Sem se deixar abater, Alexandre partiu - como os espanhóis fariam 1.800 anos depois - à procura da Água da Vida. Para isso, precisava abrir caminho para o leste, pois era de lá que tinham vindo os deuses: o grande Zeus (nome grego de Júpiter), que atravessara o Mediterrâneo a nado, saindo da cidade fenícia de Tiro e chegando à ilha de Creta; Afrodite, que também surgira na ilha, vinda do mar; Posêidon, que viera da Ásia Menor, trazendo consigo o cavalo; Atena, que levara à Grécia a oliveira originária da Ásia ocidental. Era na Ásia, também, segundo os historiadores gregos, cujas obras Alexandre tanto estudara, que ficavam as águas que mantinham as pessoas eternamente jovens.
Depois de contarem ao rei etíope que "80 anos era o mais longo tempo de vida entre os persas", os espiões/emissários o interrogaram sobre a longevidade de seu povo. Confirmando os rumores.
De acordo com o relatado em várias versões do pseudo-Calístenes, a corte de Filipe foi visitada por um faraó egípcio chamado pelos gregos de Nectanebo. Ele era um mago, um adivinho, que secretamente seduziu a rainha. Olímpia nada sabia na época, mas foi o deus Amon que a visitou disfarçado de Nectanebo. Por isso, ao parir Alexandre, ela deu à luz um deus, o mesmo cujo templo Cambises profanou.
Depois de derrotar os persas na Ásia Menor, Alexandre voltou-se para o Egito. Esperando forte oposição dos vice-reis persas que governavam o Egito, surpreendeu-se ao ver aquele grande território cair em suas mãos sem resistência. Um bom presságio, sem dúvida. Sem perder tempo, Alexandre dirigiu-se ao Grande Oásis, sede do oráculo de Amon. Lá o próprio deus (segundo as lendas) confirmou o verdadeiro parentesco do jovem rei. Ouvindo essa afirmação, os sacerdotes egípcios deificaram Alexandre como faraó. Daí em diante, ele será mostrado nas moedas de seu reino como Zeus-Amon, ostentando dois chifres. Na qualidade de um deus, Alexandre passou a considerar seu desejo de escapar do destino dos mortais não um privilégio, mas um direito.
Saindo do Grande Oásis, Alexandre foi para Karnak, ao sul, o centro da adoração de Amon, numa viagem que tinha mais coisas do que saltava à vista. Grande centro religioso desde 3.000 a.C., Karnak era um conglomerado de templos, santuários e monumentos a Amon construídos por várias gerações de faraós. Uma das mais colossais e impressionantes edificações era o templo mandado erigir pela rainha Hatshepsut mil anos antes da época de Alexandre. Essa soberana também tinha a fama de ser filha de Amon, tendo nascido de uma rainha a quem o deus visitara sob um disfarce!
Não se sabe o que aconteceu em Karnak, mas o fato é que em vez de conduzir suas tropas de volta ao leste, na direção do coração do Império Persa, Alexandre escolheu uma pequena escolta e alguns amigos fiéis para o acompanharem numa expedição ainda mais para o sul. Seus perplexos companheiros foram levados a acreditar que o rei estava saindo numa viagem de recreio, procurando os prazeres do amor.
Esse interlúdio tão pouco característico foi incompreensível tanto para os generais de Alexandre como para os historiadores da época. Tentando racionalizar os que registraram as aventuras do jovem rei descreveram a mulher que ele pretendia visitar como uma femme fatale "cuja beleza nenhum homem vivo conseguiria elogiar de maneira suficiente". Ela era Candace, rainha de um país ao sul do Egito (o atual Sudão). Revertendo o conto sobre Salomão e a rainha de Sabá, desta vez foi o rei que viajou para a terra da rainha. Sem que seus companheiros soubessem, Alexandre procurava não o amor, mas o segredo da imortalidade.
