Programa Espacial Brasileiro Precisa de Reformulação “Agressiva”

Após as alegadas denúncias de boicote dos americanos ao programa espacial brasileiro - fato este que muitas autoridades negam descaradamente, claro! Tudo culminhou no desgaste que conhecemos, indo contra o avanço desta ciência no país.

Não podemos esquecer o que aconteceu com a base da (Estação Antártica Comandante Ferraz) do Brasil no continente gelado antártico. Confira no link que segue: a Bomba Atômica Brasileira - vídeo original “O Brasil tem a Bomba Atômica?”. Assista ao vídeo e tire as suas próprias conclusões.

Chuvas de meteoros, estrelas gigantes e planetas anões são fenômenos interessantes, mas deixam certo vazio na nossa vanglória excepcionalista. Estamos ou não estamos sozinhos no universo, afinal? Esta é a pergunta que tenta responder Salvador Nogueira, o “Mensageiro Sideral” da Folha de S.Paulo, em seu novo livro “Extraterrestres”.

Foto: riga-luna.ucoz.ru

O livro acaba de ser lançado pela editora Abril e abrange a história das pesquisas espaciais da humanidade em busca de outros seres vivos que habitam (ou não) o Universo.

Segundo Salvador Nogueira, é possível, sim, encontrarmos com civilizações não terrestres. Mas nem todas nos serão reveladas de uma vez. Os pesquisadores espaciais têm de se concentrar essencialmente nas civilizações parecidas com a terrestre, organizadas por seres vivos mais ou menos como nós.

O Brasil também poderia aceitar este desafio, mas precisa se esforçar e “se acordar”, segundo o “Mensageiro Sideral”, para que o seu programa espacial pudesse participar da exploração do espaço.

Em entrevista à Voz da Rússia, Salvador Nogueira também fala sobre as perspectivas espaciais que a humanidade está se abrindo pouco a pouco e comenta o programa espacial brasileiro.

- Como nasceu o seu interesse pelo espaço e pela astronomia?

- É algo que tenho comigo desde criança. Não consigo sequer me lembrar de um evento que tenha despertado meu interesse. Sei que, à época da passagem do cometa Halley, em 1986, eu já era muito interessado. E tinha sete anos apenas! Então, é possível até dizer que eu nasci com isso. Não sei explicar.

- Os extraterrestres são uma das mais antigas perguntas da humanidade. Estamos sozinhos no Universo? Para quando o senhor prevê o primeiro contato decisivo? E como será este encontro?

- Eu acho que o primeiro contato está próximo, mas será mais ambíguo do que a ficção científica costuma retratar. Acredito que o primeiro sinal de vida alienígena que iremos detectar é um desequilíbrio químico na atmosfera de um planeta fora do Sistema Solar. Por exemplo, a presença de metano, oxigênio molecular e vapor d'água no ar de um mundo similar ao terrestre. Essa será uma indicação indireta de vida. Será nossa primeira revelação de que não estamos sós. E pode acontecer até o final desta década. É uma época muito empolgante a que vivemos hoje!

- Quando se fala de formas de vida extraterrestres, se fala em presença ou ausência de água e outros fatores da vida orgânica. É possível encontrar formas de vida distintas e qual seria o contato com seres assim?

- É possível. Sei que na Rússia há um entusiasmo grande por esse tema - formas de vida que não seguem a receita química clássica da vida terrestre. O grande problema é: como detectar vida que você não conhece? Por ora, temo que devamos nos concentrar em vida similar à terrestre, ou seja, animada por moléculas complexas de carbono, usando água como solvente. Além de ser a receita química mais complexa que já encontramos até agora - portanto, possivelmente, a mais poderosa para a vida, esteja ela onde estiver -, é uma com que temos bastante familiaridade e para a qual temos condições de projetar instrumentos capazes de encontrá-la em outros planetas, como Marte.

- Atualmente, está em curso um projeto internacional que treina jovens que iriam viajar para Marte “só de ida”. O que o senhor acha de tal iniciativa? Teremos uma colônia em Marte?

