O segundo planeta do Sistema Solar em ordem de distância desde do Sol, orbitando-o a cada 224,7 dias - lá, um dia é mais longo que o seu ano. Recebeu seu nome em homenagem à deusa romana do amor e da beleza Vênus, equivalente a Afrodite.
Ao longo da históra, ele foi descrito em textos babilônicos cuneiformes, como a Placa de Vênus de Ammisduqa, que relata observações que possivelmente datam de 1600 a.C.105. Os babilônios chamavam o planeta de Ishtar (do sumério Inanna), a personificação da feminilidade e deusa do amor.
O texto abaixo foi escrito pela estudante Bruna Borba, uma estudante de Astronomia, em recente postagem no site apolo11, onde ela descreve os processo de Vulcanização do planeta Vênus. Se quiser entrar em contato com a estudante Bruna Borba, envie para o seu -email:
bruna@live.co.uk
Leia:
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Vênus pela sonda americana Magellan, em 1991 |
Há muito tempo atrás se achava que Vênus era um planeta muito parecido com a Terra, digamos que um tipo de irmão quase gêmeo do nosso planeta por causa da semelhança na composição, gravidade, tamanho e densidade.
Porém, começando a estudar Vênus perceberam que todas essas características não faziam dele um planeta habitável e tiveram uma surpresa com o inferno que ele parecia ser.
Vênus possui uma rotação bem lenta e contrária aos outros planetas. Acredita-se que como o bombardeamento de meteoroides é enorme, um desses impactos fizeram com que sua rotação fosse revertida, o que hoje chamamos de “rotação retrógrada”. Devido a esse movimento, em Vênus o Sol nasce no oeste e se põe no leste, e um simples dia lá equivale a aproximadamente oito meses terrestres.
O que faz com que ele seja inabitável é a temperatura de 480ºC em sua superfície, originada pelo seu alto Efeito Estufa. Com toda essa temperatura, Vênus ganha o troféu de planeta mais quente do Sistema Solar. Mas o intrigante é saber que Vênus nem sempre foi tão quente.
Sua superfície pode ter sido bem parecida com a nossa, e os possíveis oceanos existentes podem ter secado devido ao Efeito Estufa descontrolado que ocorre lá. Ou seja, Vênus é um exemplo de mudança global que pode acontecer um dia com a Terra. Mas porque ocorreu uma evolução tão diferente da nossa e deixou Vênus tão quente?
Uma das respostas é a sua composição atmosférica composta por 95 % de dióxido de carbono. O grande volume desse gás faz com que haja uma maior retenção de calor. A fonte natural desse e de outros gases é o vulcanismo intenso que ocorreu há muito tempo. Ou não!
Em abril de 2010, cientistas divulgaram um possível derramamento recente de lava na superfície de Vênus, devido a um alisamento em seu solo. Então será que ainda há atividade interna lá?
A quantidade de gás carbônico liberado por um vulcão na terra é de aproximadamente cinco milhões de toneladas por ano. Não se sabe quantos vulcões existem em Vênus, mas acredita-se que esse número deve chegar a mais de 1 milhão, significando uma maior produção do gás. Além disso, eles também liberam dióxido de enxofre, que é a causa de suas nuvens de ácido sulfúrico.
Geografia venusiana
A paisagem de Vênus é marcada por elevadas cordilheiras, tendo como ponto mais alto o monte Maxwell, que é muito maior do que o Monte Everest por exemplo. Também podemos encontrar grandes canais devido às erupções vulcânicas e se pudéssemos ir lá, encontraríamos um solo avermelhado por causa da presença de ferro oxidado.
O vulcanismo em Vênus mostra menos tipos de erupções do que os vulcões terrestres. Quase todo vulcanismo lá envolve fluxo de lava, isso porque não há sinais de explosão e há uma pequena evidencia de erupções lamacentas e lavas viscosas. Com isso, podemos pensar numa combinação de vários efeitos, entre eles a pressão atmosférica e a quantidade de água existente no planeta.
Por causa da alta pressão atmosférica, o magma de Vênus precisa de muito mais gases do que o terrestre. A quantidade de água lá é bem escassa e a água é uma das principais causas do vulcanismo explosivo.
Não há evidências de placas tectônicas, pois não há um alinhamento dos vulcões, e também não existem boas evidencias de zonas de subducão, embora os rifts (quebras) sejam bem comuns. Portanto, podemos dizer que o vulcanismo em Vênus é muito mais regional e muito menos organizado.
Infelizmente, os dados sobre a geologia de Vênus ainda são muito limitados e apesar da maioria desses vulcões não possuírem atividade, provavelmente alguns ainda podem estar ativos.