Depois de uma estada agradável, a rainha Candace, como presente de despedida, concordou em revelar a Alexandre o segredo da localização da "maravilhosa caverna onde os deuses se congregam". Seguindo as indicações, o rei encontrou o lugar sagrado.
A visão das "figuras reclinadas" conteve Alexandre. Seriam deuses ou mortais deificados? Então uma voz o assustou ainda mais. Uma das "figuras" tinha falado.
E ele (Alexandre) falou: "Não, meu senhor".
O outro disse: "Sou Sesonchusis, o rei conquistador do mundo que se juntou às fileiras dos deuses".
Não houve resposta. Sesonchusis tentou consolar Alexandre, pois o silêncio do deus falou por si. Contou que, apesar de ter se juntado às fileiras dos deuses, "não tive tanta sorte como você... pois, embora tenha conquistado o mundo inteiro e subjugado tantos povos, ninguém se recorda de meu nome; mas você possuirá grande fama... terá um nome imortal mesmo depois da morte". E terminou confortando Alexandre com as seguintes palavras: "Você viverá ao morrer, e assim não morrerá", querendo dizer que ele seria imortalizado por uma fama duradoura.
Segundo uma versão, entre aqueles que Alexandre partiu para procurar e encontrou foi Henoc, o patriarca bíblico dos tempos antes do dilúvio, o bisavô de Noé. O encontro deu-se num lugar nas montanhas, "onde fica situado o paraíso, a Terra dos Vivos", o 1ocal "onde moram os santos". No alto de uma montanha havia uma estrutura brilhante, de onde se elevava para o céu uma imensa escadaria feita de 2.500 lajes de ouro. Num vasto salão ou caverna, Alexandre viu "estátuas de ouro, cada uma em seu nicho", um altar de ouro e dois imensos "castiçais de ouro" com cerca de 20 metros de altura.
Numa outra versão, Alexandre não encontrou apenas um, mas dois homens do passado: Henoc e o profeta Elias, que, segundo as tradições bíblicas, jamais morreram. O caso aconteceu quando o rei atravessava um deserto. Subitamente seu cavalo foi tomado por um "espírito" que o transportou, junto com seu cavaleiro, para um cintilante tabernáculo, onde Alexandre viu os dois homens. Seus rostos brilhavam, os dentes eram mais brancos do que leite, os olhos tinham o fulgor da estrela matutina. Tinham "grande estatura e aparência graciosa". Depois de contarem quem eram, eles disseram que "Deus escondeu-os da morte". Falaram também que aquele lugar era a "Cidade do Celeiro da Vida", de onde emanava a "cristalina Água da Vida". Mas, antes de Alexandre descobrir mais ou conseguir beber a água, um "carro de fogo" arrebatou-o dali e ele viu-se de novo com suas tropas.
(Segundo a tradição muçulmana, mil anos depois também o profeta Maomé foi levado para o céu montado em seu cavalo branco.)
Existiu mesmo uma rainha Candace, uma cidade real chamada Shamar, um conquistador do mundo inteiro como Sesonchusis? Até bem recentemente, esses nomes pouco significavam para os estudiosos da Antiguidade. Se eram figuras da realeza egípcia ou de uma mítica região da África, estavam tão encobertos pelo passar dos séculos como os monumentos egípcios pela areia. Erguendo-se acima do deserto, as pirâmides e a esfinge só aumentavam o enigma.
Os hieróglifos, indecifráveis, apenas confirmavam a existência de segredos que talvez não devessem ser desvendados. Os relatos da Antiguidade transmitidos por gregos e romanos foram se dissolvendo em lendas c pouco a pouco caindo na obscuridade.
Foi só em 1798, quando Napoleão conquistou o Egito, que a Europa começou a redescobrir a região. Junto com as tropas de Napoleão chegaram pesquisadores sérios que passaram a remover a areia e a levantar a cortina do esquecimento. Então, perto da cidadezinha de Rosetta, foi encontrada uma placa de pedra com a mesma inscrição em três idiomas. Estava ali a chave para decifrar a língua e as inscrições do Egito Antigo, os registros dos feitos dos faraós, a glorificação de seus deuses.
