

Pelo tamanho, Plutão está, na realidade, na classe dos "satélites". Seu diâmetro, 5.800 quilômetros, não é muito maior que o de Tritão, um satélite de Netuno, ou o de Titã, um dos dez satélites de Saturno. Devido às suas características pouco comuns, sugeriu-se que esta "inadaptação" poderia ter iniciado sua vida celeste como um satélite que, de uma forma ou de outra, escapou ao seu senhor e passou a orbitar o Sol por si próprio.

Como veremos em breve, foi isto o que realmente aconteceu, de acordo com os textos sumérios.

E atingimos agora o clímax da busca de respostas para os primeiros eventos celestes: a existência do Décimo Segundo Planeta. Por mais espantoso que isto possa parecer, o fato é que os astrônomos têm procurado as provas que demonstrem que, na realidade, tal planeta existiu outrora entre Marte e Júpiter.

Já próximo do fim do século 18, mesmo antes de Netuno ter sido descoberto, vários astrônomos demonstraram que “os planetas estavam colocados a certas distâncias do Sol de acordo com alguma lei definida". A sugestão, que veio a ser conhecida como a Lei do Presságio, convenceu os astrônomos de que o planeta devia ter girado num local onde até agora se desconhecia a existência de qualquer corpo celeste - ou seja, entre as órbitas de Marte e Júpiter.

Instigados por estes cálculos matemáticos, os astrônomos começaram a esquadrinhar os céus na zona indicada para o "planeta desaparecido". No primeiro dia do século 19, o astrônomo italiano Giuseppe Piazzi descobriu, na exata distância indicada, um diminuto planeta (780 quilômetros de largura), a que chamou Ceres. Por volta de 1804, o número de asteróides ("pequenos planetas") encontrados elevou-se para quatro. Até o presente, foram contados quase 3.000 asteróides orbitando o Sol, no chamado Cinturão de Asteróides. Sem margem de dúvidas, trata-se aqui dos fragmentos de um planeta que foi reduzido a pedaços. Os astrônomos russos chamaram-lhe Phayton ("Carro Triunfal").

Entretanto, se os astrônomos estão seguros da existência de tal planeta, são incapazes de explicar seu desaparecimento. Teria o planeta explodido por si próprio? Mas, neste caso, seus fragmentos voariam em todas as direções e nunca se concentrariam num único cinturão. Se uma colisão despedaçasse o planeta desaparecido, onde estaria o corpo celeste responsável pela colisão? Ter-se-á ele também despedaçado? Mas os destroços circundando o Sol, quando reunidos, são insuficientes até para formar um só planeta completo, quanto mais dois. Do mesmo modo, se os asteróides englobavam os fragmentos de dois planetas, deveriam ter mantido a rotação axial de dois planetas. Mas todos os asteróides têm uma única rotação axial, o que indica que vieram todos de um único corpo celeste. Como se despedaçou então o planeta desaparecido, e o que o terá despedaçado?

As respostas para estes quebra-cabeças nos foram legadas pela Antiguidade.

Há cerca de um século, a decifração dos textos encontrados na Mesopotâmia transformou-se inesperadamente na compreensão que lá mesmo, na Mesopotâmia, existiam textos que não só constituíam um paralelo, como também precediam algumas partes das Sagradas Escrituras. Die Kielschriften und das alte Testament [Os Escritos à Pena e o Antigo Testamento], escrito por Eberhard Schräder em 1872, deu origem a uma avalanche de livros, artigos, conferências e debates que duraram metade de um século. Houve, nos dias remotos, um elo entre a Babilônia e a Bíblia? Uma comparação entre as capitulares afirmam-no ou denunciam-no provocantemente: BABEL e BIBEL.

Entre os textos descobertos por Henry Layard nas ruínas da biblioteca de Assurbanipal em Nínive havia um que contava a lenda da criação de modo não diferente daquele usado no livro do Gênesis. As barras partidas, reunidas e publicadas pela primeira vez por George Smith, em 1876 (The Chaldean Genesis) [A Gênese Caldéia], estabelecem bastante definidamente que aí existiu, na verdade, um texto acádio, escrito no dialeto babilônico antigo, que narra como certa divindade criou o céu e a terra e tudo o que existe sobre a terra, incluindo o homem.

Existe agora uma vasta literatura que compara o texto mesopotâmico com a narrativa bíblica. O trabalho da deidade babilônica foi executado, senão em seis "dias", então no curto espaço de tempo de seis barras. Paralelamente ao bíblico sétimo dia de descanso e distração de Deus do seu trabalho manual, a epopéia mesopotâmica dedica uma sétima barra à exaltação da divindade babilônica e de suas realizações. Adequadamente, L.W. King dá ao seu autorizado texto acerca do assunto o nome de The Seven Tablets of Creation [As Sete Barras da Criação].

Agora chamado "A Epopéia da Criação", o texto era conhecido na Antiguidade por suas palavras de abertura, Enuma Elish ("Quando nas alturas"). O conto bíblico da criação começa com a criação dos céus e da terra; o texto da Mesopotâmia é uma verdadeira cosmogonia, abordando importantes acontecimentos e transportando-nos até o princípio dos tempos:

Enuma elish la nabu shamamu.
Quando nas alturas o céu não fora nomeado.
Shaplitu ammatum shuma la zakrat.
E embaixo, solo firme [terra] não fora chamado.

Foi nessa altura, diz-nos a epopéia, que dois primitivos corpos celestes deram à luz uma série de "deuses" celestiais. À medida que o número de seres celestiais aumentava, começaram a fazer grande barulho e agitação perturbando o Pai Primevo. O seu fiel mensageiro fez-lhe ver, então, a pressa de tomar fortes medidas para disciplinar os jovens deuses, mas estes conspiraram contra ele e privaram-no de seus poderes criativos. A Mãe Primeva procurou tirar vingança. O deus que liderara a revolta contra o Pai Primevo fez uma nova sugestão: deixar, ou melhor, fazer que seu jovem filho fosse convidado a reunir-se à assembléia dos deuses e lhe fosse concedida supremacia para que ele pudesse lutar sem ajuda com o "monstro" em que a mãe deles se tornara.

