"Deuses" chegam em visita
Vestígios que o vento não leva
Neste capitulo, iremos resumir o que possivelmente acontecerá numa imaginária viagem que só espaçonaves do futuro poderão efetuar. Mas tal excursão, embora assombrosa, será de fato realizável dentro de menos décadas que as decorridas entre a concepção de Júlio Verne, então utópica, de uma volta ao redor do mundo em 80 dias, e a realidade de hoje, que nos apresenta astronaves rodeando o globo em 86 minutos apenas.
Essa nave espacial deveria ser, sem dúvida, tão grande quanto um transatlântico atual. Em conseqüência, teria um peso inicial de 100.000 toneladas, correspondendo 99.800 toneladas a combustível e 200 a carga útil efetiva.
Impossível?
Não. Hoje em dia, já poderíamos montar uma espaçonave, peça por peça, em pleno espaço, enquanto tudo estivesse a girar em órbita, ao redor de um planeta. Entretanto, esse trabalho de montagem no espaço será desnecessário em menos de duas décadas, porque será possível construir uma imensa astronave na Lua e dai lançá-la ao espaço. Além disso, as pesquisas básicas em torno da propulsão de futuros foguetes prosseguem aceleradamente. Os foguetes de amanhã serão propelidos por meio de motores nucleares e viajarão a uma velocidade quase igual à da luz.
Sigamos, porém, a viagem de nossa imaginária astronave, em direção a uma distante estrela. Certamente, seria divertido tentar prever os recursos de que se utilizará a tripulação para matar o tempo durante o percurso. Por enormes que possam ser as distâncias vencidas pelos astronautas e por mais lento que acaso pareça o arrastar do tempo para os que ficarem na Terra, o fato é que estarão sempre a produzir se os efeitos da teoria da relatividade de Einstein. Pode parecer incrível, mas o tempo, a bordo de uma espaçonave em viagem, com velocidade próxima à da luz, passa mais vagarosamente do que na Terra ou na Lua.
inicial de combustível).
Ao aproximar se a astronave do sol distante que era seu alvo, os tripulantes certamente estudarão o novo sistema planetário, verificarão as posições dos diversos planetas, procederão a análises espectrais, medirão as forças gravitacionais e calcularão as diferentes órbitas. Finalmente, escolherão, para nele descer, o planeta cujas condições mais se assemelharem às da Terra. Se nossa espaçonave já dispuser, então, somente de sua carga útil efetiva, pelo fato de ter sido consumida a totalidade do combustível após um percurso de, por exemplo, 80 anos luz, uma das primeiras e mais importantes preocupações da tripulação será a de reabastecer os tanques com material físsil, logo que tiver desembarcado.
Mas, que poderão pensar os atrasados habitantes daquele planeta, a respeito da monstruosidade que acaba de pousar no solo, e dos seres que estão descendo dela? Não nos esqueçamos de que também nós éramos semi selvagens 8.000 anos atrás. Não é de surpreender que os selvagens, diante de uma visão terrifica, escondam suas faces no pó e não ousem sequer levantar os olhos. Até este dia, adoraram o Sol e a Lua. E agora, algo aconteceu que faz tremer o mundo: os deuses desceram do céu!
Escondidos a prudente distância, os habitantes do planeta observam nossos astronautas, que usam chapéus estranhos, dotados de varetas (capacetes com antenas); deslumbram se quando a noite se torna clara como dia (holofotes); aterrorizam se quando os visitantes se elevam no ar sem qualquer esforço (pequenos motores a jato fixados no cinto); novamente ocultam no chão suas pobres cabeças, quando "animais", desconhecidos e fora do comum, sibilam, zumbem e roncam no ar (helicópteros e outros veículos aéreos para fins diversos); e, finalmente, fogem para o mais seguro refúgio, no fundo de suas cavernas, quando se faz ouvir terrificante estrondo, que ecoa nas serras como atordoante trovoada (explosão experimental). Indubitavelmente, aos olhos dessa gente inculta, nossos astronautas se apresentam como deuses onipotentes!