Por volta de 1820, exploradores europeus, que penetraram na direção sul atingindo o Sudão, reportaram a existência de antigos monumentos, inclusive pirâmides de ângulos agudos, num ponto do Nilo chamado Méroe. Uma expedição real da Prússia descobriu impressionantes ruínas em escavações realizadas em 1842-1844. Entre 1912 e 1914, outros arqueólogos encontraram locais sagrados. Os hieróglifos indicaram que um deles era chamado de Templo do Sol - talvez o exato lugar onde os espiões de Cambises tinham visto "A Mesa do Sol". Escavações posteriores somadas aos dados já conhecidos, mais a contínua decifração dos hieróglifos estabeleceram que realmente existiu naquela região, no primeiro milênio a.C., um reino núbio. Era a bíblica Terra de Cuch.
E existiu mesmo uma rainha Candace. As inscrições revelaram que nos primórdios do reino núbio ele era governado por uma sábia e benevolente rainha chamada Candace. Daí em diante, sempre que uma mulher ascendia ao trono - o que não era incomum -, ela adotava o nome como símbolo de grande soberania. E, ao sul de Méroe, dentro do território desse reino, havia uma cidade chamada Sennar - possivelmente a Shamar mencionada nas lendas de Alexandre.
Seria esse conquistador do mundo um soberano que reinara sobre Cuch ou Núbia? Na versão grega dessa lenda, o homem que fizera o monumento para marcar a travessia do lago - descrito como parte das águas do mar Vermelho - chamava-se Sesonchusis. Assim, Sesonchusis e Coch seriam uma só pessoa, um faraó que reinou sobre o Egito e a Núbia. Os monumentos núbios mostram um governante como esse recebendo o Fruto da Vida, sob a forma de tamareiras, das mãos de um "Deus Brilhante".
Os registros egípcios falam de um grande faraó que, no início do segundo milênio a.C., foi realmente um conquistador do mundo. Seu nome era Senusret e ele também era devoto de Amon. Os historiadores gregos lhe atribuem a conquista da Líbia e da Arábia, e, significativamente, da Etiópia e de todas as ilhas do mar Vermelho, e mais de grandes partes da Ásia, penetrando mais a leste do que mais tarde fizeram os persas. Ele também teria invadido a Europa a partir da Ásia Menor. Heródoto descreveu os grandes feitos desse faraó, a quem chama de Sesóstris, acrescentando que ele erigia pilares comemorativos em todos os lugares por que passava.
Sesonchusis realmente existiu. Seu nome egípcio significa: “Aqueles cujos nascimentos vivem". E, em virtude de ser um faraó do Egito, ele tinha todo o direito de ir juntar-se às fileiras dos deuses e viver para sempre.
Na procura pela Água da Vida ou eterna juventude, era importante ter-se certeza de que a busca não seria em vão, que outros tinham sido bem-sucedidos no passado. Além disso, se a água procedia de um paraíso perdido, encontrar os que nele haviam estado não seria um meio de descobrir como chegar até ele?
Foi com isso em mente que Alexandre tentou encontrar os Antepassados Imortais. Se realmente esteve com eles não é significativo. O importante é que nos séculos que precederam a era cristã, Alexandre ou seus historiadores (ou ambos) acreditavam que esses ancestrais realmente existiam, que em tempos para eles antigos e distantes os homens podiam se tornar imortais se os deuses assim o desejassem.
Os autores ou redatores das histórias de Alexandre contam vários incidentes onde o jovem rei encontrou-se com Sesonchusis, Elias e Henoc, ou apenas com este último. A identidade do faraó podia apenas ser adivinhada por eles e assim a maneira como Sesonchusis foi transladado para a imortalidade não é descrita. O mesmo não acontece com Elias, o companheiro de Henoc no Templo Brilhante, segundo uma das versões da lenda de Alexandre.