- Acho que a colonização de Marte é inevitável. É um consenso científico que a única forma realmente garantida de preservar a espécie humana da extinção é torná-la multiplanetária. Então, das duas uma: ou colonizaremos Marte, ou sumiremos. Tenho a impressão de que todo mundo vai preferir a primeira opção. Tendo dito isso, sou cético quanto ao projeto holandês Mars One, que pretende estabelecer a primeira colônia marciana financiando o esforço com a produção de um programa de TV no estilo “reality show” que transmita a missão.

Acho que ele tem boas intenções, mas o plano é muito agressivo e arriscado. Espero, na verdade, que americanos, russos e chineses tenham, nos próximos anos, ideias melhores de como visitar e, no fim das contas, povoar Marte. Tenho interesse especial pelos planos da empresa russa Energia, que está há décadas planejando uma viagem tripulada a Marte. Adoraria ver essa missão ganhar vida!

- O Brasil planeja enviar seus astronautas para a Estação Espacial Internacional? Como o senhor qualificaria o estado atual das pesquisas na área espacial no país?

- O Brasil no momento não se mobiliza para enviar o astronauta brasileiro numa nova missão, nem parece interessado em treinar outros astronautas, o que é uma pena. Infelizmente, somos um país com vocação espacial que ainda não acordou para o espaço. Nosso programa espacial precisa de uma reformulação corajosa e agressiva, se quisermos recuperar ao menos parte do tempo perdido.

Basta ver que nosso interesse começou em 1961, quando Yuri Gagarin visitou nosso país após seu voo histórico. E até agora nossa atuação se resume a um lançador de satélites fracassado, um punhado de satélites lançados por outros, e um único voo de um astronauta, sem que cumpríssemos nosso planejamento original de participação na Estação Espacial Internacional. É muito pouco.

- Em 17 de julho, foi assinado um acordo que estipula a quarta etapa da cooperação espacial entre o Brasil e a China, com mais um satélite do projeto Cbers a ser lançado em dezembro. Como o senhor comentaria o estado atual e as perspectivas desta cooperação?

- Vejo com bons olhos a cooperação entre Brasil e China, e o projeto Cbers é um dos nossos únicos sucessos inquestionáveis no setor espacial. Acho que deveríamos buscar acirrar a cooperação com a China e estendê-la a outros projetos espaciais, assim como buscar a mesma coisa com a Rússia. Poderíamos perfeitamente nos inserir nos planos que essas duas potências espaciais têm para a exploração da Lua nas próximas décadas. O Brasil teria uma boa contribuição para dar, se ao menos houvesse vontade política para perseguir esse objetivo.

- Poderia contar um pouco mais sobre os temas que abrange no seu livro?

- Meu livro abarca todos os aspectos da investigação sobre vida extraterrestre. Traço um panorama básico da busca, recontando os esforços para compreender a origem da vida, a exploração do Sistema Solar e a procura por planetas extrassolares. Dedico também atenção especial aos esforços de SETI (Busca por Inteligência Extraterrestre) e abordo temas controversos, como a hipótese de que a Terra já foi visitada por alienígenas no passado e o fenômeno OVNI. Também abarco os aspectos sócio-culturais da vida alienígena, com sua influência na cultura popular e mesmo na psique dos seres humanos. Procurei contemplar tudo que envolve essa busca ancestral por outras formas de vida no Universo.

- O que o senhor acha sobre essa possibilidade de que alienígenas já tivessem nos visitado e esse fato esteja sendo ocultado?

- Acho altamente improvável. O recente caso Snowden mostra como é difícil guardar grandes segredos, e ao mesmo tempo durante as últimas décadas, apesar dos vários rumores, não surgiu nenhuma evidência concreta de que exista ocultação de tecnologia (ou mesmo biologia) extraterrestre. É a tal história: “afirmações extraordinárias exigem evidências extraordinárias”. Até agora, não vi nada que me convencesse dessa possibilidade, embora não possa evidentemente descartá-la por completo.

Fonte: http://portuguese.ruvr.ru