Entretanto, embora tentem explicar, no próprio idioma dos selvagens, que ali não desceu deus algum, que nenhum ser mais alto, digno de adoração, os está visitando, tais explicações não surtem o menor efeito. Nossos incultos amigos simplesmente não lhes dão crédito. Os viajantes espaciais vieram das estrelas; obviamente, dispõem de inexcedível poder e são capazes de operar milagres espetaculares. Eles têm de ser deuses! Também é pura perda de tempo tentar explicar lhes qualquer tipo de auxílio que possam oferecer. Tudo isso está muito além da compreensão desse povo, que foi invadido de maneira tão súbita e aterrorizante.
Embora seja impossível imaginar tudo quanto venha a acontecer nos dias subseqüentes à chegada dos viajantes espaciais, as seguintes ocorrências podem muito bem figurar entre as previsíveis de maior probabilidade:
Parte da população seria atraída e treinada a trabalhar em crateras formadas por explosões, com o fim de procurar e coletar matéria físsil, indispensável à viagem de volta á Terra.
O mais inteligente dos autóctones seria eleito "rei". Como símbolo visível do poder, receberia um aparelho de rádio (transceptor) por meio do qual poderia entrar em contacto e logo falar com os deuses", a qualquer momento.
Nossos astronautas tentariam ensinar aos nativos os mais simples rudimentos de civilização, assim como alguns princípios de moral, a fim de tornar possível o estabelecimento e aceitação de certa ordem social. Algumas mulheres, especialmente selecionadas, seriam fertilizadas pelos astronautas. Assim, surgiria uma nova raça, capaz de saltar alguns degraus da evolução natural e desenvolver se num estágio superior, sem passar pelas fases intermediárias.
Sabemos, pela lentidão de nosso próprio desenvolvimento, quanto tempo ainda deveria decorrer para que aquela nova raça chegasse a dispor de especialistas espaciais. Por isso, nossos astronautas, antes de retornar à Terra, cuidariam de assinalar sua passagem por meio de sinais visíveis e claros que, entretanto, somente uma sociedade altamente desenvolvida sob o ponto de vista técnico e matemático estaria habilitada a interpretar muitíssimo tempo depois.
Quando nossa astronave finalmente desaparece nas névoas do espaço, intensificam se os comentários daqueles selvagens sobre o inaudito milagre:
- Indefinidos vultos de gigantes, com capacetes ornados de varetas e carregando fardos apoiados à frente do tórax;
- Bolas que circulam pelo ar, levando irreconhecíveis passageiros comodamente sentados;
- Bastões que emitem raios como se fossem sóis;
Nada limita a fantasia ao ilustrar se a visita dos astronautas. Veremos, mais adiante, quais são os vestígios que resistiram ao tempo, dentre os muitos que nos deixaram os "deuses", quando passaram pela Terra na mais distante antigüidade.
Esse é o estágio a que chegamos. Agora, que podemos desembarcar homens na Lua, somos capazes de encarar sem vertigem as viagens espaciais. Sabemos o efeito que o súbito aportamento de um imenso navio a vela produziu entre selvagens, por exemplo nas ilhas dos mares do Sul. Conhecemos a tremenda influência que um homem como Cortez, procedente de outra civilização, exerceu entre os povos primitivos da América do Sul. Podemos, pois, avaliar, embora imperfeitamente, o terrível impacto que teria causado a incursão de astronave extraterrena nos tempos pré históricos.
Devemos agora lançar os olhos a outro grande conjunto de pontos de interrogação - a longa série de enigmas indecifrados. Fazem sentido como vestígios de visitantes espaciais da Pré História? Guiam nos a um melhor conhecimento do passado, e apesar disso, relacionam se com nossos planos para o futuro?
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