Garantida sua supremacia, o jovem deus - Marduk, de acordo com a versão babilônica - decidiu enfrentar o monstro, e, depois de uma renhida batalha, venceu-o e dividiu-o em duas partes. De uma parte ele criou o céu, e da outra, fez a terra.

Depois proclamou uma ordem fixa nos céus e associou a cada deus celestial uma posição permanente. Na terra, produziu montanhas, mares e rios, estabeleceu estações e vegetação, e criou o homem. A Babilônia e seu templo altaneiro foram construídos na terra como duplicação da residência celestial. Homens e deuses receberam nomeações, ordens e rituais para serem cumpridos. Os deuses proclamaram depois Marduk como a suprema deidade e concederam-lhe os "cinqüenta nomes", as prerrogativas e a categoria numérica do reino de Enlil.

À medida que mais barras e fragmentos eram encontrados e traduzidos, tornou-se evidente que o texto não era um simples trabalho literário; tratavase, sim, da mais reverenciada epopéia histórico-religiosa da Babilônia, lida como parte dos rituais de ano-novo. Pretendendo propagar a supremacia de Marduk, a versão babilônica faz dele o herói do conto da criação. Isto, contudo, nem sempre se passou assim. Há provas suficientes para demonstrar que a versão da epopéia era uma poderosa falsificação político-religiosa das versões sumérias anteriores, nas quais Anu, Enlil e Ninurta eram os heróis. No entanto, não importa que nomes tivessem os atores neste drama divino e celeste, o conto é com certeza tão antigo quanto a civilização suméria. Muitos estudiosos consideram-no uma obra filosófica - a mais antiga versão da eterna luta entre o Bem e o Mal - ou um conto alegórico da natureza verão e inverno, nascer e pôr-do-Sol, morte e ressurreição.

Mas por que não tomarmos a epopéia em seu valor nominal, como nada menos ou nada mais que o relato de fatos cosmológicos, tal como eram conhecidos pelos sumérios, tal como os Nefilim lhos transmitiram? Usando esta ousada e romanesca aproximação, descobrimos que a "Epopéia da Criação" explica perfeitamente os acontecimentos que, provavelmente, tiveram lugar em nosso sistema solar.

O palco no qual se revela o drama celeste do Enuma Elish é o universo primevo. Os atores celestes são os que criaram e também os que estão sendo criados. Ato I:

Quando nas alturas o céu não fora nomeado,
E embaixo, a terra não fora chamada;
Nada, exceto o primordial APSU, seu criador,
MUMMU e TIAMAT - ela que os deu à luz, a todos;
As suas águas foram reunidas.

Nenhum junco se formara, nenhum pântano aparecera.
Nenhum dos deuses tinha já sido trazido à vida,
Nenhum tinha nome, seus destinos estavam indeterminados;
Foi então que os deuses se formaram no meio.

Com uns poucos rasgos do estilete de junco sobre a primeira barra de argila - em nove curtas linhas - o antigo poeta-cronista consegue fazer-nos sentar no centro da fila da frente, e ousada e dramaticamente levanta a cortina para o mais majestoso espetáculo de tempo: a criação do nosso sistema solar.

Na grande superfície do espaço, os "deuses" - os planetas - estão ainda por aparecer, por nomear, por ter seus "destinos" - suas órbitas - estabelecidos.

Existem apenas três corpos: "o primordial AP.SU" ("um que existe desde o princípio"); MUM.MU ("um que nasceu"), e TIA-MAT ("donzela da vida").

As "águas" de Apsu e Tiamat juntaram-se, e o texto deixa bem claro que isto não se refere às águas onde os juncos cresciam, mas às águas primordiais, os elementos básicos portadores de vida do universo.

Assim sendo, Apsu é o Sol, "um que existe desde o princípio".

Mais próximo dele está Mummu. Mais para diante, a narrativa épica esclarece-nos que Mummu era o auxiliar e emissário de confiança de Apsu - uma boa descrição de Mercúrio, o pequeno planeta girando em torno de seu gigantesco senhor. Na verdade, este era o conceito que os antigos gregos e os romanos tinham acerca do deus-planeta Mercúrio, o rápido mensageiro dos deuses.

Mais longe ficava Tiamat. Ela era o "monstro" que, mais tarde, Marduk despedaçaria, o "planeta desaparecido". Mas, em tempos primordiais, ela fora a primeira Mãe Virgem da primeira Divina Trindade. O espaço entre ela e Apsu não era de vácuo - estava preenchido com os elementos primordiais de Apsu e Tiamat. Estas "águas" misturaram-se intimamente e foi gerado um par de deuses celestiais - planetas - no espaço entre Apsu e Tiamat.

As suas águas foram confundidas...
Deuses foram gerados entre elas:
O deus LAHMU e o deus LAHAMU foram dados à luz;
Pelo nome eles foram chamados.

Etimologicamente, os nomes destes dois planetas derivam da raiz LHM ("fazer guerra"). Os antigos legaram-nos a tradição de que Marte era o Deus da Guerra e Vênus, simultaneamente, a Deusa do Amor e da Guerra.



LAHMU e LAHAMU são, respectivamente, nomes masculino e feminino, e a identidade dos dois deuses da epopéia e dos planetas Marte e Vênus é assim confirmada tanto etimológica como mitologicamente. E astrologicamente o fato é também confirmado, uma vez que o planeta desaparecido, Tiamat, se localizava para além de Marte. Marte e Vênus estão, de fato, localizados no espaço entre o Sol (Apsu) e "Tiamat". Isto pode ser ilustrado se seguirmos o mapa celeste sumério.




O processo de formação do sistema solar prosseguiu então. Lahmu e Lahamu - Marte e Vênus - foram dados à luz, mas mesmo:

Antes que eles avançassem nos anos
E em estatura até ao tamanho idealizado
Formaram-se o deus ANSHAR e o deus KISHAR,
Que os ultrapassaram [em tamanho].




À medida que os dias se alongavam e os anos se multiplicavam,
O Deus ANU tornou-se filho deles - um rival de seus antecessores.
Depois o primogênito de Anshar, Anu,
Engendrou à sua imagem e semelhança NUDIMMUD.

