Immortal, é o melhor exemplo de "filme-híbrido" que só a tecnologia digital poderia criar, IMORTAL é a soma de ciberpunk, Art Deco e mitologia egípcia cujo produto final resulta numa das obras mais originais e mais falhadas do seu género.
Adaptado da banda desenhada de Enki Bilal, nomeadamente de «La Foire aux immortels» e «La Femme piège» (integrantes da trilogia Nikopol), IMORTAL mostra-nos uma Nova Iorque no ano 2095, na qual humanos e criaturas artificiais vivem lado a lado, o trânsito é controlado por uma extensa rede de cabos eléctricos e o céu é visitado por uma pirâmide gigante — o meio de transporte de uma figura alada, corpo de homem e cabeça de águia, baptizada de Hórus e que chega à cidade para ser julgado pelos outros deuses.
O seu caminho cruza-se com Nikopol (Thomas Kretschmann), obrigado a ceder o seu corpo nas alturas mais convenientes à divindade. Por outras palavras, está em causa o intuito de Hórus conceber um filho humano, e a escolhida é Jill (Linda Hardy, ex-Miss França), uma misteriosa rebelde neste mundo utópico.
Parece confuso? É mesmo. Apesar da beleza visual do filme (isso é inegável), há que ter em mente o facto de se tratar de uma adaptação de BD, meio que ainda não conseguiu encontrar a sua eficaz correspondência com o cinema — apesar da "transladação" eficaz patenteada em SIN CITY (2004). Este estilo de adaptações implica, na maioria dos casos, uma perda substancial do simbolismo da história, e a trilogia de Bilal (cujos volumes já tive o privilégio de observar) sofreu com a mudança de meio artístico.
O formato original de banda desenhada vive, sobretudo, da associação entre as parcas esperanças do futuro da Humanidade e a herança do passado, ainda que mitológica, como forma de reflectir sobre o presente.
Neste caso, IMORTAL apenas efectua um voo rasante nessa simbologia, deixando-nos com uma produção claramente oca em termos narrativos (um exemplo máximo é a personagem Jill, cujos motivos para os seus comportamentos e obrigatoriedades nunca são esclarecidos).
Nem a presença do autor da banda desenhada na cadeira de realizador anula essa impressão: o filme demora muito a descolar, situação causada pela obrigatoriedade de localizar o espectador não familiarizado com a história, e quando a acção principal arranca, permanece a sensação de estarmos a ver outro filme e outro argumento, mas com os mesmos protagonistas.
Apesar disto, não é uma hora e meia mal gasta. O cinema de alta definição veio para ficar, e a IMORTAL já não fugirá a honra de ser um dos primeiros panteões a explorar esta nova vertente. O seu a seu dono... E ainda nos é concedido o "
bombom" de avaliar Charlotte Rampling no papel mais "
radical" da sua carreira
- texto. Não deixe de conferir... esta sem legenda!
Assista:
Fonte dos vídeos: Dragnridr05
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