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O tema “atmosférico” continuará uma série de investigações mais finas de Marte, iniciadas pelos primeiros aparelhos autônomos exploradores do planeta. A missão tem por objetivo reconstruir a evolução de Marte desde o passado remoto até os nossos dias. Segundo hipóteses, há 2 ou 3 bilhões de anos, o planeta foi envolvido numa camada tensa de gás e a superfície marciana foi coberta por um oceano de água. Os dados obtidos do rover Curiosity confirmaram que no passado longínquo no planeta poderiam existir condições para a atividade vital de microrganismos.
Com o passar do tempo, tudo mudou. Quase toda a atmosfera desapareceu. Perdendo o efeito de gases de estufa, o planeta começou a esfriar. O clima, do húmido e quente, tornava-se seco e frio, como agora. A água desapareceu da superfície, embora existissem camadas aquáticas em profundidades.
As causas destes acontecimentos continuam a ser desconhecidas. A sonda Maven pode esclarecer este processo. Maxim Litvak, um dos autores do aparelho a neutrões para a sonda Curiosity e colaborador científico do Instituto de Pesquisas Cósmicas, destaca:
“A sonda orbital irá resolver duas tarefas interligadas. Irá "mergulhar" para a atmosfera numa profundidade pequena, de cerca de 150 km, onde estudará sua composição. Podem ser tanto iões, como partículas neutras e o teor de partículas elementares. Além disso, cientistas irão investigar a interação de partículas carregadas com o vento solar. Combinando essas tarefas, eles tentarão entender o comportamento da atmosfera. Como, por exemplo, ela evapora, quando interage com o vento solar? Não será possível com base nestas pesquisas determinar as razões exatas pelas quais a atmosfera em Marte se tornou tão fina. Mas as investigações avançarão muito: as pesquisas tão integradas não foram realizadas até hoje.”
Vários peritos consideram que a perda da atmosfera do planeta seja uma consequência e não uma causa. O principal mistério de Marte é outro. Como se supõe, anteriormente, o planeta tivesse um forte campo magnético que obrigava o fluxo de plasma solar (vento solar) a contornar Marte sem entrar em contato direto com ele. Mas, por causas desconhecidas, o campo deixou de funcionar. O vento solar começou a deslizar pelo planeta, dirigindo a atmosfera para o espaço. Além disso, poderia ser importante um outro fator. Gás carbônico dissolvia-se simplesmente em água, reagindo com alguns minerais. Na opinião de Vladislav Shevchenko, chefe adjunto da Seção de Investigação da Lua e de Planetas do Instituto de Astronomia da Universidade de Moscou:
“A atmosfera antiga poderia ter sido ligada quimicamente com rochas na superfície, que absorveram a camada de gás, dando início a reações químicas. Não é de excluir que na história de Marte houve um momento em que a camada de gás do planeta se dissolveu em líquido.”
Se a sonda MAVEN esclarecer a velocidade com que moléculas de gás fogem para o espaço ambiente, será possível construir mais exatamente o modelo do clima marciano no passado. Para resolver esta tarefa, deve ajudar a sonda indiana destinada especialmente para buscar vestígios de metano, conhecido marcador biológico. Ao mesmo tempo, cientistas não excluem que em vez de respostas aparecerão apenas novas perguntas.
Após alcançar uma órbita elíptica em torno de Marte, a missão científica da sonda Maven continuará mais um ano. Posteriormente, a nave permanecerá em órbita mais uma dezena de anos, servindo para retransmissão de sinais de outros aparelhos para a Terra. Passando perto durante cada volta da atmosfera, a sonda começará a perder lentamente a velocidade e, no final das contas, cairá na superfície do planeta.
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