Com uma elegância conjugada apenas com a precisão da narrativa, desenrolou-se, ligeiro, ante nossos próprios olhos o ato I da Epopéia da criação. Sabemos que Marte e Vênus deviam desenvolver-se até determinado tamanho, mas, antes mesmo de sua formação estar completa, outro par de planetas foi gerado e formado. Eram dois planetas majestosos, como se pode evidenciar pelos seus nomes: AN.SHAR ("príncipe, o primeiro nos céus") e KI.SHAR ("o primeiro nas terras firmes"). Eles deixaram para trás, em tamanho, o primeiro par, "ultrapassando-o" em estatura. A descrição, os epítetos e a localização deste segundo par facilmente os identificam como Saturno e Júpiter.

Decorreu, então, mais algum tempo ("multiplicaram-se os anos"), e outro par de planetas, o terceiro, foi dado à luz. Primeiramente veio ANU, menor que Anshar e Kishar ("filho deles"), mas, maior que os primeiros planetas ("de seus antepassados", um rival). Depois Anu,  por seu turno, gerou um planeta gêmeo, "à sua imagem e semelhança". A versão babilônica chama a este planeta NUDIMMUD, um epíteto de Ea/Enki. Uma vez mais, as descrições de tamanhos e localizações adaptam-se ao seguinte par de planetas conhecido em nosso sistema solar, Urano e Netuno.

Havia ainda um outro planeta a ser explicado entre estes planetas exteriores, ao qual chamamos Plutão. A Epopéia da Criação referiu-se já a Anu como "o primogênito de Anshar", implicando assim a existência de outro deus planetário "nascido" a Anshar/Saturno. A epopéia alcança esta deidade celeste mais tarde, quando relata como Anshar enviou seu emissário GAGA em várias missões aos outros planetas.

Gaga aparece igual em função e estatura ao emissário de Apsu, Mummu. Isto traz à mente as muitas
semelhanças entre Mercúrio e Plutão. Gaga era, então, Plutão. Mas os sumérios, em seu mapa dos céus, não colocam Plutão para além de Netuno, mas ao lado de Saturno, do qual ele era "emissário", ou satélite.
Quando o ato I da Epopéia da Criação chegou ao fim, existia já um sistema solar constituído pelo Sol e por nove planetas:

SOL                 - Apsu, "um que existiu desde o princípio".
MERCÚRIO  - Mummu, conselheiro e emissário de Apsu.
VÊNUS           - Lahamu, "senhora de batalhas".
MARTE         - Lahamu, "divindade da guerra".
                       - Tiamat, "donzela que deu vida".
JÚPITER      - Kishar,  "O primeiro em terra firme".
SATURNO   - Anshar, "o primeiro nos céus".
PLUTÃO      - Gaga, conselheiro e emissário de Anshar.
URANO       - Anu, "ele dos céus".
NETUNO     - Nudimmud (Ea), "engenhoso criador".

Onde estavam a Terra e a Lua? Ainda por criar, elas resultariam da futura colisão cósmica.

Com o fim do majestoso drama do nascimento dos planetas, os autores da Epopéia da Criação levantam agora a cortina para o ato II, um drama de celestiais distúrbios. A família de planetas recentemente criada estava longe de ter atingido a estabilidade. Os planetas gravitavam na direção uns dos outros convergindo para Tiamat, o que perturbava e punha em perigo os corpos primordiais.

Os divinos irmãos juntavam-se em grupo;
Eles perturbavam Tiamat enquanto se agitavam [para a frente e para trás].
Eles incomodavam a “barriga" de
Tiamat
Com suas palhaçadas nas casas do céu.
Apsu não podia diminuir seu clamor;
Tiamat estava emudecida com suas maneiras.
Seus atos eram repugnantes...
Fastidiosas as suas maneiras.

Temos aqui referências óbvias a órbitas irregulares. Os novos planetas "agitavam-se para a frente e para trás"; ficavam demasiado próximos uns dos outros ("juntavam-se em grupo"); interferiam na órbita de Tiamat, aproximando-se demasiado de sua "barriga"; suas "maneiras" eram fastidiosas. Embora fosse Tiamat a que maior perigo corria, também Apsu achou as maneiras dos planetas "repugnantes". Ele anunciou sua intenção de "destruir, arruinar suas vias". Ele reuniu-se às pressas com Mummu, pediulhe conselho em segredo. Mas "o que quer que tenham tramado entre si" foi escutado pelos deuses e o plano para sua destruição deixou-os mudos. O único que não perdeu suas capacidades foi Ea. Ele arquitetou um plano para "derramar o sono sobre Apsu". Quando os outros deuses celestiais concordaram com o plano, Ea "desenhou um mapa fiel do universo" e lançou um feitiço divino sobre as primevas águas do sistema solar.

Que seria este "feitiço" ou força exercida por "Ea" (o planeta Netuno) - ou seja, o planeta mais exterior - enquanto orbitava o Sol e rodeava todos os outros planetas? Teria sua própria órbita à volta do Sol afetado o magnetismo solar e, deste modo, suas emanações radioativas? Ou teria o próprio. Netuno, por sua iniciativa, emitido algumas vastas radiações de energia? Quaisquer que fossem os efeitos, a epopéia igualou-os a um "derrame de sono." - um efeito calmante - sobre Apsu (o Sol). Até "Mummu, o Conselheiro, ficou incapaz de se mexer".

Como no conto bíblico de Sansão e Dalila, o herói, derrotado pelo sono, pôde facilmente ser privado de seus poderes. Ea agiu rapidamente para roubar de Apsu seu papel criativo. Extinguindo, ao que parece, as imensas imanações de matéria primitiva do Sol, Ea/Netuno "tirou de Apsu a tiara, retirou seu manto de aura". Apsu estava "conquistado". Mummu já não podia deambular. Ele foi "despachado e deixado para trás", um planeta sem vida ao lado do seu senhor.

Privando o Sol de sua criatividade - travando o processo de emissão de mais energia e matéria para a formação de planetas adicionais -, os deuses trouxeram uma paz temporária ao sistema solar. A vitória foi ainda marcada pela mudança do significado e localização de Apsu. Este epíteto foi, a partir daí, aplicado à "residência de Ea". Quaisquer planetas adicionais, a partir deste momento, podiam apenas vir do novo Apsu, do "Abismo", os longínquos limites de espaço que o planeta mais exterior enfrentava.