Vulcões em Vênus
Os vulcões em Vênus estão divididos em: Escudos Grandes, Vulcões Pequenos, Caldeiras, Estruturas incomuns como, Carrapatos e Panquecas, Estruturas Tectono-Vulcânicas, Fluxos Grandes e Canais.
Os Escudos Grandes
Existem mais de 150 vulcões em escudos em Vênus (aqueles que possuem uma base circular ou oval muito grande em relação a sua altura, na qual se você pegar no topo e virar, o seu formato ficará bem parecido com o de um escudo). O maior deles cobre quase a mesma área do rei do sistema solar, o Monte Olimpos em Marte, que possui um diâmetro basal de aproximadamente 800 km.
Os escudos de Vênus se mostram bem dispersos um dos outros, sugerindo que o planeta não possui placas tectônicas ativas, e podendo então ter seu vulcanismo relacionado à Hotspots.
Os Escudos Pequenos
Possuem um diâmetro basal inferior a 20 km. São os vulcões mais comuns encontrados no planeta, com aproximadamente 100 mil exemplares.
Esses pequenos escudos geralmente ocorrem em grupos, chamados de “Campo dos Escudos”. Eles ocorrem nas regiões de mais baixa altitude, com isso, acredita-se que eles se originaram durante as primeiras fases de formação das planícies venusianas.
As Caldeiras
São estruturas grandes redondas ou ovais que possuem paredes íngremes, mas com bordas rasas e que muitas vezes são cercadas por falhas.
As caldeiras ocorrem quando o chão cai em mais de uma “esvaziada” da câmara magmática, podendo então ser construídas ao longo do tempo. A maioria das caldeiras tem seu diâmetro em torno de 40 a 80 km, porém a maior delas possui 200 km de diâmetro.
Estruturas incomuns: Carrapatos e Panquecas
A maioria dos vulcões em Vênus é em escudo, mas alguns não são. Essas estruturas se originam de lavas muito espessas, viscosas e elas podem ser divididos em três tipos. O primeiro, conhecido como “Cúpulas em Panquecas”, o segundo, chamado de “Carrapatos” e o terceiro tipo que são as de grande espessura, com os fluxos em forma de leque ou em faixas.
Como as lavas basálticas são muito fluidas e finas, eles não parecem ter basalto em sua composição. Pelo contrário, eles apresentam rochas ricas em quartzo, podendo até serem graníticas. Existem algumas teorias de que basaltos “espumantes” devido a ser rico em gases, poderiam produzir tais lavas viscosas.
Estruturas Tectono-Vulcânicas
Essas estruturas recebem esse nome por serem uma mistura de lavas e falhas geológicas, e se diferenciam dos vulcões de duas maneiras. A primeira é que, vulcões frequentemente são formados em antigas falhas ou rifts, não causando esse tipo de falha. A segunda maneira é que a maioria dos vulcões venusianos são apenas grandes montes de lava. Além disso, as lavas compõem apenas uma pequena parte dessas estruturas.
Devido às diferenças encontradas nessas falhas, essas estruturas podem ser divididas em três tipos.
Coronas - Originadas por pequenas plumas do manto, possuem uma forma que varia de redonda a oval.
Ao ter sua elevação, ocorre um resfriamento e em seguida o seu centro é afundado, formando então um anel em torno de suas falhas. Elas variam de 100 a 1000 km de diâmetro, mas a maioria possuem um diâmetro de 250 km. Dentro delas pode ser encontrado planícies de lava e escudos pequenos, além de “cúpulas em panquecas”.
Aracnoides - Podem ser considerados os primos menores das coronas, eles também têm um anel em volta das falhas, mas eles estão dentro de um conjunto de cristas radiais. Esses anéis variam de 50 a 200 km de diâmetro e as cristas variam de 200 a 400 km de comprimento.
Essa estrutura tende a se aglomerar perto de coronas e de outros aracnoides. São formados praticamente da mesma forma que as coronas, porém tendem a mostrar menos lavas. No entanto, a falta de fluxos de lava sugere que há mais intrusões em aracnoides do que nas coronas. Alguns até acham que as cristas radiais podem ser grandes diques, e se for o caso, esses diques poderiam drenar magmas longe da pluma e limitar o volume de lavas na superfície.
Novas - Essa estrutura é a que apresenta menos sinais de vulcanismo. Ao invés disso, as Novas mostram um padrão do tipo “explosão estelar” de falhas, e algumas dessas falhas parecem alimentar os fluxos de lava, porém esse tipo de fluxo não é comum. A maioria delas variam de 50 a 300 km de comprimento. Com isso, elas são aproximadamente do mesmo tamanho que os Aracnoides. Mesmo sendo raras, elas ocorrem perto dos grandes escudos e dos grupos de Coronas e Aracnoides. Alguns acham que as Novas são apenas um primeiro estágio para a formação de Aracnoides e Coronas.