Elias é o profeta bíblico que viveu em Israel no século IX a.C., durante o reinado de Acab e Ocozias. Como indica o nome que adotou (Eliyah - "Meu Deus é Iahweh"), ele era inspirado pelo deus hebreu, cujos fiéis estavam sendo perseguidos pelos seguidores do deus cananeu Baal. Depois de um retiro num local secreto perto do rio Jordão, onde aparentemente foi instruído pelo Senhor, Elias recebeu "um manto tecido de pêlos" e tornou-se capaz de fazer milagres. Morando perto da cidade fenícia de Sídon, o primeiro milagre que ele realizou foi fazer um pouquinho de azeite e uma colher de farinha durarem para o resto da vida de uma viúva que lhe concedera abrigo. Logo em seguida, precisou clamar a Deus para reviver o filho dessa mulher, que acabara de falecer em virtude de "uma forte doença". Elias também podia convocar o Fogo de Deus, que vinha bem a calhar em seus contínuos entreveros com reis e sacerdotes que sucumbiram às tentações pagãs.
As escrituras dizem que Elias não morreu na Terra, pois "subiu ao céu num turbilhão". Segundo as tradições judaicas, Elias continua imortal e até hoje elas mandam que ele seja convidado a visitar os lares judeus na véspera da Páscoa. Sua ascensão ao céu está descrita com grandes detalhes no Velho Testamento. Como contado em II Reis, Capítulo 2, o evento não foi súbito ou inesperado. Ao contrário, tratou-se de uma operação planejada, cujo local e hora foram comunicados a Elias com antecedência.
O lugar marcado ficava no vale do Jordão, na margem esquerda do rio - talvez a mesma área onde Elias fora ordenado como "Homem de Deus". Quando saiu de Gilgal em sua última viagem, Elias encontrou dificuldade em livrar-se de seu dedicado discípulo Eliseu. Durante o caminho, os dois profetas foram repetidamente interpretados por discípulos menores, "os filhos dos profetas", que perguntavam se era verdade que naquele dia Deus levaria Elias para o céu.
Deixemos o narrador bíblico contar a história com suas próprias palavras:
Elias e Eliseu partiram de Gilgal.
E Elias disse a Eliseu:
Mas Eliseu respondeu:
"Tão certo como Iahweh vive e tu vives, não te deixarei!"
E desceram a Betel.
Os filhos dos profetas que moravam em Betel foram ao encontro de Eliseu e disseram-lhe:
"Sabes que hoje Iahweh vai levar o mestre por sobre tua cabeça?”
Ele respondeu:
"Sei, mas calai-vos".
Ele respondeu:
"Sei, mas calai-vos".
Atordoado, Eliseu ficou imóvel por alguns instantes. Depois viu o manto que Elias deixara para trás. Isso acontecera por acidente ou fora proposital? Determinado a descobrir, Eliseu pegou o manto e voltou à margem do rio. Invocando o nome de Iahweh, bateu com ele nas águas e eis "que as águas se dividiram de um lado e de outro, e Eliseu atravessou o rio". E os filhos dos profetas, os discípulos que tinham ficado na margem esquerda do rio, na planície de Jericó, "viram-no a distância e disseram: 'O espírito de Elias repousa sobre Eliseu!'; vieram ao seu encontro e prostraram-se diante dele".
Como em outros casos, as referências mais críticas nas escrituras muitas vezes sugerem que o antigo redator partia da hipótese de que o leitor conhecia outros textos mais detalhados sobre o tema em questão. Existem até menções específicas a esses escritos - o "Livro da Virtude" ou "O Livro das Guerras de Iahweh" - que devem ter realmente existido, mas perderam-se no tempo. No caso de Henoc, o Novo Testamento amplia uma afirmação crítica de que o patriarca foi "levado" por Deus "a fim de escapar da morte", mencionando um Testemunho de Henoc, escrito ou ditado por ele antes de ser "arrebatado" para a imortalidade. (Hebreus, 11:5.) Considera-se que a Epístola de São Judas, 14, falando das profecias de Henoc, faz referências a textos escritos pelo patriarca.