Quanto. tempo decorreu até que a paz celestial fosse de novo quebrada? A Epopéia não o diz. Mas prossegue, com uma pequena pausa, e levanta a cortina para o ato III:

Na Câmara da Fortuna, o local dos Destinos, Foi engendrado um deus, o mais capaz e sensato dos deuses;
No âmago do Abismo foi MARDUK criado.

Um novo "deus" celestial, um novo planeta, junta-se à casta. Ele foi formado no Abismo, longe no espaço, numa zona em que o movimento orbital - o "destino" de um planeta - lhe tinha de ser comunicado. Foi atraído para o sistema solar pelo planeta de órbita mais exterior: "Aquele que o criou foi Ea (Netuno.)". O novo planeta era digno de contemplação:

Fascinante era sua figura, cintilante o erguer dos seus olhos;
Altivo seu porte, autoritário como de velhos tempos...
Entre os deuses ele era intensamente exaltado, excedendo [através...]
Ele era o mais supremo dos deuses, incomparável sua altura;
Seus membros eram enormes, ele era extremamente alto.

Aparecendo do espaço exterior, Marduk era ainda um planeta recém-nascido, vomitando fogo e emitindo radiação. "Quando ele abria seus lábios, o fogo resplandecia em frente.”

À medida que Marduk se aproximava dos outros planetas, "eles encaminhavam em sua direção seus medonhos raios", e ele cintilou deslumbrantemente, "vestido com o halo de dez deuses". Sua aproximação
estimulou emissões elétricas (e outras) dos restantes membros do sistema solar. E uma única palavra confirma aqui a nossa decifração da Epopéia da Criação: Dez corpos celestiais o aguardavam: o Sol e apenas outros nove planetas.

A narrativa épica leva-nos agora ao longo da velocíssima rota de Marduk. Ele passa primeiro. pelo planeta que o "criou", que o atraiu para o sistema solar, o planeta Ea/Netuno. À medida que Marduk se aproxima de Netuno, a força gravitacional deste último sobre o recém-chegado aumenta de intensidade. Torna redonda a via de Marduk, "fazendo-a boa para seu objetivo".

Marduk devia estar ainda nessa época num estágio muito plástico. À medida que passava por Ea/Netuno, a força gravitacional fez com que a face de Marduk adquirisse um bojo, como se possuísse uma "segunda cabeça". No entanto, nenhuma parte de Marduk foi arrancada como resultado desta passagem. Mas, enquanto alcançava as vizinhanças de Anu/Urano, pedaços de matéria começaram a separar-se dele, resultando daí a formação de quatro satélites de Marduk. "Anu deu à luz e idealizou os quatro lados, concedeu seus poderes ao chefe da hoste." Chamados "ventos", os quatro satélites foram arremessados para uma órbita rápida em torno de Marduk, "redemoinhando como um furacão".

A ordem de passagem, primeiro por Netuno, depois por Urano, indica que Marduk se aproximava do sistema solar não na direção orbital do sistema (direção contrária à dos ponteiros do relógio), mas no sentido horário.

Prosseguindo, o planeta em movimento foi em breve apanhado pelas imensas forças gravitacionais e magnéticas dos gigantes Anshar/Saturno e depois Kishar/Júpiter. Sua trajetória inclinou-se ainda mais para o interior, na direção de Tiamat.

A aproximação de Marduk em breve começou a perturbar Tiamat e os planetas interiores (Marte, Vênus, Mercúrio). "Ele produziu correntes, perturbou Tiamat; os deuses não tinham descanso, levados como numa tempestade.

Embora neste ponto as linhas do antigo texto estejam parcialmente danificadas, é-nos ainda possível ler que o planeta que se aproximava "enfraqueceu seus órgãos vitais... comprimiu seus olhos". A própria Tiamat "andava de um lado para o outro, enlouquecida", com sua órbita evidentemente perturbada.

A força gravitacional do grande planeta que se aproximava em breve começou a arrancar pedaços de Tiamat. De seu centro surgiram onze "monstros", um tropel "resmungão e enraivecido" de satélites que "se separaram a si próprios" do corpo de Tiamat e "marcharam a seu lado". Preparando-se para enfrentar o apressado Marduk, Tiamat "coroou-os com halos", dando-lhes a aparência de "deuses" (planetas).

De particular importância para a Epopéia e para a cosmogonia mesopotâmica foi o satélite principal de Tiamat, cujo nome era KINGU, "o primogênito entre os deuses que formaram sua assembléia".

Ela exaltou Kingu,
No meio deles ela o fez grande...
O alto comando da batalha
Ela depositou nas mãos dele.

Sujeito a forças gravitacionais conflitantes, este grande satélite de Tiamat, começou a flutuar na direção de Marduk. Esta concessão a Kingu de uma Barra dos Destinos - um caminho planetário próprio - preocupou, em especial, os planetas exteriores. "Quem concedera a Tiamat o direito de dar à luz novos planetas?", inquiriu Ea. Ele conduziu o problema até Anshar, o gigante Saturno.

Tudo o que Tiamat arquitetara, ele lhe repetiu:
... Ela constituiu uma assembléia e está furiosa com raiva...
Ela juntou armas sem rival, produziu monstros-deuses...
Além dos doze do seu gênero que ele trouxe ao mundo;
De entre os deuses que formaram sua assembléia,
Ela elevou Kingu, seu primogênito, o fez chefe...

Deu-lhe uma Barra dos Destinos, cingiu-a a seu peito.

Voltando-se para Ea, Anshar perguntou-lhe se ele podia partir e assassinar Kingu. A resposta perdeu-se devido a uma fratura nas barras, mas, ao que parece, Ea não satisfez Anshar, uma vez que a continuação da narrativa apresenta Anshar voltando-se para Anu (Urano) para tentar saber se deveria "ir e fazer frente a Tiamat". Mas Anu "foi incapaz de a enfrentar e regressou".

Nas agitadas alturas forma-se um confronto; um deus depois do outro, todos vão se desviando. Será que nenhum vai batalhar com a irada Tiamat?

