Mulher khoisan de Botswana |
De acordo com um estudo genético autossômico de 2012, os khoisan podem ser divididos em dois grupos, correspondentes às regiões noroeste e sudeste do Kalahari, os quais se separaram dentro dos últimos 30.000 anos. Todos os indíviduos testados na amostra apresentaram ancestralidades de populações não-khoisan, que foram introduzidas no período de 1200 anos atrás, como resultado da expansão bantu.
Além disso, os hadzas, um grupo de caçadores-coletores do Leste da África, que também utilizam uma língua baseada em cliques (como a dos khoisan), possuem um quarto de sua ancestralidade vindos de uma população relacionada aos khoisan, revelando uma ligação genética antiga entre o Sul da África e o Leste da África. - dados sobre a sua genética encontrada no wikipedia.
Já se sabia que esta era a população com a maior diversidade genética do mundo. Mas este estudo identifica os seis genes-chave para o desenvolvimento do crânio e do cérebro, que foram objecto de selecção 'darwiniana' naquela época e que, provavelmente, criaram a anatomia humana moderna num prazo relativamente curto. Outros fenómenos genéticos posteriores, subjacentes às adaptações da população ao seu ambiente, definiram a potência muscular, a protecção contra os raios ultravioleta e a resposta imunológica contra infecções. Os resultados estão publicados na «Science».
As línguas que falam estes povos, línguas khoisan, caracterizam-se pelo uso de cliques como fonemas. O primeiro investigador a propor que os Khoisan representavam a população mais antiga da humanidade foi precisamente um linguista - Joseph Greenberg -, da Universidade de Stanford. Nos anos 70 do século XX, sugeriu que as línguas dos 'cliques', faladas por pequenas populações espalhadas pelo sul e este de África, formavam na verdade uma só família linguística - o khoisan.
Mas foram a genética e a arqueologia mais recente que resgataram a hipótese de Greenberg, que depressa caiu no esquecimento. O linguista e antropólogo morreu em 2001, antes das suas teorias serem largamente aceites.
Este trabalho multidisciplinar contou com a colaboração de biólogos evolutivos, antropólogos, neurocientistas e geneticistas, coordenados por Himla Soodyall, da Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo (África do Sul), e Mattias Jakobsson, da Universidade de Uppsala, Suécia.
“Os Khoisan têm algo de especial a acrescentar ao mundo tanto genética como cultural e eticamente”, defende Jakobbson. “A importância do nosso estudo é que põe o património e a herança khoisan na História. Fornece também o 'pano de fundo' para futuros estudos genéticos”.
“A divergência mais profunda no seio da humanidade ocorreu há 100 mil anos”, explica a Carina Schlebusch, investigadora de pós-doutoramento em Uppsala, referindo-se à separação genética entre os Khoisan e os restantes povoadores do planeta.
Quando duas populações estão separadas há pouco tempo, como, por exemplo, as do Próximo Oriente e as do Mediterrâneo ocidental, os seus genomas são muito parecidos, ou seja, mostram um escassa divergência.
Quanto maior é a divergência, maior é a antiguidade da separação. Com dados deste tipo, os geneticistas conseguiram construir um mapa muito detalhado da história das migrações humanas. A maior divergência, ou seja, a separação mais antiga é a que se dá entre os Khoisan e as outras populações.
Os investigadores focaram-se sobre os genes que sofreram um processo de selecção evolutiva há mais de 100 mil anos, antes que este grupo começasse a divergir.
Foram encontradas seis variantes genéticas sujeitas a uma forte pressão evolutiva na época, “e que agora são património universal da humanidade. Podem ser os genes que fizeram evoluir a espécie humana desde o hominídeo mais primitivo, pensam os autores”.
Os Khoisan têm sido, nos últimos séculos, vítimas de extermínio intenso. O grupo mais abundante, na actualidade, encontra-se no sul de África, e conta com 250 mil falantes da língua dos 'cliques'.
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