Escrito na primeira pessoa, O Livro dos Segredos de Henoc começa numa hora precisa e em local determinado.
Como Henoc dormia quando esses estranhos chegaram, ele faz questão de registrar que agora estava acordado: "Vi claramente esses homens parados diante de mim". O patriarca saudou-os, tomado pelo medo, mas os dois o tranqüilizaram:
Os dois então disseram a Henoc para acordar sua família e os criados, dando-lhes ordens para não procurá-lo "até o Senhor devolver-te a eles". O patriarca obedeceu, aproveitando a oportunidade para instruir seus filhos sobre o caminho da virtude. Então chegou a hora da partida:
Ascendendo ao céu em "nuvens que se movimentavam", Henoc foi transportado para o Primeiro Céu, onde "duzentos anjos governam as estrelas", e em seguida para o sombrio Segundo Céu. Daí ele foi para o Terceiro, onde lhe mostraram:
Subindo para o Quarto Céu, Henoc pôde ver os luminares e várias criaturas formidáveis, além da Hoste do Senhor. No Quinto Céu, mais "hostes"; no Sexto, "bandos de anjos que estudam a revolução das estrelas". Atingindo o Sétimo Céu, onde os maiores anjos andavam apressadamente de um lado para o outro, Henoc viu Deus - "de longe" - sentado em seu trono.
Durante 33 dias Henoc foi instruído sobre toda a sabedoria e eventos do passado e futuro. Depois desse período, um anjo "com fisionomia muito fria" o devolveu à Terra. No total, Henoc ficou sessenta dias ausente da Terra. Todavia, esse retorno só se deu para ele poder ensinar aos filhos as leis e mandamentos. Trinta dias depois, o patriarca foi novamente levado para o céu - desta vez para sempre.
"Daí fui para os confins sul da Terra" e lá, pelos portais do céu, saíam o orvalho e a chuva. Em seguida, Henoc foi ver os portais ocidentais, através dos quais passavam as estrelas seguindo seu curso.
Na jornada para o leste, Henoc passou por montanhas e desertos, viu cursos de água saindo de picos rochosos cobertos de neve e gelo ("água que não corre") e mais árvores perfumadas. Seguindo cada vez mais para o leste, encontrou-se sobre as montanhas que ladeiam o mar de Eritreu (mar Vermelho e o mar da Arábia) e, prosseguindo, passou por Zotrel, o anjo que guardava a entrada do paraíso, e entrou no Jardim da Virtude. Lá, entre muitas árvores magníficas, avistou a Árvore do Conhecimento. Era alta como um pinheiro, com folhas parecidas com a da alfarrobeira e frutos como os cachos de uma videira. O anjo que acompanhava Henoc confirmou que aquela era exatamente a árvore cujo fruto Adão e Eva tinham comido antes de serem expulsos do Jardim do Éden.
Em sua viagem para oeste, Henoc chegou a "uma cadeia de montanhas de fogo, que ardiam dia e noite". Mais além, chegou a um lugar cercado por seis montanhas separadas por "ravinas íngremes e profundas". Uma sétima montanha elevava-se entre elas "parecendo um trono, toda cercada de árvores aromáticas; entre elas havia uma cujo perfume eu jamais sentira... e seus frutos eram como as tâmaras de uma palmeira".
O anjo que acompanhava Henoc explicou que a montanha do meio era o trono "onde o Grande Santo, o Senhor da Glória, o Rei Eterno irá sentar-se quando vier à Terra". E a respeito da árvore, cujos frutos pareciam tâmaras, disse:
Foi durante essas viagens que Henoc viu "os anjos receberem longos cordões, pegarem suas asas e partirem para o norte". Quando perguntou o que estava acontecendo, o anjo acompanhante falou: "Eles partiram para medir... trarão as medidas dos justos para os justos e as cordas dos justos para os justos... todas essas medidas revelarão os segredos da Terra".