Marduk, tendo passado Netuno e Urano, aproxima-se agora de Anshar (Saturno) e dos seus extensos anéis. Isto dá uma idéia a Anshar: "Ele que é potente será nosso vingador; ele que gosta de batalhas: Marduk, o Herói!" Chegando ao alcance dos anéis de Saturno ("ele beijou os lábios de Anshar"), Marduk responde:

Se, na verdade, eu como vosso Vingador
Tenho de conquistar Tiamat, salvar vossas vidas
Convoquem uma assembléia para proclamar a supremacia do meu Destino!

A condição era audaciosa, mas simples: Marduk e seu "destino" - sua órbita em torno do Sol - teriam de ser supremas entre todos os deuses celestiais. Foi então que Gaga, o satélite de Anshar/Saturno - e o futuro Plutão - foi desligado de sua órbita:

Anshar abriu sua boca,
A Gaga, seu Conselheiro, ele dirigiu uma palavra...
Fica no teu caminho, Gaga,
Manifesta tua posição entre os deuses,
E aquilo que eu te disser
Tu o repetirás a eles.

Passando pelos outros deuses/planetas, Gaga instigou-os a "fixar vossos decretos para Marduk". A decisão foi como que antecipada: os deuses estavam apenas demasiado desejosos de ter alguém mais para marcar pontos para o lado deles. "Marduk é rei", gritaram eles e incitaram-no a não perder mais tempo: "Vai e corta a vida de Tiamat!

A cortina ergue-se agora para o ato IV, a batalha celeste.

Os deuses decretaram o "destino" de Marduk; sua força gravitacional combinada determinou já a via orbital de Marduk para que ele não possa seguir senão um caminho, o que leva a uma "batalha", uma colisão com Tiamat.

Como compete a um guerreiro, Marduk armou-se com uma grande variedade de armas. Encheu seu corpo com uma "abrasadora chama"; "construiu um arco... ligou-lhe uma seta... em sua frente ele colocou o relâmpago"; e "depois fez uma rede para envolver Tiamat". Estes são nomes comuns para aquilo que pode apenas ter sido uma série de fenômenos celestiais - a descarga de raios elétricos quando os dois planetas convergiram, a força gravitacional (uma "rede") de um planeta sobre o outro.

Mas as principais armas de Marduk eram seus satélites, os quatro “ventos" que Urano lhe fornecera quando Marduk passou por ele - Vento Sul, Vento Norte, Vento Leste e Vento Oeste. Passando agora pelos gigantes, Saturno e Júpiter, e sujeito às suas tremendas forças gravitacionais, Marduk "deu à luz" mais três satélites - Vento Vil, Furacão e Vento Incomparável.

Usando seus satélites como um "carro de tempestades", "fez avançar os ventos que dera à luz, todos os sete". Os adversário estavam prontos para a batalha.

O Senhor avançou, seguiu seu caminho;
Na direção da irada Tiamat ele virou sua face...

O Senhor aproximou-se para esquadrinhar a face interior de Tiamat -
Para se aperceber do esquema de Kingu, seu esposo.

Mas à medida que os planetas orbitavam mais e mais perto uns dos outros, a rota de Marduk tornou-se errante:

Enquanto olha, sua trajetória fica perturbada.
Sua direção é desviada, seus atos, confusos.

Até os satélites de Marduk começaram a desviar sua rota:

Quando os deuses, seus ajudantes,
Que marchavam a seu lado,
Viram o valente Kingu, sua visão ofuscou-se.

Será que, no fim de tudo, os combatentes iriam faltar?
Mas a decisão estava tomada, os rumos irrevogavelmente em rota de colisão. "Tiamat emitiu um rugido"... "o Senhor levantou a tempestade caudalosa, sua poderosa arma". Enquanto Marduk se aproximava cada vez mais, a "fúria de Tiamat crescia", "as raízes de suas pernas balançavam para trás e para a frente". Ela começou a lançar "feitiços" contra Marduk, a mesma espécie de ondas celestiais que Ea usara anteriormente contra Apsu e Mummu. Mas Marduk continuou em sua direção de encontro a ela.

Tiamat e Marduk, os mais sensatos de todos os deuses,
Avançavam de encontro um ao outro;
Apressaram-se para o combate individual,
Aproximaram-se para a batalha.

A Epopéia volta-se agora para a descrição da batalha celestial, na seqüência da qual foram criados os céus e a terra.

O Senhor espalhou sua rede para a envolver;
O Vento Vil, o da retaguarda, ele desatrelou à frente dela.
Quando ela, Tiamat, abriu a boca para o devorar –
Ele dirigiu o Vento Vil para ela, para que não pudesse fechar os lábios.
Os ferozes ventos de tempestade atacaram então sua barriga;
Seu corpo distendeu-se - sua boca estava escancarada.
Através dela ele disparou uma seta, ela rasgou sua barriga;
Cortou suas entranhas, rasgou até seu ventre.
Tendo-a assim submetido, ele extinguiu seu hálito de vida.

Aqui está uma teoria muito original explicativa dos quebra-cabeças com que ainda hoje nos confrontamos. Um sistema solar, composto pelo Sol e nove planetas, foi invadido por um grande planeta parecido com um cometa vindo do espaço exterior. Primeiro ele encontrou Netuno; quando passou por Urano, pelo gigante Saturno e por Júpiter, sua rota foi profundamente inclinada para dentro, em direção ao centro do sistema solar, e deu à luz sete satélites. Depois, foi inalteravelmente colocado em rota de colisão com Tiamat, o planeta seguinte na linha.

Mas os dois planetas não colidiram, fato de importância astronômica fundamental: foram os satélites de Marduk que se chocaram com Tiamat, e não o próprio Marduk. Eles "distenderam" o corpo de Tiamat, fizeram nela uma larga rachadura. Através destas fissuras em Tiamat, Marduk disparou uma "seta", um "relâmpago divino", um imenso raio de eletricidade que saltou como uma faísca de Marduk carregado de energia, o planeta que estava cheio de "esplendor". Encontrando seu caminho nas entranhas de Tiamat, "extinguiu seu hálito de vida". Neutralizou as forças e os campos elétricos e magnéticos próprios de Tiamat, e "extinguiu-os".