Os Fluxos Grandes e os Canais
Esses fluxos são encontrados principalmente perto das bordas das planícies de baixa altitude. Acredita-se que eles podem ter se formado perto do final da formação das planícies vesuvianas. Possuem em torno de 100 a 700 km de comprimento, mas o mais longo chega a 1.000 km.
Já os canais são encontrados em sua maioria nos campos de inundação de lavas ou outros vulcões. Esses canais têm geralmente de 0,5 a 1,5 km de largura, mas variam muito de comprimento. A maioria é inferior a 400 km, porém o maior canal tem em torno de 6.800 km de comprimento, o que faz dele o maior canal também do Sistema Solar.
Confira as informações das fotos acima:
No topo, foto do planeta Vênus feita pela sonda norte-americana Magellan, em 1991. A imagem foi colorizada para que os detalhes da superfície fossem ressaltados, mas as cores verdadeiras não passam de tons de cinza. Em seguida imagem do vulcão Maat Mons, registrada pelo radar a bordo da sonda. Na sequência, série de imagens ajudam a ilustrar o artigo:
Mapa dos Vulcões - O Mapa apresenta a localização dos principais vulcões na superfície de Vênus. A ilustração é acompanhada de legendas que facilitam a discriminação do tipo de vulcão. De acordo com os especialistas, Vênus abriga aproximadamente 1 milhão de vulcões.
Grandes Escudos - A imagem mostra o vulcão Sapas Mons, que possui 1,5 km de altura e cerca de 120 km de diâmetro. As setas no lado superior direito mostram duas crateras de impacto sobre a borda do escudo. Essa diferença de cores mostra uma mudança na atividade vulcânica ao longo do tempo. (Magellan Image Press Release P-38360, JPL imagem MGN-51).
Pequenos Escudos - Pequeno vulcão localizado em uma planície de lava. Pode-se ver os lados íngremes dos cones, além da cauda brilhante ao lado direito do escudo, que provavelmente não é vulcânica. Pelo contrário, é uma cauda rara deixada por ventos na superfície, ao redor e sobre o escudo vulcânico. (Magellan Image Press Release P-38810).
Caldeira - Esta caldeira mostra o que a maioria das caldeiras em Vênus parece. O furo central é de cerca de 40 km de diâmetro, e é rodeado por um grande conjunto de falhas arqueadas. (Imagem da peça de Magalhães 05N228 IDRM F-)
Panqueca - Esta imagem mostra uma cadeia de cúpulas em Panqueca. Sendo cada cúpula de aproximadamente 25 km de largura, e as mais elevadas têm cerca de 750 m de altura. A maioria destas cúpulas mostram um (muito) pequeno poço central, que provavelmente marca pequenas mudanças na velocidade ou condições das erupções. (Magellan Image Press Release P-37125).
Carrapato - Essa estrutura em carrapato tem cerca de 35 km de diâmetro e como as cúpulas em panqueca, os carrapatos são amplos e muitas vezes têm um poço central de ventilação ou da própria estrutura. A diferença é que os carrapatos são cercados por uma série de curtos sulcos radiais. (Parte de Magalhães 20S003 FMIDR, centrada perto 18.5S, 6E).
Coronas - Agrupamento de quatro ou cinco coronas com cerca de 250 km de diâmetro. Essa corrente faz parte de uma cadeia de muito mais de 4000 km de comprimento e estão ligadas por uma série de falhas geológicas “brilhantes”. (A imagem é parte da Magellan C2 IDRM 30S284, centrada perto 34S, 275E).
Aracnóides - Como a maioria dos Aracnoides mostram poucos sinais de vulcanismo. Nesse, existem alguns pequenos escudos no centro, e as planícies mostram sinais mais claros de vulcanismo. Observe o fluxo de lava brilhante que parece vir para fora do anel de falha. Além disso, observe a planície escura do arco abaixo do Aracnoide, e como eles tocam a cratera no centro da parte inferior (setas). Isso sugere que muitos fluxos de lava fina foram ejetados quando o Aracnoide estava se formando. (A imagem é parte da Magellan C1 45N223 IDRM, centrada perto 41N, 214E).
Novas - As Novas não tem um anel principal. Pelo contrário, eles mostram uma estrela repleta de falhas. Além disso, há frequentemente um aumento claro no centro dessas falhas. Essa Nova, por exemplo, tem cerca de 250 km de diâmetro. (A imagem é parte da Magellan C1 30S279 IDRM, centrada perto 27S, 272E).
Canais - Canal com cerca de 2 km de largura apresentando sinais claros de erosão dentro do canal no canto inferior esquerdo. Essas mudanças no caminho de fluxo são provavelmente o resultado de fluxos de lava. Além de também poderem ter sido formados durante uma erupção muito longa. (A imagem é parte da 45N019 Magalhães F IDRM). Clique no link do
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