E eu vi a câmara dos luminares, os tesouros das estrelas e do trovão nas grandes profundezas, onde havia um arco e flechas flamejantes com sua aljava, uma espada flamejante e todos os raios.
No caso de Alexandre, nessa etapa crucial da jornada a imortalidade escapou de suas mãos porque ele fora procurá-la contrariando seu destino. No entanto, Henoc, como os faraós depois dele, viajava sob a bênção divina. Assim, nesse ponto foi considerado digno de prosseguir e por isso "eles me levaram à Água da Vida".
Continuando em frente, o patriarca chegou à Casa de Fogo:
Entrei nessa casa e ela era quente como o fogo e fria como o gelo...
Depois de atingir o "Rio de Fogo", Henoc foi levado para o alto. Então pôde ver toda a Terra - "as desembocaduras de todos os rios da Terra... todos os marcos de fronteira da Terra... e os ventos carregando as nuvens". Subindo mais, ficou onde os ventos estiram as abóbadas da Terra e têm sua estação entre o céu e a Terra. Vi os ventos do céu que giram e trazem a circunferência do Sol e de todas as estrelas. Seguindo "os caminhos dos anjos", Henoc chegou a um ponto do "firmamento do céu acima", do qual pôde ver "o fim da Terra".
Desse lugar, conseguiu avistar a expansão dos céus e "sete estrelas como grandes montanhas cintilantes", "sete montanhas de magníficas pedras". Do ponto onde observava esses corpos celestiais, "três ficavam para o leste, na região do fogo celeste", e foi ali que o patriarca viu "colunas de fogo" subindo e descendo, erupções "além de qualquer medida, tanto em largura como comprimento". No outro lado, os três corpos celestiais estavam "para o sul" e lá Henoc viu "um abismo, um lugar sem firmamento do céu sobre ele e nenhuma terra firme embaixo... um vácuo, um local assustador". Quando pediu uma explicação ao anjo que o transportava, ouviu: "Lá os céus foram completados... é o fim do céu e da Terra, uma prisão para as estrelas e hostes do céu".
A estrela do meio "chegava ao céu como o trono de Deus". Dava a impressão de ser de alabastro "e a cúpula do trono parecia feita de safira". A estrela era como "um fogo flamejante".
Continuando o relato sobre sua viagem aos céus, Henoc diz: "Prossegui até onde as coisas eram caóticas e lá vi algo terrível". O que o impressionou foram "estrelas do céu amarradas umas às outras". O anjo explicou: "São as estrelas do céu que transgrediram o mandamento do Senhor e estão presas aqui até 10 mil anos se passarem".
O patriarca então conclui sua história: "E eu, Henoc, sozinho vi a visão, o fim de todas as coisas, e nenhum homem os verá como eu". Depois de receber todo tipo de sabedoria no reino celestial, ele foi devolvido à Terra para transmitir esses ensinamentos aos outros homens. Por um período de tempo não especificado, "Henoc permaneceu escondido e nenhum filho de homem sabia onde ele morava ou o que fora feito dele". Porém, quando o dilúvio se aproximava, Henoc escreveu seus ensinamentos e aconselhou seu bisneto Noé a ser virtuoso e digno de salvação.
Cumprida essa obrigação, o patriarca mais uma vez "foi elevado de entre aqueles que habitavam a Terra. Ele foi carregado para o alto na Carruagem dos Espíritos e seu nome desapareceu entre eles".
Fonte: A Escada para o Céu (O Caminho Percorrido pelos Povos Antigos para Atingir a Imortalidade) e Bibliotecapleyades
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Por favor: não perturbe, nem bagunce! Apenas desejamos que seja amigo com os demais! Seja paciente, humilde e respeitoso com os outros leitores. Se você for ofendido, comunique-se conosco. Obrigado!