O primeiro encontro entre Marduk e Tiamat deixou-a cheia de fissuras e estéril, mas seu destino final seria ainda determinado por encontros futuros entre os dois. Kingu, chefe dos satélites de Tiamat, seria tratado separadamente. Mas o destino dos outros dez satélites menores de Tiamat foi desde logo determinado.


Depois de ele ter trucidado Tiamat, a líder,
Seu grupo foi despedaçado, sua hoste partida.
Os deuses, seus ajudantes que marchavam a seu lado,
Tremendo de medo,
Voltaram suas costas para salvar e preservar suas vidas.

Poderemos identificar este exército "despedaçado... partido", que tremeu e "voltou suas costas", inverteu sua direção?

Fazendo isto oferecemos uma explicação para ainda mais um quebra-cabeça do nosso sistema solar: o fenômeno dos cometas. Minúsculos globos de matéria, são freqüentemente referidos como os "membros em rebelião" do sistema solar, uma vez que parecem não obedecer a quaisquer normas usuais de estrada. As órbitas dos planetas à volta do Sol (à exceção de Plutão) são quase circulares; as órbitas dos cometas são alongadas, e, em algumas circunstâncias, tão alongadas que alguns deles desaparecem de nossa vista durante centenas ou milhares de anos. Os planetas (à exceção de Plutão) orbitam o Sol no mesmo plano geral; as órbitas dos cometas repousam em vários planos diversos. Significativamente, enquanto todos os planetas que conhecemos giram à volta do Sol, no sentido anti-horário, muitos cometas movem-se na direção inversa.

Os astrônomos são incapazes de dizer que força, que acontecimento criou os cometas e os lançou para suas extravagantes órbitas. Nós respondemos:

Marduk! Passando rapidamente na direção inversa, num plano orbital próprio, ele despedaçou, fraturou a hoste de Tiamat em cometas menores e afetou-os com sua força gravitacional, sua assim chamada rede:

Atirados para a rede, eles viram-se presos no laço...
O grupo completo de demônios que marchara ao lado dela.
Ele lançou-lhe grilhões, ligou suas mãos...
Estreitamente rodeados, eles não podiam escapar.

Depois de terminada a batalha, Marduk levou de Kingu a Barra dos Destinos (a órbita independente de Kingu) e prendeu-a a seu próprio peito (o de Marduk): sua trajetória foi inclinada para uma permanente órbita solar. A partir desse tempo, Marduk passou a ser obrigado a regressar sempre à cena da batalha celeste.

Tendo "conquistado" Tiamat, Marduk flutuou nos céus, fora no espaço, à volta do Sol, e voltou a traçar sua passagem pelos planetas exteriores: Ea/Netuno, "cujo desejo Marduk alcançou", Anshar/Saturno, "cujo triunfo Marduk estabeleceu". Depois, seu novo caminho orbital fez Marduk regressar à cena de seu triunfo, "para fortalecer seu poder sobre os deusesconquistados", Tiamat e Kingu.

Quando a cortina se prepara para erguer para o ato V, aqui - e apenas aqui, embora até hoje não se tenha entendido isto -, o conto bíblico do Gênesis encontra a Epopéia da Criação da Mesopotâmia. É apenas neste ponto que a narrativa da Criação dos Céus e da Terra realmente começa.

Completando sua primeira e eterna órbita à volta do Sol, Marduk "regressou então a Tiamat, a quem ele subjugara".

O Senhor fez uma pausa para apreciar seu corpo sem vida.
Então engenhosamente planejou dividir o monstro.
Depois, ele separou-a em duas partes, como um mexilhão.

O próprio Marduk agride agora o planeta derrotado, separando Tiamat em dois, arrancando seu "crânio" ou parte superior. Depois, outro satélite de Marduk, o chamado Vento Norte, colidiu de encontro a uma das metades separadas. O pesado sopro transportou esta parte, destinada a tornar-se a Terra, até uma órbita em que nenhum planeta orbitara antes:

O Senhor calcou a parte traseira de Tiamat;
Com sua arma, cortou a fundo o crânio ligado;
Arrancou os canais de seu sangue;
E fez com que o Vento Norte a levasse
Até locais desconhecidos.
A Terra fora criada!

A parte inferior teve outro destino: na segunda órbita, o próprio Marduk chocou-se com ela reduzindo-a a pedaços:


A [outra] metade dela ele colocou como um anteparo para os céus:
Fechando-os juntos, como vigilantes ele os estacionou...
Inclinou a cauda de Tiamat para formar com o Grande Grupo um bracelete.

Tiamat foi dividida: a sua despedaçada metade é o céu. - o Cinturão de Asteróides; a outra metade, a Terra, é levada para outra órbita nova pelo satélite de Marduk “Vento Norte”. O principal satélite de Tiamat, Kingu, torna-se a Lua da Terra! Os seus outros satélites constituem agora os cometas.

Os pedaços desta metade quebrada foram batidos até se tornarem um "bracelete" nos céus, atuando como um anteparo entre os planetas interiores e os planetas exteriores. Eles foram estendidos num "grande grupo". Estava criado o Cinturão de Asteróides.

Astrônomos e físicos reconhecem a existência de grandes diferenças entre os planetas interiores, ou "terrestres" (Mercúrio, Vênus, Terra, com sua Lua, e Marte), e os planetas exteriores (Júpiter e para além dele), dois grupos separados pelo Cinturão de Asteróides. Encontramos agora, na epopéia suméria, uma identificação antiga destes fenômenos.

E, mais que isso, é-nos oferecida pela primeira vez uma explicação cosmogônico-científica coerente dos acontecimentos celestes que levaram ao desaparecimento do "planeta desaparecido" e à conseqüente criação do Cinturão de Asteróides (mais os cometas) e da Terra. Depois que vários de seus satélites e de seus raios elétricos dividiram Tiamat em dois, outro satélite de Marduk desviou sua metade superior para uma nova órbita, fez em pedaços a parte inferior e dispersou-os numa enorme faixa celeste.

Cada quebra-cabeça que mencionamos encontra sua resposta na Epopéia da Criação tal como nós a deciframos. Além disso, possuímos também a resposta para a questão de a Terra ter seus continentes concentrados num lado, e uma enorme e profunda cavidade (o leito do oceano Pacífico) no extremo oposto. A constante referência às "águas" de Tiamat é também esclarecedora. Ela era chamada o Monstro das Águas e é fácil perceber que a Terra, como parte de Tiamat, receba, do mesmo modo, como legado estas águas. De fato, alguns estudiosos modernos descrevem a Terra como o "Planeta Oceano", uma vez que é o único planeta conhecido de nosso sistema solar a ser abençoado com estas águas que doam a vida.

Por muito novas que possam parecer estas teorias cosmológicas, eram fato assente e aceite pelos profetas e sábios cujas palavras enchem o Antigo Testamento. O profeta Isaías relembrou "os primevos dias" quando o poder do Senhor "gravou O Altivo, fez rodar o monstro das águas, secou as águas de Tehom-Raba". Chamando ao Senhor Javé "meu primevo rei", o salmista transmite em poucos versos a cosmogonia da epopéia da criação. "Pelo teu poder tu fizeste as águas dispersar; o chefe dos monstros aquosos tu partiste."

Jó relembrou como este Senhor celestial assassinou também "os assistentes do Altivo" e com uma impressionante sofisticação astronômica exaltou o Senhor que:

A abóbada partida ele estendeu no lugar de Tehom,
A Terra suspendeu no vazio...
Seus poderes prenderam as águas,
Sua energia fendeu
O Altivo Seu Vento mediu o Bracelete Partido;
Sua mão extinguiu o tortuoso dragão

Os eruditos da Bíblia reconhecem agora que o hebraico Tehom (“abismo aquoso") deriva de Tiamat; que Tehom-Raba significa "grande Tiamat" e que a compreensão bíblica dos acontecimentos primevos se baseia nas epopéias cosmológicas sumérias. Deveria também ficar claro que o primeiro e principal destes paralelos são os versos de abertura do livro do Gênesis, descrevendo como o vento do Senhor pairou sobre as águas de Tehom e como o relâmpago do Senhor (Marduk na versão babilônica) iluminou a escuridão do espaço quando atingiu e separou Tiamat, criando a Terra e a Rakia (literalmente, o "bracelete partido"). Esta faixa celestial (traduzida aqui como "firmamento") é chamada "os céus".

O livro do Gênesis (1:8) afirma explicitamente que a este "bracelete partido" o Senhor chamou "céu" (shamaim). Os textos acádios chamam também a esta zona celestial "o bracelete partido" (rakkis) e descrevem como Marduk estendeu a parte inferior de Tiamat de extremo a extremo e a cingiu num grande círculo permanente. As fontes sumérias não deixam dúvida de que o "céu" específico, distinto do conceito geral de céus e espaço, era o cinturão de asteróides.

A nossa Terra e o cinturão de asteróides são o "céu e a terra" tanto das referências bíblicas como das mesopotâmicas, criadas quando Tiamat foi desmembrado pelo celeste Senhor.

Depois do Vento Norte de Marduk ter empurrado a Terra para sua nova localização celeste, ela obteve sua própria órbita à volta do Sol (resultando daí as nossas estações) e recebeu seu fuso axial (dando-nos o dia e a noite). Os textos mesopotâmicos sustentam que uma das tarefas de Marduk depois de ter criado a Terra foi, de fato, "atribuir [à Terra] os dias do Sol e estabelecer os limites do dia e da noite". Os conceitos bíblicos são idênticos:

E o Senhor disse:
Que haja luzes no céu partido,
Para dividir o dia e a noite;
E que eles sejam sinais celestiais
E para estações e para dias e para anos.

Os estudiosos modernos acreditam que, depois de a Terra se ter tomado planeta, ela era uma bola quente de vulcões ardentes, enchendo os céus com nevoeiros e nuvens. A medida que as temperaturas começaram a arrefecer, os vapores condensaram-se em água, separando a face da Terra em terra seca e oceanos.

A quinta barra de Enuma Elish, embora muito mutilada, comunica exatamente a mesma informação científica. Descrevendo o fluxo de lava como a "saliva" de Tiamat, a narrativa épica da criação coloca corretamente este fenômeno de atmosfera, dos oceanos da Terra e dos continentes. Depois de as "nebulosas águas estarem reunidas", os oceanos começaram a formarse e os "alicerces" da Terra - seus continentes - foram erguidos. À medida que acontecia "a fabricação de frio" - um arrefecimento -, apareceram a chuva e as névoas. Entretanto, "a saliva" continuou a "derramar-se", formando camadas, dando forma à topografia da Terra. Uma vez mais o paralelo bíblico é claro:

E o Senhor disse:
Que se reúnam as águas sobre os céus, juntas num só lugar, e que surja a
terra seca.
E assim se fez.

A Terra, com oceanos, continentes e uma atmosfera, estava agora pronta para a formação de montanhas, rios, nascentes e vales. Atribuindo toda a criação ao Senhor Marduk, Enuma Elish continuou a narração:

Colocando em posição a cabeça de Tiamat [Terra],
Ele ergueu aí as montanhas.
Ele abriu nascentes, afastou as torrentes.
Através dos olhos dela ele libertou o Tigre e o Eufrates.
De seios ele formou as supremas montanhas,
Furou nascentes para a água ser levada em regos.

Em perfeito acordo com os achados modernos, tanto o livro do Gênesis como o Enuma Elish e outros textos mesopotâmicos relacionados situam o começo da vida sobre a terra no seio das águas, seguindo pelas "criaturas vivas que pululam" e "pela criação que voa". Só nessa altura é que "criaturas vivas do gênero deles, gado e coisas e animais rastejantes"; apareceram sobre a terra, culminando com o aparecimento do homem - o ato final da criação.

Como parte da nova ordem celestial sobre a terra, Marduk "fez aparecer a divina Lua... designou que ela marcasse a noite e definisse os dias em cada mês".

Quem era este deus celeste? O texto chama-lhe SHESH.KI ("deus celeste que protege a terra"). Não há nenhuma menção anterior na epopéia a um planeta com este nome; e, no entanto, aí está ele, "dentro de sua pressão celestial [campo gravitacional]". E a quem se refere este "sua": a Tiamat ou à Terra?

Os papéis de Tiamat e da Terra e as referências sobre elas parecem ser permutáveis. A terra é a reencarnação de Tiamat. A Lua chama-se o "protetor" da Terra, ou seja, exatamente como Tiamat chamava a Kingu, seu satélite principal.

A criação épica exclui especificamente Kingu da "hoste" de Tiamat, que foi despedaçada, disseminada e posta em movimento inverso à volta do Sol como cometas. Depois de Marduk ter completado sua primeira órbita própria e ter regressado à cena da batalha, ele decretou o destino se parado de Kingu:

E a Kingu, que se tornara chefe entre eles,
Ele fez tremer;
Como deus DUG.GA.
E ele o contou.
Ele tirou-lhe a Barra dos Destinos,
Que não era legalmente sua.
Marduk, então, não destruiu Kingu: puniu-o com a retirada de sua órbita
independente que Tiamat lhe concedera quando aumentou de tamanho.

Reduzido a um tamanho menor, Kingu ficou um "deus", um membro planetário de nosso sistema solar. Sem uma órbita, ele podia apenas tornar-se de novo um satélite. Como a parte superior de Tiamat foi arremessada para uma nova órbita (como o novo planeta Terra), nós sugerimos que Kingu foi
levado com ela. Nossa Lua, pensamos, é Kingu, o satélite anterior de Tiamat.

Transformado num duggae celeste, Kingu fora privado de seus elementos "vitais" - atmosfera, águas, matéria radioativa -, ele diminuiu de tamanho e tornou-se "uma massa de argila sem vida". Estes termos sumérios descrevem adequadamente nossa estéril Lua, a sua história recentemente descoberta e o destino que este planeta recebeu começando como KIN.GU ("o grande emissário") e terminando como DUG.GA.E ("pote de chumbo").

L. W. King (The Seven Tablets of Creation) relata a existência de três fragmentos de uma barra astronômico-mitológica que apresentava outra versão na batalha de Marduk com Tiamat, incluindo versos que tratavam do modo como Marduk despachou Kingu. "Kingu, sua esposa, com uma arma não de guerra ele separou... As Barras do Destino de Kingu ele tomou em sua mão." Uma tentativa posterior levada a cabo por B. Landesberger (em 1923, no Arquivo para a Pesquisa da Escrita Cuneiforme), no sentido de editar e traduzir completamente o texto, demonstrou a permutabilidade dos nomes Kingu/Ensu/Lua.

Estes textos não só confirmam nossa conclusão sobre o fato do satélite principal de Tiamat se ter tornado nossa Lua; eles explicam também as descobertas da NASA referentes a uma enorme colisão "quando corpos celestes do tamanho de grandes cidades chocaram-se com a Lua". Tanto as descobertas da NASA como o texto encontrado por L. W. King descrevem a Lua como o "planeta que foi deixado deserto".

Foram descobertos selos cilíndrios que descrevem a batalha celeste, mostrando Marduk lutando com uma feroz deidade feminina. Tal descrição mostra Marduk disparando seu relâmpago contra Tiamat, com Kingu, claramente identificado com a Lua, tentando proteger Tiamat, seu criador.

Esta prova pictórica de que a Lua da Terra e Kingu foram o mesmo satélite é posteriormente sublinhada pelo fato etimológico de que o nome; do deus SIN, em tempos posteriores associado com a Lua, derivou de SU.EN ("senhor da Terra deserta").

Tendo derrotado Tiamat e Kingu, Marduk mais uma vez "atravessou os céus e inspecionou as regiões". Desta vez sua atenção focaliza-se na "habitação de Nudimmud" (Netuno), para fixar um "destino" final para Gaga, outrora o satélite de Anshar/Saturno que foi feito um "emissário" para outros planetas.

Tendo derrotado Tiamat e Kingu, Marduk mais uma vez "atravessou os céus e inspecionou as regiões". Desta vez sua atenção focaliza-se na "habitação de Nudimmud" (Netuno), para fixar um "destino" final para Gaga, outrora o satélite de Anshar/Saturno que foi feito um "emissário" para outros planetas.

A epopéia informa-nos que, como um de seus atos finais nos céus, Marduk atribuiu a este deus celeste "um lugar escondido", uma órbita até hoje desconhecida em frente ao "abismo" (espaço exterior), e concedeu-lhe "o cargo de conselheiro da Aquosa Profundidade". De acordo com sua nova posição, o planeta voltou a receber nome - US.MI ("um que indica o caminho"), o planeta mais exterior, nosso Plutão.

Segundo a Epopéia da Criação, Marduk em certa altura alardeia: "As vias dos deuses celestiais eu alterarei engenhosamente... em dois grupos elas serão divididas".

E, de fato, ele cumpriu o que dissera. Eliminou dos céus o primeiro companheiro-de-criação do Sol, Tiamat. Deu vida à Terra, lançando-a numa nova órbita mais próxima do Sol. Ele partiu um "bracelete" nos céus - o cinturão de asteróides que separa o grupo dos planetas interiores do grupo dos planetas exteriores. Transformou a maior parte dos satélites de Tiamat em cometas; ao principal satélite de Tiamat, Kingu, pôs em órbita à volta da Terra, convertendo-o na Lua. E desviou um satélite de Saturno, Gaga, para o transformar no planeta Plutão, transmitindo-lhe algumas das características orbitais próprias de Marduk (como, por exemplo, um plano orbital diferente).

Os quebra-cabeças de nosso sistema solar - as cavidades oceânicas sobre a Terra, a devastação na Lua, as órbitas invertidas dos cometas, o enigmático fenômeno de Plutão - são todos integral e perfeitamente respondidos pela epopéia mesopotâmica da criação, tal como a interpretamos.

Tendo deste modo "construído as estações" para os planetas, Marduk guardou para si próprio a "Estação Nibiru" e "atravessou os céus e inspecionou" o novo sistema solar. Este era agora constituído por doze corpos celestes, com doze grandes deuses como seus correspondentes.



Fonte: O 12º. PLANETA - Zecharia Sitchin

Tradução de ANA PAULA CUNHA

DOWNLoad: http://versadus.com/Zecharia-Sitchin-O-12-Planeta-Nibiru.html

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